Paulo Cezar da Rosa
Pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada nesta quinta-feira, 26 de agosto, encomendada pelos grupos RBS e FSP, revela que Dilma já está à frente de Serra no Rio Grande do Sul. A candidata tem 43% das intenções de voto. Subiu oito pontos em relação ao levantamento anterior. José Serra vem em segundo lugar, com 39% e Marina Silva tem 7%.
A pesquisa, realizada dias 23 e 24 de agosto entrevistou 1.225 eleitores e tem margem de erro de três pontos percentuais. Portanto, já detectou o resultado dos primeiros dias de campanha no rádio e na TV. Além disso, como Marcos Coimbra já explicou, a metodologia do Datafolha de entrevistar as pessoas em pontos de fluxo e exigir telefone para que seja realizada a checagem, exclui uma parcela importante que hoje vota maciçamente em quem Lula indicar…. Ou seja, no caso, a margem de erro deve favorecer ainda mais Dilma. A realidade, no momento desta pesquisa, poderia ser 46% a 36%.
Vitória do Lulismo no pampa – Na verdade, os números são resultado do que vínhamos dizendo. A força política que mais cresce hoje no pampa gaúcho é o lulismo. Os gaúchos, depois de elegerem Lula em 89, 94, e 98, terem pendido à direita em 2002 e 2006, agora agarram-se ao lulismo. Na esteira do lulismo, o PT gaúcho tende a se reestruturar, para o pânico da direita mais agressiva.
Serra enlouqueceu? – Um amigo, que estava disposto a votar em Serra, me alertou. Ele viu os primeiros programas eleitorais. Eu não tinha visto. Ele me disse: “O Serra enlouqueceu. Olha os programas.” Fui ver e de fato meu amigo tem motivos para estar estupefato.
A propaganda comparativa no Brasil nunca funcionou direito. O consumidor não gosta. O máximo que o consumidor brasileiro admite é o padrão comparativo do Omo (Omo lava mais branco – dando a entender que os concorrentes não são tão bons) ou da Brastemp (Não é uma Brastemp – colocando a marca num patamar superior às demais). Mas a comparação direta, muito comum na propaganda norte-americana, aqui nunca conseguiu dar certo.
Também na propaganda negativa, temos nossas particularidades. A propaganda negativa funciona, principalmente na política, mas quase sempre quando feita indiretamente. Se eu falo mal do produto concorrente, e logo depois elogio o meu, a tendência do consumidor brasileiro é recusar o produto do autor da mensagem.
Marketing do desespero - O pessoal do marketing do Serra parece ter resolvido chutar a cristaleira e saiu fazendo tudo ao contrário do que manda a lógica. Fui assistir e também fiquei estarrecido. Meu primeiro pensamento foi: “O Serra enlouqueceu mesmo!”. Além de fazer uma proposta inverossímil atrás da outra, o “Zé” deu pra comparar e atacar agressivamente a candidata adversária.
Na política gaúcha, Tarso Genro fez algo parecido em 2002. Atacou Antônio Britto insistentemente. Passou do tom e em quinze dias perdeu a eleição para Germano Rigotto, que havia iniciado lá embaixo. O pessoal do Serra ao que tudo indica não extraiu nenhuma lição do episódio. A continuar assim, a tendência é o tucano sofrer uma derrota devastadora também no Rio Grande do Sul.
Efeitos colaterais – Tarso, aliás, é quem pode agora sair favorecido com o crescimento de Dilma. O petista vem acumulando “milhas” de vantagem. Como diz um ditado, está comendo o angu pelas beiradas.
Enquanto isso, Fogaça, que contrariou a posição nacional do PMDB e de seu aliado no estado, o PDT, assumindo uma “imparcialidade ativa” na questão nacional, pode acabar vendo sua estratégia naufragar. O peemedebista, mantendo-se equidistante da disputa presidencial, pensa que o eleitorado da tucana Yeda Crusius pode vir a apoiá-lo e compor uma possível maioria no segundo turno.
Como no futebol, é possível que os estrategistas de José Fogaça não tenham combinado com os russos. CartaCapital.
Pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada nesta quinta-feira, 26 de agosto, encomendada pelos grupos RBS e FSP, revela que Dilma já está à frente de Serra no Rio Grande do Sul. A candidata tem 43% das intenções de voto. Subiu oito pontos em relação ao levantamento anterior. José Serra vem em segundo lugar, com 39% e Marina Silva tem 7%.
A pesquisa, realizada dias 23 e 24 de agosto entrevistou 1.225 eleitores e tem margem de erro de três pontos percentuais. Portanto, já detectou o resultado dos primeiros dias de campanha no rádio e na TV. Além disso, como Marcos Coimbra já explicou, a metodologia do Datafolha de entrevistar as pessoas em pontos de fluxo e exigir telefone para que seja realizada a checagem, exclui uma parcela importante que hoje vota maciçamente em quem Lula indicar…. Ou seja, no caso, a margem de erro deve favorecer ainda mais Dilma. A realidade, no momento desta pesquisa, poderia ser 46% a 36%.
Vitória do Lulismo no pampa – Na verdade, os números são resultado do que vínhamos dizendo. A força política que mais cresce hoje no pampa gaúcho é o lulismo. Os gaúchos, depois de elegerem Lula em 89, 94, e 98, terem pendido à direita em 2002 e 2006, agora agarram-se ao lulismo. Na esteira do lulismo, o PT gaúcho tende a se reestruturar, para o pânico da direita mais agressiva.
Serra enlouqueceu? – Um amigo, que estava disposto a votar em Serra, me alertou. Ele viu os primeiros programas eleitorais. Eu não tinha visto. Ele me disse: “O Serra enlouqueceu. Olha os programas.” Fui ver e de fato meu amigo tem motivos para estar estupefato.
A propaganda comparativa no Brasil nunca funcionou direito. O consumidor não gosta. O máximo que o consumidor brasileiro admite é o padrão comparativo do Omo (Omo lava mais branco – dando a entender que os concorrentes não são tão bons) ou da Brastemp (Não é uma Brastemp – colocando a marca num patamar superior às demais). Mas a comparação direta, muito comum na propaganda norte-americana, aqui nunca conseguiu dar certo.
Também na propaganda negativa, temos nossas particularidades. A propaganda negativa funciona, principalmente na política, mas quase sempre quando feita indiretamente. Se eu falo mal do produto concorrente, e logo depois elogio o meu, a tendência do consumidor brasileiro é recusar o produto do autor da mensagem.
Marketing do desespero - O pessoal do marketing do Serra parece ter resolvido chutar a cristaleira e saiu fazendo tudo ao contrário do que manda a lógica. Fui assistir e também fiquei estarrecido. Meu primeiro pensamento foi: “O Serra enlouqueceu mesmo!”. Além de fazer uma proposta inverossímil atrás da outra, o “Zé” deu pra comparar e atacar agressivamente a candidata adversária.
Na política gaúcha, Tarso Genro fez algo parecido em 2002. Atacou Antônio Britto insistentemente. Passou do tom e em quinze dias perdeu a eleição para Germano Rigotto, que havia iniciado lá embaixo. O pessoal do Serra ao que tudo indica não extraiu nenhuma lição do episódio. A continuar assim, a tendência é o tucano sofrer uma derrota devastadora também no Rio Grande do Sul.
Efeitos colaterais – Tarso, aliás, é quem pode agora sair favorecido com o crescimento de Dilma. O petista vem acumulando “milhas” de vantagem. Como diz um ditado, está comendo o angu pelas beiradas.
Enquanto isso, Fogaça, que contrariou a posição nacional do PMDB e de seu aliado no estado, o PDT, assumindo uma “imparcialidade ativa” na questão nacional, pode acabar vendo sua estratégia naufragar. O peemedebista, mantendo-se equidistante da disputa presidencial, pensa que o eleitorado da tucana Yeda Crusius pode vir a apoiá-lo e compor uma possível maioria no segundo turno.
Como no futebol, é possível que os estrategistas de José Fogaça não tenham combinado com os russos. CartaCapital.
Nenhum comentário:
Postar um comentário