domingo, 17 de outubro de 2010

Dilma: "explicação de Serra sobre Preto não é suficiente"

As explicações do candidato José Serra (PSDB) sobre sua relação com o ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) Paulo Vieira de Souza, o Paulo "Preto", acusado de ter fugido com R$ 4 milhões da campanha tucana, não satisfazem a sua adversária Dilma Rousseff (PT).

Em coletiva à imprensa, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, na manhã deste domingo (17), a petista respondeu ironicamente a um pergunta sobre a contratação da filha do ex-diretor no Palácio dos Bandeirantes, no primeiro mês do governo de Serra, segundo reportagem da Folha de S. Paulo. "Eu acho que as explicações não estão ainda suficientes. Seguramente, acredito que ao longo desse processo elas ficarão mais claras", afirmou a candidata.

Dilma repercutiu a denúncia de caixa 2 na campanha do PSDB, publicada na revista IstoÉ e na Veja.com, durante o debate da Band. Questionado pelo Terra, em Goiânia, Serra alegou desconhecer o ex-diretor. "Eu não sei quem é o Paulo Preto. Nunca ouvi falar. Ele foi um factóide criado para que vocês (imprensa) fiquem perguntando". Depois de uma entrevista do engenheiro à Folha, voltou atrás e desmentiu a existência da fuga. "Só sabia que o engenheiro era muito competente e que nunca ouviu nenhuma acusação contra ele", disse.

Neste domingo, Dilma visitou o Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, e comentou as denúncias contra Valter Luiz Cardeal de Souza, indicado da ex-ministra da Casa Civil para a presidência de uma subsidiária da Eletrobrás, a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE). Segundo a revista Época, o banco público alemão KfW ingressou com uma ação por danos morais e materiais, documentando fraudes nas garantias legais de um empréstimo levantado para a construção de sete usinas de biomassa. Segundo a petista, a acusação parte de "uma central de boatos".

"Quem está falando isso está beneficiando o banco. O banco alemão que, quando fez e aceitou o empréstimo e o aval ilegal, está querendo ganhar essa questão que ele errou. Ele conseguiu um aval do diretor, o diretor foi demitido. Aí o banco está alegando que as pessoas sabiam, porque você não pode ter o aval de uma pessoa só. Porque o aval de empresas estatais para privados é ilegal. Então, o que o banco está fazendo é chorando", afirmou a candidata. "O que a central de boatos está fazendo é, em vez de defender o Brasil, está defendendo o banco estrangeiro."

Repetindo uma das suas palavras mais usadas na última semana, Dilma prometeu ser "assertiva", e não agressiva, no debate da Rede TV!, na noite deste domingo. "Acho interessante, sabe? Sempre que uma mulher age e responde no mesmo nível que o homem, ela é agressiva. Acho o seguinte: eu sou capaz de responder de forma bastante assertiva. Não vou, em nenhum momento, ser agressiva. Agora, serei assertiva. Vou defender meus pontos de vista da forma mais transparente possível, mostrando todos os meus argumentos. Eu não faço acusação sem prova", asseverou.

Na saída do museu, a petista elogiou a exposição sobre o poeta Fernando Pessoa e prometeu a criação de uma Olimpíada da Língua Portuguesa. "Acho o museu extremamente criativo. A exposição do Pessoa é fantástica. Queria ter ficado, assistido o resto. Fiquei só dez minutos do vídeo. Não fiquei também porque é muito ruim criar tumulto. Espero voltar e ver o resto", lamentou.

Para a petista, as crianças brasileiras apresentam um nível de aproveitamento "baixíssimo" no aprendizado da língua portuguesa. Dilma rejeita o sistema de "progressão automática", no qual o aluno é aprovado independentemente do desempenho escolar. "As crianças não podem deixar de aprender. A progressão automática é um crime contra as nossas crianças. É importantíssimo esses conhecimentos de língua portuguesa e de matemática para que as crianças deem seus passos, na sequência do aprendizado."

Ela não quis apontar a autoria de panfletos contra a sua candidatura, encontrados numa gráfica do bairro do Cambuci, em São Paulo, e creditados à Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). "Eu não sei direito quem é que mandou fazer panfleto. É crime eleitoral, vocês sabem perfeitamente. Eu acho que tem uma central de boatos fazendo essa espécie de ofensiva contra a minha candidatura, que são nitidamente ilegais e merecem ser investigados. Agora, eu não posso entrar no mérito de quem fez, por que fez, como fez", desviou-se.


Terra Magazine

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