No Estado do Rio de Janeiro estão acontecendo fatos que levam muita gente a concluir que a região vive sob estado de exceção. A Polícia Militar invadiu o campus da Universidade Federal Fluminense, o que não é permitido por lei que dispõe sobre a autonomia dos campus universitários, e tudo ficou por isso mesmo.
A justificativa para o ato ilegal foi uma denúncia segundo a qual os estudantes estariam guardando coquetéis Molotov para serem utilizados em protesto contra o abusivo aumento do preço da viagem pelas barcas Rio-Niterói de R$ 2,80 para R$ 4,50%. Os protestos aconteceram e foram absolutamente pacíficos. A PM atendeu a uma denúncia que tinha por objetivo esvaziar os protestos, fazendo o jogo da empresa concessionária que explora a travessia de barco Rio-Niterói.
Ou seja, na prática a PM que tem como comandante-em-chefe o Governador Sergio Cabral não serviu a população, mas apenas à concessionária. A responsabilidade da ilegalidade recai, claro, sobre o Governador Sergio Cabral.
A mesma cobrança sobre lamentáveis acontecimentos em São João da Barra deve ser feita ao governador Cabral. Por lá, a Polícia Militar em conjunto com uma milícia particular expulsou mil famílias sob o pretexto de utilidade pública. Esse argumento serviu apenas de justificativa quando na realidade a operação militar visou na prática favorecer o grupo EBX, de Eike Batista que está montando na região um complexo militar que abrangerá um porto e usina siderúrgica.
As mil famílias brasileiras viviam na área há vários anos e além de serem expulsas não receberam indenização. Eike Batista tudo pode. Tem espaço garantido na mídia de mercado e é amigão de Sergio Cabral, a quem volta e meia cede generosamente transportes aéreos para o seu deslocamento.
É vergonhosa essa cumplicidade, que agora tem efeitos perversos para mil famílias e, segundo os ecologistas, também para o meio ambiente.
Uma pergunta que não quer calar, onde anda o secretário de Meio Ambiente, Carlos Minc? A patota de Eike Batista está fazendo horrores em varias partes e ninguém do governo do Estado fala alguma coisa.
E o que fazem os editores da mídia de mercado local que silenciam sobre o fato?
Em relação à violência cometida contra trabalhadores em Pinheirinhos é necessário também que sejam punidos os responsáveis. E o chefe da PM de São Paulo é o Governador Geraldo Alckmin, que segue em seu posto como se nada tivesse acontecido.
E o que fazem os editores da mídia de mercado local que também silenciam sobre o fato?
Enquanto isso, as informações sobre os acontecimentos na Síria seguem desencontradas. O noticiário diário que aparece na televisão e jornais brasileiros mostra apenas um lado da questão, ou seja, as supostas atrocidades que estariam sendo cometidas pelos seguidores de Bashar al-Assad. Já informações feitas pelo embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin acusando o atual governo líbio de treinar e armar rebeldes na luta contra o governo sírio, nem pensar.
Da mesma forma paira total silêncio sobre informação divulgada por uma agência de notícias síria da prisão de 19 franceses, inclusive um coronel de serviço de transmissões da Direção Geral de Segurança Exterior da França. Nicolas Sarkozy acionou seu chanceler Allain Juppé para tentar, via Rússia, Emirados Árabes e Sultanato de Omã, a libertação dos respectivos. O problema é que Sarkozy está fazendo de tudo para evitar a divulgação do fato, que provocaria abalos em sua já abalada candidatura à Presidência da República nas eleições de abril próximo.
Na verdade, Sarkzoy está em um beco sem saída. Se a prisão for divulgada, confirma a informação segundo a qual forças estrangeiras participam dos movimentos armados de oposição. Se mantiver o silêncio todo o tempo, corre o risco dos soldados continuarem presos por muito tempo e quando a notícia aparecer mesmo na mídia, haverá cobranças pela atitude.
O presidente francês que concorre a eleição já avisou que se perder abandonará a política. Se forem confirmados os resultados das pesquisas que estão dando a vitória para o candidato socialista Françóis Hollande, Sarkozy terá de cumprir a sua promessa, que para muitos franceses libertará o país de um peso.
Mário Augusto JakobskindÉ correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE .Direto da Redação.
Um comentário:
Há tempos Cabral perdeu o bonde que poderia levá-lo ao Planalto. Melancólico fim desse Unicarpo Quaquaresma.
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