sexta-feira, 10 de julho de 2009

Brasil de encher os olhos


EUA fecham as portas

Autor(es): Liana Verdini
Correio Braziliense - 10/07/2009


Obama diz que país não voltará a consumir como antes e orienta os exportadores a investirem no mercado interno

Os líderes dos sete países mais ricos do mundo e mais Rússia, Brasil, China, Índia, México, África do Sul e Egito se comprometeram a combater o protecionismo e a evitar a desvalorização de suas moedas como artifício para ganhar mercado tornando seus produtos mais baratos e competitivos. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em encontro reservado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alertou-o de que o nível de consumo em seu país não deverá retomar os patamares do passado. E recomendou aos países que exportam para os EUA, que privilegiem seus mercados internos.

Para Lia Vals, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, a redução do consumo americano serve de alerta para o mundo. “Mas para o Brasil este fato não é tão preocupante assim. Devemos lembrar que a participação dos Estados Unidos nas estatísticas de exportação brasileira vem caindo nos últimos anos. Tanto que hoje o maior mercado do Brasil é a China. Estados Unidos está em segundo lugar”, diz ela.

O professor do Ibmec Luiz Ozório lembra que a economia americana funcionava de forma muito alavancada, com um alto nível de endividamento tanto por parte das pessoas quanto das empresas. “Lá era comum a pessoa comprar sua casa e imediatamente hipotecá-la para conseguir dinheiro e continuar consumindo”, explica ele. Agora, o endividamento diminuiu. “O que o presidente americano disse é que o nível de consumo não volta aos patamares antigos no curto prazo, pois há menos dinheiro circulando na economia. Mas a sociedade americana é baseada no consumo e tão logo a crise amenize, as compras tendem a voltar aos patamares antigos.”

Compromisso


Reunidos na cidade de Áquila, na Itália, os líderes do G-8 (os mais ricos e Rússia), do G-5 e do Egito se comprometeram a trabalhar por: uma nova regulação do mercado financeiro, a retomada do mercado de crédito, a volta das negociações da Rodada de Doha. Um grupo de adolescentes brasileiros participou das atividades do G-8, incluindo Mayara Tavares, de 17 anos, que posou em foto ao lado dos líderes de Estado.

“Esta declaração não é diferente daquela já feita pelo G-20. Ou seja, eles exortam os líderes mundiais, neste momento de queda da economia global, a não praticarem o protecionismo seja de que forma for, estabelecendo barreiras ou promovendo a desvalorização de suas moedas”, analisa a economista Lia Vals. “O que eles se comprometeram é em não praticar a ‘política do empobrecimento do vizinho’, em que se tenta ganhar mercado em cima do outro e todos acabam pior do que no início do processo.”

O professor do Ibmec explica que a preocupação dos líderes mundiais com a não desvalorização de suas moedas é uma forma de preservar o dólar, a moeda que respalda o comércio internacional. “Vamos lembrar que a grande parcela das reservas dos países está aplicada em dólar. Por exemplo: a China produz, os Estados Unidos compram produtos de lá e os dólares usados para pagar esta importação acabam comprando títulos do tesouro americano. Ou seja, qualquer flutuação da moeda americana tem um impacto direto nas reservas de quase todo o mundo. Então, preservar o dólar é manter estável o referencial de troca e o sistema atual.”

Em relação a Doha, em que os líderes negociam a liberalização do comércio mundial desde 2001, os economistas apostam mais em um efeito demonstração do que em um avanço real. “O momento mundial é muito ruim para se imaginarem novidades nesta área”, observa Lia Vals.

Obama na seleção

A popularidade do futebol nacional motivou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a presentear autoridades estrangeiras com uma camisa da seleção autografada por jogadores. Em conversa com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, Lula demonstrou interesse em levar o mimo para Paris, Roma e Áquila. Ontem foi a vez do presidente americano, Barack Obama (foto), receber o presente. “Olha isso. Maravilhoso”, disse enquanto mostrava a camisa aos fotógrafos. Ele brincou com Lula sobre a recente final da Copa das Confederações, em que o Brasil virou o jogo no segundo tempo e venceu por 3 a 2. “Os EUA não tomarão mais uma virada”, brincou Obama. As assinaturas, no entanto, não são apenas da equipe que venceu os EUA, na África do Sul. Na camisa estão os nomes de Dida, Daniel Carvalho e Edmílson, que defenderam a seleção em 2006 e não foram mais convocados. “Foi a primeira vez que um presidente da república pediu uma camisa da seleção para dar de presente. O anterior (Fernando Henrique Cardoso) não teve essa sacada”, disse Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF. (Da Redação) .

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