Um dia depois de a senadora Marta Suplicy (PT-SP) dizer que quer revanche contra José Serra (PSDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo, o novo presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que o ex-governador é um nome forte para a eleição do ano que vem. "Serra é um candidato que não se pode subestimar", observou Falcão. Para ele, o PSDB, apesar de "fragmentado", vai aglutinar forças para o confronto de 2012.
Primeiro secretário da Assembleia paulista, Falcão disse que as prévias no PT para a escolha de candidatos devem sofrer mudanças, mas não serão extintas. Em São Paulo, o partido quer distância de prévias e terá candidato próprio à sucessão do prefeito Gilberto Kassab, ex-DEM e fundador do PSD.
"Devemos estabelecer parâmetros para os debates, a fim de evitar que descambem para o plano pessoal", insistiu Falcão. No diagnóstico do deputado, a refiliação do ex-tesoureiro Delúbio Soares não significou anistia, mas "simplesmente" a constatação de que ele se comportou bem após ter sido expulso no rastro do escândalo do mensalão, em 2005.
Falcão não quis entrar em nova polêmica ao ser questionado sobre a possibilidade de Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, também pedir reintegração. "É uma decisão que cabe a ele, não depende de mim. Ele não foi expulso. Ele se desfiliou. Quem se desfilia pode se filiar quando bem entender", disse. Sempre contido, Falcão abriu um sorriso quando perguntado se ficará à sombra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comando do PT. "Para mim, é uma felicidade contar com a sombra dessa copa tão frondosa me protegendo", brincou.
O sr. votou a favor do retorno do ex-tesoureiro Delúbio Soares ao PT. Por que reintegrar nesse momento o pivô do escândalo do mensalão, acusado de gestão temerária no partido?
Delúbio apresentou seu pedido de filiação e o Diretório, por ampla maioria, a concedeu. Essa decisão não significou nem anistia nem reconhecimento de que a decisão anterior fora equivocada. Simplesmente se fez uma avaliação de que, nesses seis anos, não havendo punição perpétua no PT, o comportamento dele permitia que se filiasse.
Mesmo no PT há quem considere a volta de Delúbio como um tiro no pé para a imagem do partido da presidente Dilma. Além disso, pode até mesmo contaminar o julgamento dos réus do mensalão pelo STF. Como o sr. se posiciona a esse respeito?
Eu entendo que os ministros do Supremo vão julgar conforme os autos. Acho que isso não tem influência nem positiva nem negativa no julgamento.
O sr. também é favorável à volta do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira?
É uma decisão que cabe a ele, não depende de mim. Ele não foi expulso. Ele se desfiliou. Quem se desfilia pode se filiar quando bem entender. Não me cabe emitir opinião.
O sr. foi secretário municipal de Governo de Marta Suplicy, hoje senadora. Vai defender a candidatura dela à Prefeitura?
Marta é um dos grandes nomes que o partido examina, em São Paulo. Tem outro nome também muito forte, que é o do ministro Aloizio Mercadante.
Mas o ex-presidente Lula disse que é preciso um nome novo para disputar contra o PSDB. Ele quer um PT de cara nova...
É por isso que não quero manifestar preferência. Há nomes que se encaixam nesse perfil. Temos os deputados Jilmar Tatto e Carlos Zarattini. O ministro Fernando Haddad também tem sido muito mencionado. A ideia é chegar a uma candidatura ainda neste ano.
Há uma proposta para acabar com as prévias no PT ou restringi-las ao máximo. O que o sr. pensa sobre isso?
Vamos regulamentar melhor as prévias no PT. Quem sabe, por exemplo, elevar as exigências de assinaturas para a apresentação de candidatos. Devemos estabelecer parâmetros para os debates, a fim de evitar que descambem para o plano pessoal.
Lula está fazendo várias articulações no PT. O sr. vai comandar o partido à sombra dele?
É uma felicidade poder contar com a sombra dessa copa tão frondosa me protegendo.
Quem será o maior adversário do PT na eleição para a Prefeitura de São Paulo, em 2012? O ex-governador Serra?
Se ele for candidato, será sempre um candidato forte pelo recall que tem, pela expressão de votos que obteve em várias eleições. Serra é um candidato que não se pode subestimar. E o PSDB, apesar de fragmentado, vai aglutinar outros setores.
O sr. tem dúvidas sobre a candidatura dele no ano que vem?
Ele tem encarado isso como proposta de inimigo (risos).
O PT está insatisfeito com a composição do segundo escalão do governo Dilma e alega continuar sub-representado, apesar de manter 17 ministérios. Como conter esse descontentamento?
Eu acho que o PT está bem representado. A montagem do segundo escalão demanda muita conversa e paciência, principalmente quando o governo é de coalizão. Quero construir uma interlocução com a presidenta Dilma e com o núcleo do governo para debater política.
A alta da inflação e a política econômica do governo Dilma também preocupam o partido.
O Diretório Nacional considerou correta a orientação dada pelo governo tanto à política econômica como ao combate à inflação, feito sem sacrificar programas fundamentais. Diferentemente de outros governos, no nosso o combate à inflação não se faz com recessão.
Mas os juros continuam altos.
Não tanto quanto chegaram no governo Fernando Henrique. |
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