O Brasil só se desenvolve se o projeto inaugurado por Lula persistir por 20, 30 anos. A pré-candidata Dilma Rousseff é quem tem melhores condições de dar curso e aprofundar esse projeto. Por isso, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, considera justa a posição do partido de apoiar a candidatura de Dilma nas eleições 2010.
Ele falou no 6º Encontro Nacional de Organização, que se realiza neste final de semana, em Brasília, reunindo secretários de organização do PCdoB de todo o país. E pediu o empenho deles para mobilizar as bases para participar do ato de apoio a Dilma, no início de abril, em Brasília.
As eleições de 2010 representam uma encruzilhada – a mesma encruzilhada histórica que vivemos para avançar no progresso, na justiça social e bem-estar para toda a sociedade brasileira. O resultado eleitoral é a encruzilhada imediata. Ou dar curso ao projeto aberto por Lula ou a vitória da oposição, que defende interesse das elites, avalia o líder comunista.
Ele defende que a campanha eleitoral ocorra em torno de dois projetos antagônigos. “Se entrar um terceiro projeto, já dilui tudo, despolitiza e confunde a população, didaticamente é pernicioso”, afirma Renato Rabelo, afastando a possibilidade da candidatura de Ciro Gomes, que, segundo ele, está isolado. E avisou que Ciro começou a criticar o PCdoB porque não recebeu o apoio que queria, o que demonstra que ele politicamente tem muitas limitações.
Mais à esquerda
Renato Rabelo destacou que “o congresso recente do PT mostra um víeis mais a esquerda, o que é importante para nós, porque demarcou campo. A base de toda luta política é a demarcação de campo, quando os campos começam a se borrar, a coisa está ruim porque não há perspectivas. Quando o PT diz que são dois projetos antagônicos, o PT deixa isso claro. A posição mais avançada é aquela que tem lado e que é contra o projeto neoliberal dos tucanos”.
O que o PT diz em seu projeto é o que o PCdoB já dizia – o mundo está em transição e exige um novo projeto de desenvolvimento. “Existe uma convergência maior nossa com o PT, porque ele tende mais à esquerda”, explica, destacando que “enquanto isso, a oposição está em situação complicada que é um ganho para nós que devemos aproveitar. Está dividida, sem candidato e sem projeto.”
Ele diz ainda que esse projeto é da luta pela soberania do País e a integração do continente, sobretudo da América do Sul, com liderança do Brasil, para fazer frente a hegemonia da potência do Norte. O outro progresso é o avanço democrático, com mais conquistas sociais - saúde, educação e moradia para todos, salário mínimo com aumento real e a redução da jornada de trabalho para 40 horas, além da liberdade política.
Convergência política
Renato Rabelo disse que há seis meses, o Partido iniciou conversações com a ministra Dilma e que essas conversas demonstraram a convergência política entre os dois projetos políticos, o que torna muito justa a posição dos comunistas de apoiarem a candidatura de Dilma Roussef.
Ele defendeu com ênfase a necessidade de unir forças em torna da candidatura que dê curso ao projeto iniciado por Lula, que é a de Dilma Roussef. E lembra que ela é responsável direta para condução do projeto do governo, tem méritos pelo próprio projeto e tem trajetória política coerente e conseqüente. “Lula foi feliz quando escolheu essa candidata”, resume.
Para Renato Rabelo, é uma questão de tempo as pessoas assimilarem que é Dilma quem vai dar continuidade ao projeto de Lula. A tendência é o crescimento progressivo dela e as pesquisas mostram isso. Em abril, provavelmente ela ultrapassa Serra, mas alerta para as manobras da oposição que conta com a grande mídia.
“Os grandes jornais e TVs são ostensivamente contra o Governo Lula e a candidata Dilma”, disse, citando o exemplo da reunião do Instituto Millenium. “Não podemos subestimar essa influência da grande mídia”.
Em expansão
O dirigente comunista também falou sobre os êxitos do Partido e o propósito de crescer nas eleições de 2010. O partido levou 15 anos dando ênfase nas eleições proporcionais. De 2006 para cá adotou uma posição de mais ousadia, projetando lideranças em muitos estados participando das eleições majoritárias como para o Senado. E vem fazendo investimentos para garantir uma bancada de 20 deputados federais. Outro grande objetivo é eleger três senadores formando uma bancada no Senado.
