domingo, 18 de março de 2012

Os marqueteiros de Cabral e Capriles

O foco da direita de todos os quadrantes do mundo volta-se com toda a força para a Venezuela. Por lá haverá eleição presidencial em outubro. Hugo Chávez se recupera de uma cirurgia de extração de um tumor maligno. A mídia de mercado de um modo geral tem reproduzido informes do colunista de O Globo, Merval Pereira, que, com base na revelação de um médico, o presidente venezuelano não tem dois anos de vida.

 

A informação é no mínimo questionável, pois não apresenta nada de concreto a não ser a palavra de um suspeito. No curriculo apresentado pelo médico consta que ele é anticomunista. Esta é a fonte do colunista, que não esconde sua preferência pelo candidato de oposição de nome Henrique Capriles Radonsky (foto).

 

Este senhor, de origem judaica, converteu-se ao catolicismo e se vinculou sempre a setores mais à direita da referida religião, como a Opus Dei, segundo analistas de linha oposta a de Merval Pereira.

 

Capriles participou ativamente da tentativa de golpe contra Chávez, em abril de 2002. Esteve presente numa manifestação que tinha por objetivo ocupar a embaixada cubana em Caracas. Capriles Radonski é extremista de direita e nunca escondeu tal fato até bem pouco temo.

 

Só que agora, como candidato da oposição tenta vender imagem de político moderado e chegou até a dizer que se eleito seguirá a linha de Lula. Para mudar a sua imagem, o candidato contratou, possivelmente a peso ouro, dois marqueteiros brasileiros, Renato Pereira e Chico Mendes, da agência Prole.

 

Fontes fidedignas garantem que os dois foram indicados à oposição venezuelana nada mais nada menos que pelo Governador Sergio Cabral, a quem prestam serviços de propaganda enganosa.

 

Tem lógica, os marqueteiros de Cabral conseguiram vender uma marca podre elegendo-o com 63% votos. Convenhamos, tiveram um árduo trabalho, que foi possível dar certo graças a inestimável colaboração da maquina fisiológica do PMDB e da mídia de mercado.

 

Moldar a imagem de Capriles Radonski para apresentá-lo como democrata desde criancinha, convenhamos, nem mesmo um milagre dos céus como pretende a Opus Dei.

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Segundo as últimas informações, a Presidenta Dilma Rousseff está para anunciar os nomes dos sete integrantes da Comissão da Verdade, que terão a incumbência de realizar o trabalho de investigação das violações dos direitos humanos, sobretudo depois de abril de 1964.

 

Muitas verdades ainda estão ocultas e quem tem a revelação são civis e militares com culpa no cartório, ou seja, agentes do Estado ainda vivos, comprometidos até a medula com a repressão e o regime vigente naquele período.

 

Curió, Brilhante Ustra e outras figuras da ditadura seguem impunes até agora. O Ministério Público pretendia investigar Curió, responsável por crimes imprescritíveis relacionados com o desparecimento de combatentes da guerrilha do Araguaia, mas a Justiça no Pará recusou o pedido sob a alegaçaãp de sempre, ou seja, que está em vigor a Lei da Anistia.

 

Os mencionados e outros ainda vivos precisam ser investigados com rigor.

 

Mas as investigações não podem ficar resumidos a eles. Tem gente e grupos mais poderosos escondidos debaixo do tapete da história, como, por exemplo, empresários financiadores da repressão, grupos midiáticos comprometidos desde o início com o glpe civil militar que derrubou o presidente constitucional João Goulart e também a participação de professores de torturas, de nacionalidade estadunidense, contratados para ministrar in loco os seu know how, entre os quais Dan Mitrione.

 

Para o conhecimento verdadeiro do passado é preciso também ouvir o depoimento de testemunhas como o professor Moniz Bandeira, já mencionado neste espaço, que quando preso no Centro de Informações da Marinha (CENIMAR) viu e ouviu a fala de agentes norte-americanos com sotaque carregado circulando livremente e instruindo torturadores.

 

É preciso deixar claro também que Curió, Brilhante Ustra, etc não são casos isolados ou desvios, como querem alguns, mas foram peças de engrenagem montada e ajeitada a partir de quebra constitucional de abrtil de 1964, a partir do primeiro general de plantão, Humberto de Alencar Castelo Branco.


Enfim, faço minhas as palavras do Deputado Chico Alencar -


"Brasileiro não tem memória, diz o senso comum. Entretanto, um povo só avança em civilização conhecendo sua própria história. Esquecer períodos é postura obscurantista e perigosa, quem não se recorda do passado corre o risco de revivê-lo"


Mário Augusto JakobskindÉ correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE Direto da Redação

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