Por Davis Sena Filho — Palavra Livre
O Supremo não pode lavar suas mãos como Pôncio Pilatos, que, em nome do rito, pregou Jesus na cruz. O PP não pode ser exemplo para os juízes e a democracia . |
Respondo
à pergunta de Paulo Henrique Amorim feita no Conversa Afiada, cuja
resposta ele já sabe. "Sim, Paulo Henrique, o Supremo Tribunal Federal é
composto de Pilatos, juízes que lavam as mãos. E mais do que isto:
Alguns desses "príncipes" de togas e punhos de renda não meteram as mãos
na cloaca fétida do golpismo bananeiro e canalha, mas fecharam os
olhos, calaram as bocas e tamparam seus ouvidos, iguais os três
macaquinhos.
Os
famosos símios representam a omissão, a negligência, a pusilanimidade, a
covardia de quem ou aquele que fica em cima do muro ou com olhar na
janela, a ver o tempo passar enquanto o País pega fogo por causa de um
golpe vergonhoso promovido pela casa grande. A burguesia não aceitou a
quarta derrota eleitoral consecutiva para o PT, bem como percebeu que,
em 2018, a candidatura Lula poderá se transformar na quinta vitória da
sigla social-democrata, que é o Partido dos Trabalhadores.
Digo
ainda a Paulo Henrique — o jornalista sabe disso — que enquanto alguns
dos juízes lavam as mãos, outros são cúmplices e copartícipes de um
golpe vexaminoso e humilhante para o País, pois o deixa de joelhos,
assim como para milhões de brasileiros que desejam ser parte de uma
República desenvolvida e civilizada, mas jamais cidadãos de um País
poderoso e importante como o Brasil, que, a fórceps, está a ser obrigado
a engolir uma trama sórdida e espúria, em forma de golpe
jurídico-parlamentar efetivado por canalhas, que rasgaram a Constituição
e deram um chute na cara do Estado Democrático de Direito.
Picaretas
sem votos suficientes para vencer eleições presidenciais, maus
perdedores, que tratam milhões de brasileiros como idiotas, enquanto
muitos desses golpistas cometeram toda sorte de crimes, tanto é verdade
que 120 dos golpistas da Câmara respondem a processos na Justiça, sendo
que muitos deles já são réus. Depois vem com o papo furado de pedaladas
fiscais, a exemplo do serviçal e lugar-tenente de Aécio Neves, senador
Antônio Anastasia, que, quando governador de Minas Gerais, foi pródigo
em cometer pedaladas fiscais, bem com retirou bilhões do orçamento da
Saúde pertencentes ao povo mineiro, que resolveu não votar mais no PSDB e
decidiu votar no PT do atual governador Fernando Pimentel.
Nada
como o ditado popular, que serve muito bem para a derrota da dupla
Aécio Anastasia: "Quem não os conhece que os compre". Como o povo de
Minas os conhece, não os comprou e os derrotou nas eleições de 2014.
Ponto. Entretanto, a cafajestada da direita golpista não tem limites e
nem fim, ao ponto de Anastasia, subalterno do golpista incendiário,
Aécio Neves, um dos maiores responsáveis pelo golpe hediondo e
bananeiro, como se o Brasil fosse um País pequeno como Honduras e o
Paraguai.
Um
golpe cujo roteiro se evidencia nas mesas de reuniões da direita
brasileira no Congresso, na PGR (MPF), na DPF, na Vara do Moro, nas
redações da imprensa corrupta e sonegadora de impostos, como o Pato
Amarelo e golpista da Fiesp, e, principalmente no STF, que, ao invés de
esperar cinco meses para colocar o deputado Eduardo Cunha em seu devido
lugar, que é a cadeia, preferiu se omitir e negligenciar o processo
ilegítimo e ilegal do golpe, porque a presidenta Dilma Rousseff não
cometeu crimes de responsabilidade.
Esta
é a questão essencial e que não permite tergiversações, distorções e
manipulações quanto a esta factual realidade. Simplesmente não cabe,
porque literalmente não existem provas que criminalizem Dilma Rousseff. O
golpe de estado travestido de legal é um processo draconiano, que se
iniciou viciado desde sua origem. Todo mundo sabe disso, porque se
percebe a má-fé dos golpistas e de seus cúmplices.