Para isso, o dirigente comunista alertou os secretários de organização do esforço que a proposta requer: “Vai exigir muito de nós”, afirmou, acrescentando que “não queremos aventura, mas queremos ousadia, nunca tivemos um momento tão favorável no Brasil para as forças de esquerda”, disse, encerrando sua fala.
O crescimento do partido foi confirmado pelos secretários de organização do PCdoB presentes ao 6º Encontro Nacional de Organização. O desafio agora é organizar essa militância que chega ao Partido de norte a sul do país. Para o secretário do Maranhão, Gerson Pinheiro, o evento vai definir ações para concretizar a política de quadros aprovada no 12º Congresso do Partido realizado em novembro do ano passado. Cora Schiappetta, do Rio Grande do Sul, espera o mesmo.
Mais estruturação
O secretário nacional de organização do partido, Walter Sorrentino, referiu-se em sua intervenção a essa questão, dando sugestões práticas para a implementação da política de quadros. Ele anunciou a necessidade de estruturar melhor o partido para corresponder aos desafios da luta política. “É um desafio e não mera repetição de trabalho. A proposta é avançar, avançar e avançar, não fazer mais do mesmo”.
“O objetivo é definir rumos organizativos à luz dos desafios políticos”, disse Sorrentino, acrescentando que as resoluções aprovadas no Encontro Nacional serão levadas ao debate do Comitê Central. “O modo mais eficaz de organizar esse partido é criar vida militante e garantir mais estabilidade. Estabelecer relação dos militantes entre si, com a direção e com a sociedade em um trabalho profissional, sem amadorismo ou espontaneismo”, diz Sorrentino, que faz projeções para daqui a quatro anos o PCdoB ter 300 mil militantes.
E anuncia que o grande tema do encontro é a mudança de direção e de eixo da secretaria organizativa, que visa essencialmente à política nacional de quadros e alcançar estágio de militância mais estruturada. A organização precisa de pauta política para a base, agenda de atividade para botar para funcionar e pivôs (quadros intermediários) para articular pauta e agenda.
Ele lembrou que existe diferença entre um partido apenas de quadros e um partido de quadros e de massas. Este último, disse, “exige mais esforços, mas as condições são favoráveis porque o Partido está em crescimento”.
Mais dificuldades
Gerson Pinheiro disse que no Maranhão existem localidades em que só se chega de jegue, destacando as dificuldade de organização no estado que tem recebido um número crescente de novos filiados, inclusive oriundos de partido de direita.
Para tentar superar as dificuldade, ele conta que o estado foi dividido em 13 grandes regiões, onde um cidade-sede organiza os trabalhos de orientação política e agenda de eventos.
Abel Rodrigues, secretário de organização do PCdoB do Ceará, também participa do encontro na expectativa de encontrar ajuda para superar as dificuldades de organizar o Partido que cresce exponencialmente. Ele diz que o Partido, desmentindo todas as expectativas de que o socialismo tinha acabado, teve um crescimento importante do ponto de vista numérico, político e teórico.
Para ele, o encontro é o momento de “colocar a bola no chão e concretizar os planos”, anunciando em 2010 o Partido tem condições reais de eleger dois deputados federais e dois estaduais e direito e autoridade para participar das conversações sobre a formação das chapas majoritárias. “E vamos trabalhar para nos próximos anos crescer ainda mais.”
Cora Schiappetta diz que no Rio Grande do Sul, o Partido está no mesmo ritmo dos outros estados, vivendo um momento promissor, de crescimento, o que representa desafio de ter atitude importante e consciente na ação da organização para dar adequação ao momento que ele vive. “E vamos obter excelentes resultados para formar um partido grande, influente e forte”, diz, sem poupar entusiasmo.
Luis Fernando Crespo, do município de Campos de Goytacazes (RJ), participa do encontro com objetivo de obter mais informações sobre o processo eleitoral. Ele, a exemplo dos demais companheiros, avalia que o Partido está com grande possibilidade de ampliar bancada federal e estadual. “As eleições ajudam no trabalho de organização”, diz, destacando a candidatura da professora Odete, que desponta como alternativa aos dois partidos que se revezam no poder no município – PMDB e PTB.
Da sucursal Vermelho de Brasília,
Márcia Xavier
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