segunda-feira, 16 de maio de 2011

MPF investigará acusações de contrabando de madeira contra marido de Marina Silva


16/05/2011


A ex-ministra Marina Silva (PV-AC) declarou que pedirá ao Ministério Público Federal (MPF) que investigue as acusações contra o marido dela, Fábio Vaz de Lima, de envolvimento em negociatas com órgãos federais vinculados ao Ministério do Meio Ambiente, durante sua gestão. Parlamentares em Brasília, que preferem não se identificar, avaliam que o ato da ex-senadora pode servir para tirar o foco do “caso Usimar”, que teria implicações ainda maiores para Vaz de Lima, atual assessor do Governo Acre.

As denúncias as quais Marina se refere voltaram à tôna, na semana passada, na voz do relator do Código Florestal, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Marina postou no Twitter que Aldo teria posto uma série de “pegadinhas” no relatório final do Código Florestal.

Indignado, o comunista gritou no microfone do plenário: “me acusou de fraudar, fraudador é seu marido que estava envolvido com contrabando de madeira!”. O relator disse ainda que, quando era líder do governo, ajudou a impedir que Vaz de Lima fosse convidado para depor na Câmara dos Deputados sobre as irregularidades.

Na quinta-feira passada (12), a ex-ministra convocou uma coletiva, alegou que as denúncias já “foram investigadas pela imprensa” e “nada de errado foi encontrado”. Já no fim de semana, Marina avaliou melhor a dimensão do problema e mudou de idéia. O PV se apressou em informar que a ex-ministra entregará a representação com pedido de abertura de apuração para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, hoje (16), às 18h30.

Todavia, o pedido de apuração do caso do contrabando de madeira, pode servir apenas como “uma cortina de fumaça”, de acordo com parlamentar governista. “Eles vão usar o parecer da PGR sobre contrabando de madeira para dizer que tudo já foi ou está sendo apurado, quando na verdade, o caso Usimar continua na Justiça Federal sem julgamento”, afirmou ao Brasília Confidencial.

Caso Usimar – O processo ao qual a fonte se refere, tramita há mais de dois anos e meio, e apura os culpados do desvio de R$ 44,2 milhões da Sudam para uma indústria de autopeças que nunca foi construída em São Luís (MA). Além de Vaz de Lima, a governadora Roseana Sarney e o marido dela Jorge Murad, outras 37 pessoas foram indiciadas no “caso Usimar”, de acordo com o jornal “Tribuna do Maranhão”.

O “caso Usimar” teve início no segundo mandato de Roseana (1999-2002) na 6ª Vara da Justiça Federal do Maranhão. As investigações começaram em 2001 e duraram dois anos. O processo têm 3.097 páginas, totalizando 11 volumes e 19 anexos.

A ação estava no STF, desde abril de 2004, mas foi devolvida em junho de 2008 à Justiça Federal do Maranhão, por decisão de Cármen Lúcia. A ministra aceitou parecer do então procurador-geral da República, Sepúlveda Pertence, de que o STF não teria competência para julgar o processo.

Desde então, o processo está nas mãos do juiz Nelson Loureiro dos Santos. O magistrado, que não pode se manifestar sobre a ação até o julgamento final, alega que são muitos os requeridos (40) e, grande parte deles, reside em outros estados, o que dificulta o andamento das petições e recursos.

O medo de Marina seria que, em meio às acusações de contrabando de madeira, haja também algum desdobramento do “caso Usimar”, o que poderia manchar de vez a imagem de “defensora da ética na administração pública”, ponto recorrente em quase todos seus discursos públicos.

Fonte: Brasília Confidencial

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