Será
que os juízes do STF, em nome do rito e da tecnicidade jurídica, bem
como por causa de suas odiosas omissões e negligências não percebem o
que está a acontecer? Os "príncipes" impolutos vão permitir que
criminosos tomem o poder de assalto como se fossem ladrões que roubam a
mão armada como ocorre nas ruas das cidades do País? Seria, então, uma
imprudência e irresponsabilidade sem tamanho, de tal forma que a Justiça
ficaria em xeque, no que diz respeito à sua moral e seu reconhecimento
como guardiã das leis por parte do povo do Brasil.
Vou
mais além: se o Supremo não invalidar ou anular o golpe que está a
ocorrer no Senado, sendo que o relator é um político do PSDB e de
notória vinculação a Aécio Neves, que passou dois anos sem descer do
palanque e a apagar fogo com gasolina, porque se trata de um golpista
incendiário e de um playboy irresponsável, o STF vai ser alvo de
desconfiança da sociedade brasileira organizada, bem como sua
credibilidade para ser reconquistada vai ser uma questão de muitos anos a
fio, porque quando um País tem suas regras, normas e leis rasgadas para
se cicatrizar as feridas demandam muitos anos, quiçá, décadas, como foi
e é o caso do golpe civil-militar de 1964.
Além
do mais, a pantomima, a farra, a bagunça e a folgança cometida e
evidenciada pelos deputados federais foi algo que notabilizou o quanto
essa trupe de deputados é leviana, irresponsável e adepta da pândega em
forma de golpe criminoso, portanto, ilegítimo. Se mostraram complemente
alienados, irresponsáveis e distantes dos interesses reais do Brasil e
de seu povo, que há séculos luta por um País mais justo, democrático e
igualitário, que o leve a conquistar sua emancipação política e
econômica de forma plena.
É
inaceitável para o povo brasileiro que a democracia e os direitos civis
sejam considerados uma concessão ou tratados como um favor concedido
pela bilionária burguesia autocrática, antinacionalista, antidemocrática
e antirrepublicana, que tem como seus porta-vozes e capitães do mato os
partidos de direita liderados pelo PSDB e DEM, certos servidores
públicos do sistema Judiciário (Justiça, MPF e PF) muito bem pagos pelo
contribuinte, a imprensa comercial dos magnatas bilionários, que defende
a iniciativa privada, mas vive do dinheiro público e por isto está na
hora de tomar vergonha na cara para se privatizar de fato, porque, como
dizem os capitalistas falsamente apregoadores da meritocracia, "não
existe almoço grátis".
Puro
cinismo e hipocrisia aplicados diretamente nas veias, porque todos
sabemos que o grande empresariado tupiniquim, que vive a mostrar a
superioridade que não tem, adora mamar nas tetas do Estado. Essa gente
mentirosa e dissimulada é irremediavelmente patrimonialista. Vou
repetir: Pa-tri-mo-ni-a-lis-ta! E um dos principais motivos do golpe de
estado contra a presidente trabalhista Dilma Rousseff é exatamente
recuperar o controle, por parte da casa grande de alma escravocrata, do
Orçamento da União, dos bancos estatais de fomento, das políticas de
juros do Banco Central, além de fazer o Brasil retornar aos braços da
política externa dos Estados Unidos.
Para
isso, necessário será implementar uma política econômico-financeira de
caráter neoliberal, porque o establishment, a razão do status quo, tem
de fazer caixa e, consequentemente, realizar novamente as gigantescas
remessas de lucros, que permitiram que os governantes de países
desenvolvidos mantivessem o padrão de vida de seus povos nas alturas e
que depois se verificou que um dos principais motivos de essas nações
serem tão ricas era proveniente das riquezas geradas pelos países pobres
e em desenvolvimento.
Povos
que ficaram durante séculos a cooperar, e muito, para a prosperidade da
gringada esperta, malandra, de caráter pirata e tão admirada pelos
coxinhas de classe média brasileiros, pois, irrefragavelmente,
colonizados, subalternos, subservientes e portadores de um
incomensurável, incomparável e inenarrável complexo de vira-latas. Nunca
vou cansar de afirmar essas considerações sobre os coxinhas, pois os
desprezo profundamente, porque sempre foram preconceituosos, sectários e
violentos. São também conspiradores, bem como, no decorrer da história,
apoiaram golpes de estado, como o ocorrido no fatídico, lúgubre e
sombrio ano de 1964, a simbolizar tal infâmia dos coxinhas a Marcha da
Família com Deus e pela Liberdade. E deu no que deu: 21 anos de ditadura
militar. Hipocrisia e cinismo em nome de Deus, da família e da
liberdade.
