A campanha presidencial entrou numa nova etapa, a quarta e, provavelmente, a última e definitiva.
A primeira correspondeu ao longo período de liderança do Serra nas pesquisas, basicamente pelo fenômeno do recall, que aparentemente se chocava com a enorme popularidade do governo Lula, refletida na grande proporção de pesquisados que revelavam preferência pelo Serra, mas afirmavam querer votar pelo candidato do Lula.
A segunda correspondeu à lenta, mas segura ascensão da Dilma à liderança das pesquisas, pela transferência de votos, correspondente ao mecanismo apontado acima.
A terceira foi a da contraofensiva da direita, que conseguiu um atalho – conforme a feliz expressão de Maria Ines Nassif – com o tema do aborto, para chegar ao lado conservador de um eleitorado favorável ao governo Lula, beneficiário das políticas sociais. Pesou também – em proporções ainda a definir – a denúncia do caso Erenice, afetando a imagem da Dilma. A resultante foi uma inflação dos votos da Marina de setores evangélicos por um lado, de setores descontentes com o PT e o governo Lula, que afetou a votação da Dilma, levou indecisos para a Marina e levou a eleição para o segundo turno.
Este mesmo período se estendeu ao inicio do segundo turno, com a transferência majoritária dos votos da Marina (+ de 50%, segundo as pesquisas) para o Serra, encurtando as distâncias em relação a Dilma. Tudo isto sob o forte impacto da campanha de denuncias e difamação dos setores mais obscurantistas da sociedade, acompanhado dos seus ecos na imprensa, no seu papel de dirigente político da oposição.
Esta etapa passou a esgotar – mesmo se seus efeitos ainda se fazem sentir -, segundo as pesquisas, levando a uma espécie de congelamento relativo das votações da Dilma e do Serra, com vantagem para ela, embora com oscilações possíveis de votos, devido ao nível de rejeição que a orquestração das distintas campanha conseguiu contra a Dilma.
A retomada de iniciativa da pauta política pela candidatura da Dilma se deu pela retomada do tema das comparações entre os governos FHC-Serra e Lula-Dilma, em que o epicentro da privatizações ganhou destaque. Ao mesmo tempo, a campanha da Dilma desatou, em resposta à brutal ofensiva de acusações – assumidas formalmente algumas, sorrateiras as outras – acusações a Serra, que devem voltar a elevar seu nível de rejeição. A candidatura da oposição teve que retomar a defensiva, para responder seja às acusações que foi recebendo, seja no tema das privatizações e outros do governo FHC.
Na reta final, a disputa se dará, pelo lado do Serra, de votos da Dilma – dado que a quantidade de indecisos não seria suficiente para superar a distância em relação a ela -, pela intensificação do lado obscurantista da campanha do Serra – que chegou a imprimir santinhos sobre Jesus e a verdade, como frase do candidato da direita, que trata de insistir no tema do aborto. A ferocidade e as calúnias tendem a aumentar, porque foi aí que o Serra encontrou sua forma de diminuir as distâncias, com a imprensa jogando papel de ainda maior protagonismo.
Do lado da candidatura da Dilma, o retorno com intensidade do Lula à campanha favorece deslocar a polarização em torno das figuras da Dilma e do Serra, para a questão real: da continuação do governo Lula ou da retomada do governo FHC. Com os mais de 80% de popularidade, Lula tem a maior audiência, mais propensa a escutá-lo para enfrentar o dilema real do dia 31: prolongação e aprofundamento do caminho iniciado pelo seu governo ou restauração conservadora.
A atitude mais agressiva da Dilma nos debates, a mobilização da militância política, os atos de apoio de distintas categorias e o trabalho dos governadores nos estados onde o governo saiu vencedor e da campanha nacional onde perdeu – são os fatores que podem levar à vitoria da Dilma no dia 31.
Fonte: Carta Maior
A primeira correspondeu ao longo período de liderança do Serra nas pesquisas, basicamente pelo fenômeno do recall, que aparentemente se chocava com a enorme popularidade do governo Lula, refletida na grande proporção de pesquisados que revelavam preferência pelo Serra, mas afirmavam querer votar pelo candidato do Lula.
A segunda correspondeu à lenta, mas segura ascensão da Dilma à liderança das pesquisas, pela transferência de votos, correspondente ao mecanismo apontado acima.
A terceira foi a da contraofensiva da direita, que conseguiu um atalho – conforme a feliz expressão de Maria Ines Nassif – com o tema do aborto, para chegar ao lado conservador de um eleitorado favorável ao governo Lula, beneficiário das políticas sociais. Pesou também – em proporções ainda a definir – a denúncia do caso Erenice, afetando a imagem da Dilma. A resultante foi uma inflação dos votos da Marina de setores evangélicos por um lado, de setores descontentes com o PT e o governo Lula, que afetou a votação da Dilma, levou indecisos para a Marina e levou a eleição para o segundo turno.
Este mesmo período se estendeu ao inicio do segundo turno, com a transferência majoritária dos votos da Marina (+ de 50%, segundo as pesquisas) para o Serra, encurtando as distâncias em relação a Dilma. Tudo isto sob o forte impacto da campanha de denuncias e difamação dos setores mais obscurantistas da sociedade, acompanhado dos seus ecos na imprensa, no seu papel de dirigente político da oposição.
Esta etapa passou a esgotar – mesmo se seus efeitos ainda se fazem sentir -, segundo as pesquisas, levando a uma espécie de congelamento relativo das votações da Dilma e do Serra, com vantagem para ela, embora com oscilações possíveis de votos, devido ao nível de rejeição que a orquestração das distintas campanha conseguiu contra a Dilma.
A retomada de iniciativa da pauta política pela candidatura da Dilma se deu pela retomada do tema das comparações entre os governos FHC-Serra e Lula-Dilma, em que o epicentro da privatizações ganhou destaque. Ao mesmo tempo, a campanha da Dilma desatou, em resposta à brutal ofensiva de acusações – assumidas formalmente algumas, sorrateiras as outras – acusações a Serra, que devem voltar a elevar seu nível de rejeição. A candidatura da oposição teve que retomar a defensiva, para responder seja às acusações que foi recebendo, seja no tema das privatizações e outros do governo FHC.
Na reta final, a disputa se dará, pelo lado do Serra, de votos da Dilma – dado que a quantidade de indecisos não seria suficiente para superar a distância em relação a ela -, pela intensificação do lado obscurantista da campanha do Serra – que chegou a imprimir santinhos sobre Jesus e a verdade, como frase do candidato da direita, que trata de insistir no tema do aborto. A ferocidade e as calúnias tendem a aumentar, porque foi aí que o Serra encontrou sua forma de diminuir as distâncias, com a imprensa jogando papel de ainda maior protagonismo.
Do lado da candidatura da Dilma, o retorno com intensidade do Lula à campanha favorece deslocar a polarização em torno das figuras da Dilma e do Serra, para a questão real: da continuação do governo Lula ou da retomada do governo FHC. Com os mais de 80% de popularidade, Lula tem a maior audiência, mais propensa a escutá-lo para enfrentar o dilema real do dia 31: prolongação e aprofundamento do caminho iniciado pelo seu governo ou restauração conservadora.
A atitude mais agressiva da Dilma nos debates, a mobilização da militância política, os atos de apoio de distintas categorias e o trabalho dos governadores nos estados onde o governo saiu vencedor e da campanha nacional onde perdeu – são os fatores que podem levar à vitoria da Dilma no dia 31.
Fonte: Carta Maior
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