segunda-feira, 21 de março de 2011

Aleluia! Blogueiro do PiG critica César Maia

Dilma se iguala a Lula, mas DEM acha pouco
Para o politólogo Cesar Maia, já há uma “luz amarela” no Planalto

Democratas parecem ter perdido capacidade de avaliar a conjuntura
Eis aí um sintoma (ou consequência) da atual crise pela qual passa o Democratas. Na análise de um de seus principais ideólogos, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, a alta popularidade de Dilma Rousseff (post abaixo) está recheada de problemas. “Luz amarela, portanto”, escreveu Maia no seu boletim diário “Ex-Blog”, enviado a assinantes via internet hoje (21.mar.2011).
“Luz amarela” com Dilma se igualando ao recorde de Lula no 3º mês de mandato...
Uma boa e correta avaliação da conjuntura, como diriam os velhos integrantes da esquerda nos anos 70 e 80, é fundamental para quem está na oposição. Não é segredo que as tentativas de luta armada e guerrilha urbana fracassaram na ditadura militar por um erro de avaliação dos que estavam na proscrita oposição da época.
A ditadura reprimia e cerceava os mais prosaicos direitos democráticos. Mas a economia estava passando por um boom e o país crescia ao que hoje se chama taxas chinesas. A oposição não entendeu aquele momento nem teve a engenharia necessária para fazer o bom combate.
Agora, talvez, a oposição esteja cometendo o mesmo equívoco ao avaliar que Dilma não vai tão bem quanto dizem as pesquisas. Note o internauta que este Blog e este blogueiro não fazem aqui juízo de valor sobre a qualidade do governo federal –essa é uma outra e longa história. Trata-se apenas de considerar uma avaliação científica realizada pelo Datafolha.
Para fazer oposição é necessário reconhecer os pontos fortes e os fracos do adversário que momentaneamente está no poder. Parece que o DEM (e o PSDB, em certa medida) não estão apetrechados para tal tarefa.
Eis, a seguir, a análise de hoje (21.mar.2011) de Cesar Maia comentada por este Blog –que tem há mais de uma década a mania de acompanhar e tentar interpretar pesquisas (aqui, a página mais completa da web com pesquisas de opinião):
(Ex-Blog do Cesar Maia – 21.mar.2011)

PESQUISA DATAFOLHA SOBRE DILMA: ALGUNS COMENTÁRIOS!
“1. Em geral, a avaliação de um governo é maior que a intenção de voto em campanha, pois nessa, intervém a ação de seus concorrentes. Portanto, se esperava que a primeira avaliação de Dilma fosse maior que sua votação obtida no primeiro turno. Mas isso não ocorreu”.
Comentário deste Blog: está incorreta a afirmação do ex-prefeito. Fernando Collor teve 30,5% dos votos no 1º turno em 1989. No 2º turno, teve 53%. Na primeira pesquisa Datafolha de popularidade, aos 3 meses de mandato, teve 36% de aprovação.
Fernando Henrique Cardoso teve 54,3% dos votos em 1994 (ganhou no 1º turno). Na primeira pesquisa após 3 meses na cadeira, segundo o Datafolha, teve 39% de aprovação.

Em 1998, FHC foi reeleito no 1º turno com 53% dos votos. Depois de 3 meses de reempossado, tinha meros 21% de aprovação no Datafolha.

Por fim, Lula, foi eleito em 2002 com 61,3% do votos. E reeleito em 2006 com 60,8%. Sempre no segundo turno. Suas taxas de popularidade depois de 3 meses na cadeira foram, respectivamente, 43% e 48%.
“2. Datafolha informa que 47% dos eleitores acham seu governo ótimo+bom. Exatamente o mesmo número que obteve no primeiro turno em 2010, ou seja, 47%. No segundo turno, Dilma obteve 56%. Ou seja, aqueles que migraram para ela, por não gostar da alternativa que tinham (Serra), agora, nessa pesquisa, recuaram para a posição que tiveram no primeiro turno: contra a candidata do governo”.
Comentário deste Blog: pelas mesmas razões do comentário anterior, essa análise do sempre bem fundamentado Cesar Maia mais parece “wishful thinking” (desejo) do que realidade. Até porque, como mostra o resultado do Datafolha, Dilma tem 34% de avaliação regular e só 7% de rejeição.
“3. Em novembro-2010, logo após a eleição, a expectativa sobre o governo Dilma, pelo Datafolha, era de um ótimo+bom de 73%. Em dezembro esses números estavam mais "calmos". Primeiro o Sensus informava um ótimo+bom para o governo Dilma de 69%, e o Ibope 62%. Ajustando pelo menor número e mais próximo do que Dilma teve no segundo turno, ou 60%, a pesquisa Datafolha de março-2011 mostra uma avaliação menor que a expectativa, mais que 10 pontos”.
Comentário deste Blog: de novo, valem as observações anteriores e mais a seguinte: a expectativa de que Dilma faça um bom governo continua altíssima. Segundo o Datafolha, 78% esperam que ela faça um governo “ótimo” ou “bom” (aqui, na reportagem da Folha, só para assinantes). Aliás, essa taxa foi quase igual para Lula (76%)
“4. O noticiário compara Dilma com o mesmo momento de Lula no início de seus governos. Comparemos com o início do segundo governo. A aprovação de Lula, durante a eleição-2006 pelo Datafolha, oscilava em torno de 47% e em dezembro estava em 52%. Agora, Lula, durante e depois da eleição de 2010, flutuou em torno de 75%. Lula saía do mensalão de 2005; para ganhar apelou no segundo turno para a questão da privatização; e a economia estava num patamar de normalidade. Por isso, era esperado -nessa primeira pesquisa 2011- um patamar de aprovação de Dilma próximo ao que teve no segundo turno”.
Comentário deste Blog: não há correlação com a realidade nessa análise de Cesar Maia. Todos os presidentes eleitos pós-ditadura (os únicos para os quais há pesquisas de popularidade confiáveis) tiveram nos inícios de seus mandatos aprovação menor do que o percentual de votos recebido na eleição.

A surpresa parece ser, até aqui, que Dilma tenha se igualado ao recorde de Lula. E esse resultado (sem fazer juízo de valor sobre a qualidade do governo petista) é positivo para quem era qualificada pela oposição apenas como um poste no processo eleitoral.
“5. Luz amarela, portanto”.
Comentário deste Blog: é um pouco prematuro, para dizer o mínimo, afirmar que acedeu-se uma luz amarela a respeito da popularidade de Dilma.

Talvez possa ser dito que a luz amarela já exista na economia (com a inflação em alta e Dilma vivendo numa espécie de autoengano a respeito). Uma encrenca na economia pode transbordar para a política –e drenar a aprovação da presidente. Mas, poder... tudo pode. Por enquanto, do ponto de vista do marketing e da imagem, Dilma tem se dado bem.

Por Fernando Rodrigues

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