Paralelamente
aos coxinhas encolerizados e analfabetos políticos, os deputados davam
margem ao golpe e pareciam secundaristas eufóricos com a patuscada
organizada por eles. Pareciam as galerinhas da Xuxa dos anos 1980 e
1990, saltitantes e a falar: "O golpe criminoso é pra minha mãe, pro meu
pai, pro meu cachorro, pro meu papagaio e pra você". A galerinha
irresponsável e analfabeta política, como a Xuxa, que há poucos dias
disse que apoia o golpe e que também "Não compreendo por que criticam a
Globo. Ela apenas faz jornalismo". Seria hilário, se não fosse trágico e
ridículo tanta alienação e falta de discernimento sobre a vida e suas
realidades.
Se
o procurador-geral-contra a República, Rodrigo Não Devo Nada a Ninguém
Janot, em sua peça de acusação contra o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, o chamou de "delinquente", bem como reconhece que o deputado
chefe dos golpistas abusou do poder para se vingar do PT e do Governo,
que se recusaram apoiá-lo com votos para que seus atos ilegais e
criminosos não fossem levados à Comissão de Ética, evidencia-se que
Cunha, além de praticar a vingança que é algo que conta muito para um
julgamento, também ficou comprovado que ele se aproveitou do cargo em
proveito próprio para influenciar e prejudicar as investigações contra
sua pessoa.
Todo
mundo sabe disso. É perceptível, mas mesmo assim Dilma sofrerá um golpe
em um deposição presidencial em pleno ano de 2016, em um País que é a
sétima economia mais poderosa do mundo, mas que tem uma casa grande
vocacionada a ser bananeira e que não mede qualquer consequência para
chegar ao poder como assaltante de bancos ou de pedestres. Assalto a mão
armada, que causa discórdia e profunda revolta aos brasileiros, que se
consideram civilizados, que se submeteram às regras do jogo democrático e
que não subverteram o que é lícito, legal e legítimo com fazem, agora,
os golpistas do Senado e do STF.
O
golpe humilha enorme parcela da sociedade brasileira de índole
democrática, porque politizada. Antonio Anastasia tratou sua "relatoria"
apenas como um instrumento para oficializar o golpe, ou seja, seguir o
rito obrigatório do Senado, porque, apesar dos argumentos robustos e
questionadores contra o golpe, Anastasia ficou lá, com cara de paisagem,
sentado em uma cadeira da Mesa Diretora da Comissão do Golpe de Estado
contra uma presidente constitucional e eleita pelo vontade soberana do
povo brasileiro.
A
que ponto chega um político como esse tal de Anastasia, um coxinha
derrotado eleitoralmente, a dar vazão às ações que tomam de assalto o
Palácio de Planalto e a Presidência da República. Pobre do Brasil, País
infeliz e azarado. Ratifico. Um lugar no mapa onde viceja uma "elite"
que insiste em apequená-lo. Trata-se da casa grande ocupada por patifes
colonizados, que lutam, eternamente, para que o Brasil seja uma eterna
republiqueta bananeira para que ela possa ganhar muito dinheiro nas
costas de um povo ignorante, sem instrução e desconhecimento sobre seus
direitos constitucionais e trabalhistas.
O
STF tem a obrigação de impugnar o golpe. Invalidá-lo e levá-lo de volta
para a Câmara, a origem da patifaria e das ilegalidades constitucionais
e do próprio estatuto da Casa Legislativa. Golpe é golpe; e o crime
começa pelos deputados golpistas. Ainda há tempo para que o Supremo
honre o nome de Supremo e retome a legalidade para manter Dilma Rousseff
no cargo conquistado legitimamente, salvar a democracia e honrar o
Brasil perante seu povo e todas as Nações. Golpe é crime e com o crime o
STF jamais poderá compactuar e ser cúmplice, mesmo a ter algum juiz
conspirador. O Supremo não pode lavar suas mãos como Pôncio Pilatos. É
isso aí.
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