terça-feira, 8 de março de 2011

Tucanos safados foram pedir a bênção a Bush

Eleições 2006: Oposição manteve maior contato com diplomatas dos Eua


Dentre os políticos brasileiros que tiveram contato com os diplomatas dos EUA, os do PSDB são os mais assíduos com 6 tucanos aparecendo em encontros. Além dos secretários paulistas Andrea Matarazzo (06SAOPAULO676) e Fernando Braga (06SAOPAULO935), estão figuras ilustres entre Tasso Jereissati (06BRASILIA1837), Aloysio Nunes (06SAOPAULO400), Sérgio Guerra (06SAOPAULO1963) e o então recém-eleito governador de São Paulo, José Serra com o próprio embaixador americano Clifford Sobel (06SAOPAULO1131).


O único pessedebista que aparece mais de uma vez nos telegramas é o secretário de Ciência e Tecnologia e seu coordenador de campanha, João Carlos Meirelles. Entre março e outubro de 2006, Meirelles estabeleceu 4 contatos com diplomatas americanos (06SAOPAULO316, 06SAOPAULO647, 06SAOPAULO810, 06SAOPAULO1069).


Além dos políticos do PSDB, foram também contatados pelos americanos nomes ligados ao partido como o tributarista Raul Velloso (06BRASILIA608), um dos acadêmicos da área econômica com quem Alckmin buscava conselhos. Outro nome ligado ao partido tucano é o de Christian Lohbauer (06SAOPAULO387) que foi secretário-adjunto de Relações Internacionais de Serra e na época do encontro foi identificado como lobista do setor aviário.


A decisão do partido entre Serra e Alckmin é analisada pelos americanos em um telegrama. A suspeita de uso de dinheiro público no financiamento da campanha de Alckmin que gerou o escândalo da Nossa Caixa também é mencionado pelos americanos (06SAOPAULO350) que se mostraram confusos com as acusações.


“De qualquer forma, dada à reputação ilibada de Alckmin, seria estranho para ele ter que se desviar com uma desculpa do tipo ‘todo mundo faz isso’”, observam os americanos.

O programa do candidato tucano é detalhadamente descrito em telegrama de 3 de julho de 2006 (06SAOPAULO734). Nos comentários, o observador político do consulado americano de São Paulo cita uma de suas fontes (esta não-identificada).


“O problema de Alckmin é que, como um médico de interior, ele não sabe pensar grande”. A alusão à indisposição de alguns membros do partido do candidato vai mais longe em uma comparação. “Além disso, como anestesiologista, ele sabe como preparar o paciente para a cirurgia, mas está acostumado então a sentar-se e deixar alguém fazer o trabalho duro enquanto ele se satisfaz checando os sinais vitais”, cita o telegrama.


FHC e as esquerdas na América Latina – Diplomatas americanos ainda estiveram no seminário “A política externa brasileira para a América do Sul no período recente: balanço e perspectivas”, realizado no Instituto Fernando Henrique Cardoso (06SAOPAULO516). O evento contou com a presença do ex-ministro de FHC Sérgio Amaral, o ex-embaixador brasileiro nos EUA, Rubens Barbosa e o economista da PUC-RJ, Marcelo Paiva de Abreu.


O encontro, mediado pelo ex-presidente que dá nome à instituição, criticou a proximidade que Lula vinha mantendo com os vizinhos esquerdistas. Para os interlocutores, havia uma “esquerda positiva” na América do Sul identificada pelo Chile de Michéle Bachelet, e uma “esquerda negativa” constituída pelo boliviano Morales, o argentino Néstor Kirchner e o venezuelano Hugo Chávez. “As visões expressadas no painel não estão fora da perspectiva vigente da elite do Brasil”, comenta o telegrama.


Kassab - Outro partido da oposição que teve encontros com diplomatas americanos foi o atual DEM, com quatro políticos participando de reuniões. Além dos já mencionados Cláudio Lembo, José Carlos Aleluia e o falecido Antônio Carlos Magalhães, o então vice-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (06SAOPAULO102).


No encontro reportado no telegrama de 1 de fevereiro de 2006, Kassab, que atualmente negocia uma saída do DEM com partidos aliados do governo, via a aliança entre PFL e PSDB na disputa eleitoral como sendo “natural e legítima” e acreditava que o nome de Jorge Bonhausen seria o mais apropriado para ser vice na chapa da oposição. Para ele, Serra era o melhor candidato que o PSDB poderia lançar. O cable observa que algumas de suas fontes sugeriam que Kassab não tinha experiência para governar São Paulo. No entanto, notam sua importância dentro do PFL àquela época.


“Enquanto Kassab mantém-se discreto, ele é um homem hábil dentro de seu partido e muito próximo de Bonhausen”.


Vitória tucana no RS – Tratando ainda sobre o principal partido da oposição, há um telegrama que sai da esfera da disputa presidencial e foca a vitória de Yeda Crusius no Rio Grande do Sul (06SAOPAULO1105) sobre o candidato do PMDB, Germano Rigotto.


Os americanos se mostram surpresos tanto com o fato da vitória da tucana, quanto pela expressiva quantidade de votos a Alckmin no estado. Lula teve 1,5 milhão de votos a menos que Alckmin em um estado no qual ele sempre teve a preferência entre os eleitores. Para os diplomatas, esta foi uma reação aos escândalos envolvendo o PT no primeiro mandato de Lula.



Garotinho – um telegrama (05RIODEJANEIRO1118) de 10 de junho analisa as perspectivas de Anthony Garotinho, pré-candidato presidencial: “Garotinho: a caminho da presidência ou um exilado da política?”. Para o cônsul no Rio, se ele sobrevivesse ao escrutínio da justiça eleitoral, ele seria uma força política determinante. “E se a economia piorar, ou se os escândalos chegarema Lula, ele pode vir a ser o mais bem colocado nas eleições”, escreve.

2 comentários:

João Paulo disse...

Os tucanos me lembram muito a UDN. Quando Eisenhower visitou o Brasil, Otávio Mangabeira ex-governador da Bahia beijou as mãos do presidente americano.

O TERROR DO NORDESTE disse...

João, exatamente.