quarta-feira, 8 de julho de 2009

Obama é o cara:EUA suspendem ajuda econômica a Honduras; líderes rivais vão à Costa Rica

08/07/2009
Folha Online

Os Estados Unidos confirmaram na noite desta terça-feira a suspensão da ajuda econômica a Honduras como consequência do reconhecimento, por parte de Washington, do golpe de Estado que derrubou o presidente eleito Manuel Zelaya no último dia 28. Após uma reunião com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, Zelaya partirá para Costa Rica para dialogar com o presidente interino hondurenho, Roberto Micheletti, e tentar chegar a uma solução da crise.

Um porta-voz do Departamento de Estado confirmou que devido aos eventos em Honduras foram suspensos os programas de assistência ao governo, o que indica que os EUA estão dispostos a assumir que houve golpe de Estado no país centro-americano e devem adotar uma postura mais rígida contra o governo interino.

No entanto, o departamento afirmou que a suspensão não afeta os programas de ajuda humanitária que os americanos mantêm no país.

"Portanto, ainda se esta dando ajuda alimentícia, à prevenção do HIV/Aids e outras doenças, para a sobrevivência infantil e para desastres, assim como assistência que facilite a realização de eleições", assinalou.

O porta-voz indicou que a suspensão é aplicada a programas de assistência militar e outros de ajuda ao desenvolvimento destinados ao governo de Honduras --país que nos anos 80 ficou conhecido como "porta-aviões americano", servindo de base de treinamento para os Contra, que combatiam os sandinistas na Nicarágua.

Segundo o Departamento de Estado, o montante da ajuda militar suspensa é de cerca de US$ 16 milhões. Os EUA mantêm base militar em Honduras, com aviões e 500 soldados.

Mediador

Depois de uma reunião de Zelaya com Hilllary na Casa Branca --um grupo do governo interino também tentou marcar a reunião, mas foi rejeitado por Washington--, ficou decidido que a mediação da crise será feita pelo presidente costarriquenho, Oscar Arias, que convocou as duas partes em São José para negociar.

Arias, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1987 por seus gestos para pacificar a América Central, afirmou que há "vontade de ambas as partes para buscar uma solução negociada".

O presidente antecipou que as conversas devem se prolongar por pelo menos dois dias em sua casa em São José e que, na agenda do encontro, estão "todos os temas que dividem as duas partes em Honduras.

Contudo, os dois líderes rivais não parecem tão dispostos a negociar.

Zelaya disse em Washington que não há nada a negociar, apenas determinar o "restabelecimento da ordem democrática e do presidente deposto."

Micheletti disse que não vai "negociar nada", apenas "dialogará". Em declarações a jornalistas na residência presidencial, Micheletti ressaltou que ele é "claro e contundente", e que se Zelaya quer voltar ao país, "que se apresente primeiro aos tribunais de Justiça".

Toque de recolher

Em Tegucigalpa, a capital hondurenha, o povo viveu mais uma noite de toque de recolher. Os sindicatos e organizações sindicalistas anunciaram a realização de novos protestos e marchas contra os golpistas.

Nesta terça-feira, as manifestações de partidários --e opositores-- de Zelaya terminaram sem incidentes. No domingo (5), duas pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em confrontos entre Exército e manifestantes que aguardavam o retorno de Zelaya. Segundo o governo, a polícia não deu nenhum tiro e a culpa pelas mortes é dos próprios manifestantes.

A mulher de Zelaya, Xiomara Castro, apareceu em público pela primeira vez desde 28 de junho e liderou uma marcha até a sede da embaixada americana.

Castro disse que "tudo é negociável", menos o fato de que Zelaya deve voltar ao poder.

Os partidários de Micheletti se reuniram na praça principal da cidade em uma manifestação pela "paz em Honduras."

Com Efe e France Presse

Nenhum comentário: