terça-feira, 26 de abril de 2011

Cadê o balanço dos 100 dias de Alckmin e Anastasia?


Esperei 15 dias pelo balanço da grande mídia sobre os primeiros cem dias dos governos tucanos de Geraldo Alckmin (SP) e Antônio Anastasia (MG) completados no último dia 10. Como ele não veio, cobro agora.

Por José Dirceu, em seu blog

Toda mídia deu balanço dos 100 dias de governo Dilma a seu modo, críticos, carregando nas tintas da cobrança e da oposição. Mas à exceção do Valor Econômico — que deu 100 dias dos novos governos nos principais Estados — nenhum jornalão fez balanços mais aprofundados dos governos tucanos de Alckmin e Anastasia.

A Folha de S.Paulo deu um simulacro de balanço dos cem primeiros dias de governo Alckmin em São Paulo. Foi uma piada. É impressionante. O Folhão fez uma espécie de avaliação administrativa, com viés um pouco político.

No pouco que deu, a Folha mostrou que Alckmin parou ou mudou tudo, e que praticamente não sobrou intacto nenhum programa tocado pelo governo José Serra. Só faltou dizer publicamente o que todos sabem mas nenhum jornal ousa dizer de forma clara: Alckmin e José Serra só faltaram romper publicamente. No mais, de Serra, não sobrou pedra sobre pedra no governo Alckmin.

No Estadão, nem isso. Nada de apontar o contigenciamento tucano em áreas fundamentais como transporte e habitação. Nenhuma comparação entre o prometido e o não cumprido, como tanto fizeram os jornais no balanço sobre o mesmo período do governo Dilma.

“Novo governo”
Para quem procura informação sobre os cem dias de governo Alckmin, recomendo a leitura do balanço divulgado pela bancada do PT na Assembleia Legislativa. O texto aponta o desmonte da administração José Serra levado a cabo pela de Alckmin, a centralização e falta de transparência do "novo" governo tucano no estado — governado por eles há quase 30 anos — e a política de cortes em áreas vitais.

Segundo o deputado Enio Tatto, em entrevista ao portal Vermelho, "assim que o atual governador retomou o comando do Palácio dos Bandeirantes, deu início à operação desmonte da gestão Serra, com uma série de apurações, demissões, investigações de ações de sua gestão como nunca visto na sucessão de governos da mesma legenda".

O documento da bancada petista lembra do reconhecimento por parte da administração Alckmin "de que o governo paulista, até aqui [entenda-se governos anteriores tucanos!] alcançou apenas 'melhorias incrementais', devendo se preparar, agora, para um 'grande salto para o futuro'".

Outro ponto ressaltado pelo texto petista é a forte centralização e a falta de transparência do atual governo tucano no Estado. Passando por cima da Constituição estadual, por exemplo, três novas secretarias foram criadas por decreto, denuncia o balanço petista.

O blábláblá do ajuste fiscal permanente
O documento da bancada do PT sobre os 100 dias do governo Alckmin, aponta que, apesar de rupturas pontuais com o governo José Serra, a atual gestão vai dar continuidade aos tradicionais cortes — que eles chamam de ajuste fiscal. Ao todo, nos últimos dois meses, contingenciaram R$ 1,78 bi. Como? Através de cortes nos investimentos, manutenção de despesas com terceirizações e "arrocho salarial".

Assim, foram cortados R$ 733 milhões dos repasses para investimentos das empresas públicas; R$ 732 milhões para investimentos; e R$ 315 milhões para o custeio. Em relação a pessoal, em comparação com 2010, neste primeiro trimestre de 2011, o gasto foi menor em R$ 278 milhões.

Entre as secretarias atingidas pelo contingenciamento do governador paulista estão Habitação (corte de aproximadamente R$ 200 milhões), Transportes Metropolitanos (R$ 830 milhões) e Transportes (R$ 300 milhões).

Tragédia anunciada
Vejam a tragédia anunciada na área de Transportes: mais de meio bilhão, ou seja, exatos R$ 519 milhões de repasses para as empresas estatais do setor foram cortados neste 1º ano de governo Alckmin. Só o Metrô teve corte de R$ 303 milhões, a CPTM de R$ 196 milhões e a EMTU, R$ 20 milhões.

Em relação às enchentes, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) simplesmente suspendeu o serviço de escavação, recolhimento e transporte dos dejetos que se acumulam no fundo do rio Tietê. E o governo ainda cortou R$ 35 milhões da verba destinada à construção de novos piscinões.

Na área da habitação, tivemos o congelamento de R$ 142 milhões dos repasses para investimentos da CDHU. Já na educação, embora tenham crescido bem (112%) os recursos para o programa Escola da Família — o carro-chefe da propaganda da campanha Alckmin — tivemos uma queda de 66% na expansão das Fatec’s e a perda de quase R$ 80 milhões no ensino técnico.

Vejam a que preço os tucanos conseguem economia.

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