Quando Willian Bonner aparece na telinha lá pelas oito e meia da noite,
durante o Jornal Nacional, fico prestando atenção em suas expressões faciais.
Por mais que seja hábil em disfarçar o que pensa ao dar uma notícia, para mim
ele é um livro aberto.
Contentamento e contrariedade, medo e arrogância, clareza ou dissimulação
podem ser medidos se você sabe que aquela notícia que está sendo dada é
verdadeira ou não ou se sabe qual é a posição de quem noticia este ou aquele
assunto.
Analisando como se comportam as expressões de alguém conforme o que pensa
sobre o que diz, você passa a conhecer a pessoa. Willian Bonner, para este
blogueiro, é um livro aberto…
Exemplo: foi instrutivo ver o âncora do Jornal Nacional relatar a intervenção
federal no Banco Cruzeiro do Sul sem citar que a instituição, ora acusada de
fraude, pertence à família do ex-candidato a vice-presidente na chapa de José
Serra em 2010, Índio da Costa.
Vi a expressão de Bonner quando mentiu – ou omitiu, o que dá no mesmo. Este é
apenas um exemplo da técnica que uso para “conhecer” aqueles que precisam de
vigilância. Com base nas expressões faciais em situações de mentira, omissão ou
sinceridade, você aprende sobre a pessoa.
Nos últimos dias, as expressões desse e de outros âncoras de telejornais que
diuturnamente tratam de tentar manipular o público, demonstram desalento. O que
os desalenta é a CPI do Cachoeira, que já começa a chegar ao ponto em que a
mídia e a oposição tanto temiam.
A mídia tentou impedir a abertura da CPI. Fez ameaças, previu que se voltaria
contra o PT, esgrimiu com a tese absurda de que oposição não pode ser
investigada por CPI porque esta é “instrumento da minoria”, o que, se fosse
verdade, tornaria essa minoria inimputável.
Instalada a CPI, Globo, Folha, Veja, Estadão e assemelhados desandaram a
decretar que terminaria “em pizza”, que haveria acordo entre tucanos e petistas
porque os dois lados estariam igualmente envolvidos. E, supremo caradurismo,
equiparou Agnelo Queiroz e Sergio Cabral a Marconi Perillo.
Colunistas do PIG como Reinaldo Azevedo, Eliane Cantanhêde, Merval Pereira e
Ricardo Noblat chegaram a dizer que havia mais indícios contra Agnelo e Cabral
do que contra Perillo, que, simultaneamente, diziam um inocente alvejado pelo
“desejo de vingança” maligno de Lula.
O que se vê, agora, é muito diferente do que a media “previu”. Até o momento,
a CPI não se voltou contra seus autores – que a mídia chegou a negar que eram os
governistas, apesar da teoria da “vingança”. Pelo contrário, o que vai ficando
claro é que o esquema Cachoeira era, essencialmente, demo-tucano.
Não foi preciso usar informações de fontes sobre a Operação Monte Carlo,
apesar de existirem, para concluir que Carlos Cachoeira integrava a máquina
denuncista da mídia contra Lula, PT e aliados. Para comprovar, basta analisar as
informações que passava à revista Veja.
Durante os oito anos de Lula e o primeiro ano de Dilma, as denúncias de
Cachoeira à Veja tiveram um só foco: o governo do PT e seus aliados. Ora, como é
possível que estes integrassem o esquema do bicheiro se ele vivia fazendo
denúncia contra governistas?
É tão simples, é tão lógico que chega a ser constrangedor ter que dizer isso.
É um truísmo, uma platitude, de tão óbvio.
O que a lógica mostra, também, é que a mídia sabe muito menos sobre a
Operação Monte Carlo do que insinua. Talvez menos do que blogueiros que vinham
dizendo o que aconteceria, ou seja, que o desenrolar dos trabalhos faria com que
recaíssem sobre a oposição.
Mas, também, sobre a mídia. Assim como havia informações de que as provas
contra Perillo se amontoariam quando a CPI começasse a avançar, também se sabia
o que em mais algum tempo ficará mais claro do que já está: Veja e Globo
compactuaram com os crimes de Cachoeira em troca de informações que ele
levantava contra o governismo.
E a cumplicidade cachoeiro-demo-tucano-midiática não para por aí. Em troca de
informações contra o governo federal, contra o PT e seus aliados, alguns dos
meios de comunicação acima citados publicavam matérias contra desafetos do
esquema de Cachoeira.
Você leu neste e em outros blogs que Perillo iria entrar na roda, e entrou.
Agora anote aí, leitor: os próximos serão Gilmar Mendes, Veja e Globo. E contra
Agnelo e Cabral não verá nada de relevante simplesmente porque estão do outro
lado.
Não se diz, aqui, que o governador de Brasília ou o do Rio de Janeiro são
santos. Podem – eu disse, apenas, que podem – ser até dois gangsters, mas no
esquema Cachoeira não surgirá nada contra eles. Simplesmente porque o bicheiro
trabalhava para a oposição midiática.Blog da Cidadania
Um comentário:
MANDOU BEM, ESTÁ SE FECHANDO O CASO E ACUSAM O AGNELO E CABRAL, MAS AS PROVAS NÃO TEM SUSTENTAÇÃO, DIFERENTE DO PERILLO. ANÁLISE REAL DOS FATOS FOI FEITO E CHEGA-SE AO QUE FOI COMENTADO NESTE SITE.
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