Eu não tinha 17 anos quando veio o golpe, destruindo meus sonhos das grandes reformas de base. Morava na então pequena Teófilo Otoni (MG). Os ferroviários da lendária Estação de Ferro Bahia-Minas cruzaram os braços. Foi o único e solitário protesto (no ano seguinte a EFBM foi extinta).
Em poucos dias nada menos que 74 pessoas foram presas pelos “revolucionários” e levados ao QG dos golpistas em Governador Valadares. Ferrovias, comerciários, bancários, estudantes, militantes da Igreja, do Partidão, do PTB, pequenos comerciantes – dentre eles meu pai, uma pessoa pacata, educada, incapaz de fazer mal a ninguém, uma alma gentil.
Chocou-me também a prisão de Dr. Petrônio Mendes de Souza, ex-prefeito, médico dos pobres, figura hierática. Lá pelos dias encontrei-me com o filho do ferroviário Nestor Medina, carismático, inteligente, autodidata, homem de grande dignidade. Desde aquela noite fiz juras de por todos os dias enquanto durasse, combateria a ditadura, o que realmente aconteceu.
No ano seguinte mudei para Belo Horizonte para estudar e participar da resistência. 1968 foi o ano do crescimento da oposição à ditadura. A Marcha dos Cem Mil no Rio; as duas greves (Contagem e Osasco) desafiando a rigorosa legislação anti operária; a fermentação no meio cultural; a Frente Ampla que uniu o impensável (a UDN de Carlos Lacerda, o PSD de JK, o PTB de Jango); as primeiras ações da resistência armada. A recusa da Câmara de conceder a licença para processar Márcio Moreira Alves foi um pretexto para a edição do AI-5 em 13 de dezembro, instituindo o Terror de Estado.
Eu respondia a processo pelo LSN depois da prisão por 32 dias após a greve de Contagem; vi-me em um dilema: sair do país, para o exílio; ou cair na clandestinidade. Estudava Ciências Econômicas na UFMG. Optei pela resistência na clandestinidade, aos 21 anos. Todas as portas foram fechadas; os espaços para a oposição foram extintos.
Desde as prisões em Ibiúna de mais de 700 estudantes de todo o país, as odiosas listas negras para os trabalhadores rebeldes, a “aposentadoria” forçada de três ministros do STF como recado para amordaçar a Justiça, a censura prévia na imprensa, o fim do habeas corpus. A polícia política tinha dez dias de prazo para apresentar o detido ao juiz militar, e a criação de centros de detenção e tortura na prática era a institucionalização da tortura.
Passar à resistência clandestina era a opção de colocar a própria integridade física em risco. Mas essa foi a opção de milhares de brasileiros. Nada menos que 479 pessoas foram eliminadas, 163 das quais se tornaram desaparecidos políticos.
Denominar a ditadura de “ditabranda” é piada de péssimo gosto. Pior ainda é a insistência de alguns comandos militares de comemorar o 31 de março como uma “revolução democrática”, em desafio à cúpula militar que retirou esta data do calendário de efemérides.
Aprovar e instalar a Comissão Nacional da Verdade, confiando à sete pessoas idôneas, probas e éticas a tarefa de passar os 21 anos da ditadura à limpo dá uma interpretação fiel ao que se passou no país para constar dos livros e currículos escolares, inclusive das academias militares. É mais uma grande e importante etapa na construção de nossa democracia, incorporando o direito à verdade.
Nilmário Miranda é jornalista, Presidente da Fundação Perseu Abramo, ex Ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH).PT Org.
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14 comentários:
"Nada menos que 479 pessoas foram eliminadas, 163 das quais se tornaram desaparecidos políticos."
Tá melhorando!
Agora já não são "milhares".
E esses números são menores. Deixem a "comissão da verdade" trabalhar com "seriedade" que o choro será bem menor.
Tem desaparecido do Araguaia que tem medo de aparecer, pois "chefões" estão por aí, soltos, dispostos a calar testemunhos.
Mas se nao fosse a Ditadura esse pai's seria mais outra bosta cominista
Mas se nao fosse a Ditadura esse pai's seria mais outra bosta comunista
Assassinar 1 inocente ou 1000 a INFAMIA é a mesma. Quem tem medo da verdade, são aqueles que se alimentam da MENTIRA. Defender o indefensável é próprio DOS CALHORDAS, DOS VAGABUNDOS. Daqueles que vão pagar caro, muito caro, pelas mentiras sustentadas durante décadas. Os "das trevas" não suportam a LUZ da verdade. A luz da verdade os mandara para a escura cela. Tremam dentro do vestido direita, voces serão alcançados pelo braço da justiça ou outro qualquer. Quem sabe?
Mesmo que os milicos ditadores, torturadores e assassinos tivessem assassinado apenas UMA pessoa, deveriam ser PRESOS!!! No Brasil, NUNCA houve a pena de morte, muito menos SEM JULGAMENTO!!!
E NÃO fale do NÃO entende, seu JUMENTO insensível!!! Os únicos "chefões que estão soltos por aí, dispostos a calar testemunhas", são SEUS ÍDOLOS, os ASSASSINOS e TORTURADORES, anistiados pelos milicos ditadores assassinos e corruptos!!!
Esse Beto-pernambucano deve ser mais um analfabeto que fugiu da escola e, por isso, não aprendeu a História do Brasil e, tal qual o TUNGANOTÁRIO PSICOPATA, vem aqui escrever merda!!!
Apanharam pouco.
Por isso continuam mentindo.
VC é quem deve ter apanhado pouco de seus pais, seu TUNGANOTÁRIO INTELECTUALOIDE DEBILOIDE IMBECIL FANZOCA DOS BOLSONAROS DA MORTE!!! É por isso que fala tantas bobagens!!!
INVEJOSO!!! PERDEDOR!!!!
Apanharam pouco.
Vc é precisa apanhar muiiito, pra aprender a NÃO escrever bobagens!!!
A comissão da Verdade vai acertar as contas com os torturadores.
Vai ser um desespero e um ranger de dentes...
Zé!
Vai sobrar para alguns "cumpanheiros" delatores.
Vai feder.
"Delatores" porque não foi vc o torturado!!! E "vai feder" SIM, para os TORTURADORES ASSASSINOS!!!
Tem terrorista que ficou no pau-de-arara porque foi delatado por "cumpanheiros".
Tem "cumpanheiro" que trocou de cara como desculpa. Outros passaram comendo chocolate em prisões de brincadeira.
Tomara que toda a verdade seja contada.
Isso porque NÃO foi vc o TORTURADO!!! E também porque vc é um IGNORANTE PAPAGAIO do Pig, que não sabe da missa a metade e vem aqui vomitar suas imbecilidades!!!
Vá estudar a História do Brasil, seu TUNGANOTÁRIO DEBILOIDE!!!
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