Se você é daqueles que abrem o jornal e não partem da premissa de que nem sempre os jornalistas divulgam o fato, mas a sua interpretação do fato, e que na maioria da redações dizer a verdade não é obrigatório pois o importante é defender ou atacar inimigos ou amigos dos patrões-proprietários – você não estará lendo o jornal. Estará engolindo cegamente informação de péssima qualidade. Estará fazendo parte daquele grupo de tolos, frequentes usuários da expressão “É verdade, saiu no jornal tal”.
Se você não enxerga que muitas vezes o grupo de empresas de comunicação que controla tudo o que é lido no Brasil organiza uma empreitada para formar uma opinião pública através de várias opiniões publicadas, destruir reputações e interferir em eleições, governos e julgamentos, então você é – como bem o apelidou William Bonner aqui – um autêntico Homer Simpson, o vidiota manipulado.
Se você não leva em conta que os jornalões, revistas e emissoras de rádio e TV que dominam o mercado atual ergueram-se fomentando e apoiando o golpe de estado contra João Goulart, em 1964, e que receberam concessão e subsídios dos golpistas em troca de apoio, bajulação e a falsa legitimação de seu governo, então você não sabe nada sobre a história recente do seu país.
No Brasil, infelizmente, as verdades escondem-se nas entrelinhas das manchetes e são impedidas de vir a tona pela ausência de um marco regulatório que democratize as comunicações e traga luz à pluralidade de opiniões.
Ler ou assistir o jornal no Brasil exige um filtro mental. É preciso “extrair” a verdade de suas páginas sem se deixar contaminar pelo golpismo embutido em suas matérias. E isso exige treino.
Nossa imprensa é selvagem, partidária e anti-democrática. Partidos inteiros e até presidentes eleitos e aprovados por 70% do povo a temem mortalmente. Só aqui é possível que homens como José Dirceu, José Genoíno, João Paulo Cunha ou Luiz Gushiken sejam massacrados em suas páginas durante 7 anos, sem direito a nenhuma defesa, pelo simples fato de pertencerem a um partido criminalizado por tomar o poder das elites democraticamente.
Nossa imprensa considera-se onipresente e onipotente. O simples fato de um juiz exigir provas para condenar o réu torna-se um insulto aos seus chefes de redação. Por outro lado, consideram normal que um banqueiro mafioso receba de um ministro da mais alta corte da justiça dois Habeas Corpus em menos de 48 horas.
Os barões da mídia brasileira consideram-se o segundo poder da República. Conseguem “proibir” que o chefe de redação da revista de maior tiragem do país seja convocado para prestar esclarecimentos numa CPI sobre sua ligação umbilical com um mafioso que mandava “plantar” matérias em suas páginas para atingir ou incriminar inimigos. O jornalismo feito em suas redações é imoral e desprovido de escrúpulos: escala um repórter otário para invadir o quarto de hotel de um político desafeto com a missão de instalar uma câmera de espionagem e “plantar” ou “colher” documentos que incriminem o hóspede.
Nossa imprensa, enfim, é obsessivamente predadora. Lula – o operário sem diploma, eleito presidente da república e que contrariou todos os prognósticos de que seu governo seria um desastre – continua sendo alvo de seus ataques. Mesmo fazendo um governo amplamente aprovado pelo povo e por toda a mídia… internacional!
Fonte:O que será que me dá?
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