Mino Carta, o diretor de redação de CartaCapital, palestrou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP, na noite desta sexta-feira 9. Em pauta: a leniência da mídia com a “casa grande” da sociedade brasileira, a regulamentação da mídia e os prós e contras do governo de Luiz Inácio Lula de Silva.
O diretor de redação da Carta defende uma regulamentação dos meios de comunicação a fim de se evitar monopólios de mídia. “Deveria haver uma lei que impedisse que as grandes empresas fossem donas de tudo. Nos países democraticamente mais avançados já existe essa regulação”, afirmou.
Mino enfatizava sua decepção com a população brasileira, uma vez que mesmo sabendo de todos os problemas do governo continua inerte. “O Brasil é um dos principais países em desigualdade social. Recentemente outros seis brasileiros entraram na lista de pessoas mais ricas do mundo, enquanto a população de miseráveis é vasta”, contabilizou.
A mídia é uma das responsáveis por essa inércia, segundo ele. O jornalista declarou que o papel da imprensa seria o de ter uma disposição corajosa em enfrentar o governo, mas costuma fazer o oposto. “A imprensa nativa é parte integrante do poder, por isso está sempre a favor da ‘casa grande.’” Carta lembrou o exemplo da campanha de reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, construída sobre a garantia da estabilidade do real. A mídia o considerava candidato ideal para o Brasil naquele momento, mas omitiu que 12 dias após assumir o poder, FHC mudou a moeda. “A imprensa se esforça para esconder os fatos e a população vive na ignorância. E a minoria mais ou menos abastada acredita nas mentiras oferecidas pelos meios de comunicação”, comentou.
Quando questionado sobre a posição política de CartaCapital, Mino Carta admitiu a “simpatia desabusada” que a publicação sente em relação aos governos de Lula e Dilma. “Nós achamos fantástico o fato de um operário ter chegado à presidência da república, mas isso não fez com que deixássemos de criticar algumas medidas adotadas por ele”, ressalvou.
Mino cita o caso da Copa do Mundo de 2014. “Sediar o mundial de futebol foi uma medida populista adotada por Lula e Dilma é quem está tendo que lidar com os problemas”, explicou. Para ele, o fato de ela ter feito a concessão aos aeroportos foi uma medida desesperada para evitar um desastre durante o campeonato. E teorizou: “Se a Copa for um fracasso, isso vai repercutir no mundo inteiro e provavelmente vai destruir a campanha de reeleição”.
Ele também recordou seus tempos de faculdade. Ele contou que em 1952, quando cursava Direito no próprio Largo São Francisco, a faculdade fervilhava com o movimento estudantil. “Se tudo que acontece hoje em dia fosse naquele tempo, nós já teríamos incendiado esse prédio”, brincou.CartaCapital
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