A imprensa é hoje um dos setores mais conservadores da sociedade brasileira. Como se evitasse enxergar os novos tempos, se atém a modelos antigos e práticas condenáveis de jornalismo, se dissociando totalmente da população, que vive um momento de otimismo e esperança com o país.
Talvez desde os anos JK, o Brasil não compartilhava uma confiança tão grande na sua capacidade e no seu destino de ser um grande país. Os indicadores econômicos são todos favoráveis e as perspectivas animadoras, desde que não se quebre a ordem constitucional. A população aprova seu presidente com índices elevadíssimos e a sucessão de pesquisas de intenção de voto demonstra claramente que o desejo é de continuidade.
Quem se manifesta contra isso: a imprensa, dando voz aos menos de 10% que consideram o atual governo ruim ou péssimo. E em seu intento de desmoralizá-lo recorre ao moralismo e à disseminação de inverdades, que evita desvendar por saber que não resistiriam a uma matéria honesta sequer. A imprensa não esconde sua dor com a iminente vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno das eleições presidenciais. Parece pasma diante da força avassaladora da população que quer eleger a candidata de Lula.
O tucano, que se apresentava como o mais preparado e capaz, revelou-se uma farsa. Não correspondeu aos anseios dessa minoria que desejava retroceder politicamente. Não se assumiu como oposição e tentou ludibriar os eleitores, buscando associar sua imagem à de Lula. Em oportunismo jamais visto numa eleição presidencial, quis parecer que ele era o candidato de Lula, numa jogada marqueteira tosca, incapaz de enganar o mais ingênuo.
Mesmo a imprensa reconheceu a insustentabilidade do gesto e até a Folha de S. Paulo, cujo instituto de pesquisas fez malabarismos para sustentar enquanto pode um empate técnico entre Dilma e Serra até perto do início da propaganda eleitoral, criticou o candidato tucano. Em editorial, condenou a artimanha da apropriação indébita do legado de Lula e o abandono de convicções próprias pela falsa imagem de um Zé que não correspondia em nada ao personagem que tentava representar.
A crítica pontual não significa uma mudança de postura por parte da imprensa. A tentativa de minar Dilma continua com matérias fantasiosas e terroristas, anunciando possíveis pacotes econômicos, numa reedição dos piores tempos da imprensa logo na primeiraeleição presidencial direta após a redemocratização. Naquela época, Fernando Collor, o candidato erigido pela mídia, disseminava o temor de que Lula, eleito, confiscaria os bens das pessoas. Vitorioso, foi Collor quem confiscou a poupança dos brasileiros e acabou afastado do poder pelo povo.
Como todos os diretores dos institutos de pesquisa afirmam que a eleição está praticamente decidida e que só um fator extraordinário alteraria o seu curso, não é difícil imaginar o esforço de certas redações em tentar criar o fato detonador de uma mudança. Foi assim que se levou a eleição de 2006 ao segundo turno, numa manobra cuja artificialidade foi provada no segundo turno, quando o candidato da mídia conseguiu a façanha de ter menos votos do que na primeira rodada.
Todo o empenho midiático pelas forças conservadoras não deve ser considerado estranho. Afinal, a grande imprensa jamais esteve ao lado das forças populares. Foi ela que alimentou o mar de lama que levou Getúlio Vargas ao gesto extremo do suicídio, foi ela que conclamou o golpe contra o governo legítimo de João Goulart, foi ela que tentou esconder o movimento pelas eleições diretas e foi ela que se manteve contra Lula durante os oito anos de seu governo.
Se foi vencedora na maior parte das vezes, a mídia hegemônica começou a ver sua influência ameaçada justamente com a ascensão de Lula. Presa aos velhos tempos, ela não se adaptou aos novos mecanismos de verificação de suas informações, à exposição frequente de seus padrões de manipulação e ao surgimento de redes alternativas de comunicação que começam a ocupar o espaço que antes lhe era exclusivo.
Mair Pena Neto, Direto da Redação
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