Se é tucano( ou aliado)não vai preso.
por Henrique Beirangê
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publicado30/07/2015
De
origem libanesa, 62 anos, ele se identifica como um atleta de alta
performance. Chegava a correr 17 quilômetros por dia e disputou a
maratona de Nova York. Diz ter optado por uma vida saudável, motivo que o
levou a se afastar dos negócios. Empresário do ramo de eventos há três
décadas, trouxe ao Brasil estrelas da música, como a banda U2, a cantora
Amy Winehouse e a diva pop Beyoncé. Fachada? Sim, segundo a Polícia
Federal. Preso desde março por suposto envolvimento nos desvios da Petrobras, o doleiro Adir Assad é notório frequentador das páginas policiais.
Há quatro meses a força-tarefa da Lava Jato tenta arrancar informações de Assad, detido na décima fase da operação. Até agora ele mantém o silêncio e nega participação no esquema. Ao juiz Sergio Moro declarou-se um “estranho no ninho” na penitenciária paranaense que também abriga o ex-tesoureiro do PT João Vaccari e o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque.
Os investigadores o acusam de receber 40 milhões de reais
como pagamento pela lavagem de dinheiro da Construtora Toyo Setal.
Segundo a PF, o dinheiro seguiu para contas indicadas pelo operador
Mário Góes ou foi encaminhado diretamente a Duque e a Pedro Barusco,
ex-gerente da Petrobras também encarcerado. Os dois funcionários da
estatal representariam os interesses do PT no esquema.
Não só. A prisão de Assad revigora outro
escândalo já esquecido: o esquema da Construtora Delta e do bicheiro
Carlinhos Cachoeira. O doleiro aparece principalmente nas histórias de
desvios de obras no estado São Paulo, governado há mais de duas décadas
pelo PSDB. Um novo documento nas mãos de procuradores e policiais
federais tem o poder de revelar detalhes de um escândalo de proporções
ainda desconhecidas no ninho tucano. Os promotores de São Paulo sabem da
existência das operações e pretendem abrir inquéritos para apurar as
operações financeiras.
O documento é um relatório de análise do
Ministério Público Federal que enumera uma série de tabelas de
pagamentos a cinco companhias. Segundo a PF, trata-se de empresas de
fachada criadas para lavar o pagamento de propinas intermediadas por
Assad. Entre elas aparece a Legend Engenheiros, responsável por
movimentar 631 milhões de reais sem nunca ter tido um único funcionário,
conforme a Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do
Trabalho.
A contabilidade da empresa exibe polpudos
pagamentos de consórcios e empresas que realizaram obras bilionárias no
governo de São Paulo durante os últimos 20 anos. O primeiro pagamento
que salta aos olhos é um depósito de 37 milhões de reais ao Consórcio
Nova Tietê. Liderado pela Construtora Delta, o consórcio levou as
principais obras de alargamento das pistas da principal via da capital
paulista em 2009, durante o governo de José Serra. O valor inicial do
contrato previa gastos de 1 bilhão de reais, mas subiu para 1,75 bilhão,
ou seja, acréscimo de 75%. Um inquérito sobre a inflação de custos
chegou a ser aberto pelo Ministério Público de São Paulo. Acabou, como
de costume em casos que envolvem tucanos, arquivado.
A obra foi acompanhada na época pela
Dersa, empresa de economia mista na qual o principal acionista é o
estado de São Paulo. Na assinatura do contrato entre o governo e o
consórcio, o nome do representante da empresa estatal que aparece é o de
um velho conhecido: Paulo Vieira de Souza, o famoso Paulo Preto, cuja
trajetória e estripulias foram bastante comentadas durante a campanha
presidencial de 2010. Acusado de falcatruas, Preto fez uma acusação
velada a Serra e ao PSDB à época. “Não se abandona um líder ferido na
estrada”, afirmou.
Outro consórcio que participou das obras da ampliação das
marginais, o Consórcio Desenvolvimento Viário, também contribui com as
contas de Assad. Liderado pela Construtora Egesa, foram 16,1 milhões nas
contas da S.M. Terraplenagem Ltda. A Egesa, em consórcio com a EIT, foi
responsável por um total de 18,32 quilômetros, considerando os dois
sentidos da via, entre o Viaduto da CPTM e a Ponte das Bandeiras.
Durante a Operação Castelo de Areia, que
investigou a suspeita de pagamento de propina a agentes públicos pela
Camargo Corrêa, o nome de Paulo Preto aparece em uma anotação. Precede
um valor: 416 mil reais. O ex-funcionário da Dersa nunca foi indiciado
pela Polícia Federal. A Castelo de Areia acabou enterrada por uma
decisão do Superior Tribunal de Justiça. Assad aparece ainda em outra
operação federal, a Saqueador, paralisada desde 2013.
Talvez a “sorte” de Assad mude. Na página
41 do relatório do Ministério Público Federal deste ano, aparece outro
pagamento, de 2,6 milhões de reais, da Concessionária do Sistema
Anhanguera Bandeirantes à Rock Star Marketing, também de propriedade do
doleiro. O sistema rodoviário interliga a capital paulista ao
interior do estado e foi licitado em 1997. O vencedor foi o CCR, que tem
entre seus acionistas a Camargo Corrêa e a Andrade Gutierrez. Esta,
aponta o relatório, repassou à Legend 125 milhões de reais. O sistema
possui oito praças de pedágio e, de acordo com o relatório aos
investidores, só no ano passado gerou lucro líquido de 669
milhões. Detectou-se ainda um depósito de 624 mil reais na conta da Rock
Star por uma empresa pertencente à CCR responsável pela exploração do
sistema Castelo-Raposo, que liga a capital ao Oeste Paulista.-
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O Rodoanel também não deve escapar da
mira dos procuradores. Orçada em 3,6 bilhões de reais, a obra foi
dividida em cinco trechos. Vencedora de um dos lotes, a empresa Rodoanel
Sul 5 Engenharia depositou 4,6 milhões na conta da Legend. Por receber
repasses da União, o Rodoanel passou por uma auditoria do Tribunal de
Contas da União. De acordo com um relatório do TCU, o consórcio formado
pela empreiteira OAS e Mendes Júnior, também envolvidas no escândalo da
Petrobras, incorporou irregularmente uma terceira empresa para a
execução, uma violação das regras da licitação. Coincidência ou não, a
OAS alimentou as contas de Assad. Um depósito de cerca de 2 milhões de
reais foi identificado na quebra de sigilo. Outra concessionária
responsável por erguer outro trecho do Rodoanel, a SP Mar, repassou 4,2
milhões à empresa de Assad. A SP Mar pertence ao Grupo Bertin e cuidou
da interligação do trecho sul à Rodovia Presidente Dutra, em Arujá.-------------------------
A lista é extensa. Das
supostas cinco empresas de fachada foram encontradas movimentações de
1,2 bilhão em operações financeiras com cerca de cem consórcios e
companhias, além de indivíduos. Sergio Moro tentou recuperar parte do
dinheiro movimentado por Assad. Determinou o bloqueio de 40 milhões de
reais. Mas para surpresa, ou não, as contas estavam zeradas.
Os depósitos servirão para novas linhas de investigação
pela Promotoria de São Paulo, que também quer entender as planilhas de
pagamento do doleiro Alberto Yousseff. Reportagem exclusiva de CartaCapital mostrou que o operador mantinha uma lista de 750 obras, entre elas construções da Sabesp, do Monotrilho e do Rodoanel.
Com uma prisão preventiva nas costas e, sem prazo para se
esgotar, os investigadores ainda não conseguiram convencer o doleiro a
optar pela delação premiada. O Ministério Público de São Paulo diz
pretender ouvir Assad, em busca da origem e do destino dos repasses. Uma
eventual colaboração do “empresário do show business” poderia
ampliar o escopo das investigações da Lava Jato. Neste caso, a
força-tarefa será obrigada a remar contra a maré. Quando não se trata de
petistas e seus aliados, os investigadores já devem ter percebido, o
ímpeto da mídia e o apoio da chamada “opinião pública” costumam minguar.
Fonte:CartaCapital
Um comentário:
Se vê aqui provas documentais contra Serra Paulo Preto e muita gente do PSDB mais o Moro esta querendo que o Assad diga que o dinheiro foi para o PT como as provas apontam bem para Serra e seus cumplices o Moro fica com as maos atadas, mais se vê claramente que quando citam o PT é por ilaçoes, sem fundamentos enquanto as ligaçoes de Serra e Paulo Preto sao consistente
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