sexta-feira, 13 de maio de 2011


Denise Rothenburg


Correio Braziliense - 13/05/2011

Das heranças que recebeu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma das que mais agradou ao estilo de trabalho exigido pela presidente Dilma Rousseff foi a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Discretíssima, Izabella esteve presente em todas as fases de discussão do Código Florestal. Ao ponto de ontem ter recebido um telefonema da senadora Gleisi Hoffmann lhe parabenizando pela postura firme.

Izabella é considerada entre os assessores palacianos uma grande surpresa. A mesma Dilma Rousseff que, quando ministra da Casa Civil, enfrentou um duro embate com a então ministra Marina Silva, não teve o menor problema com ela. Ao contrário: é vista como alguém que consegue buscar um ponto de equilíbrio. Recentemente, aceitou, por exemplo, que as áreas destinadas à agricultura familiar ficassem fora das exigências de preservação. Apesar disso, em vários pontos, ela sempre atua de forma a fazer com que a balança acabe pendendo para o lado ambientalista. Ao longo das negociações do Código Florestal dentro do governo, foi ela — não o ministro da Agricultura, Wagner Rossi — a mais ouvida durante as conversas em curso na Casa Civil, o que acabou irritando mais os ruralistas e criando desconfianças na hora de votar o projeto.

Apesar do adiamento da votação ontem e da ausência de acordo, a presidente Dilma Rousseff não está disposta a dar uma guinada em favor dos ruralistas e pretende ficar mesmo com as questões propostas pelo Ministério Meio Ambiente. Além, é claro, de ter uma preferência pelos argumentos técnicos de Izabella, Dilma está de olho na pressão internacional e na esperança de apresentar o Brasil como o grande patrocinador do desenvolvimento sustentável, em especial, na Conferência Rio 20, no ano que vem.

Na próxima semana, a presidente assinará um novo decreto criando o grupo de trabalho do governo que irá coordenar o encontro. A intenção do Planalto é a de que o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, divida a tarefa com a ministra do Meio Ambiente.

Izabella, 49 anos, é brasiliense. Ela comanda o Meio Ambiente desde abril de 2010, quando o então ministro, Carlos Minc, deixou o cargo para concorrer a uma vaga de deputado estadual no Rio de Janeiro. Foi uma das que Lula sugeriu à presidente Dilma que mantivesse no cargo. Formada em biologia e funcionária do Ibama desde 1984, ela tem ainda trânsito no setor internacional por conta do gerenciamento de programas com participação de organismos internacionais. Daí o fato de ser a futura coordenadora da Rio 20.

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