A candidatura de Eduardo Campos decolou, mas foi no Twitter e não valeu pontos. Quatro vídeos postados receberam mais de 5 mil retuítes. O problema é que os autores do endosso eram os chamados “robozinhos”.
De acordo com o site Muda Mais, ligado ao PT, foi uma manobra amadora de marqueteiros do PSB: “Neste caso foi utilizada uma fazenda de robôs, mas não era na zona rural brasileira, era no exterior. Todos possuem nomes estrangeiros e apenas o nome editável foi alterado para língua portuguesa”.
Segue: “Os 5001 robôs retuítam exatamente as mesmas coisas e usam quase sempre as mesmas fotos nos perfis e ditados populares nas bios. Em uma busca rápida no Google, é possível ver que eles simplesmente não existem, nem nas cidades a que referem-se, nem no mundo. (…) O que impressiona nesta ação é que destes 5 mil robôs, 1.958 são os mesmos que atacaram a Copa do Mundo e o ex-presidente Lula, no dia 3 de abril, divulgando post do site Portuguese Independent News.”
A acusação gerou uma resposta da equipe de Campos, afirmando que sua conta oficial sofreu, na verdade, um ataque. “Condenamos veementemente práticas como essas e o uso político de perfis fakes. As redes sociais, hoje, são um dos maiores palcos de debate sobre o Brasil e sobre o futuro do país. Nós defendemos uma campanha limpa, tanto nas ruas como na internet. Quanto mais o debate sobre o novo Brasil se anuncia, mais os membros da velha política se assustam e tentam impedi-lo, também na internet. Mas este debate é inevitável.”-
Qualquer um pode comprar seguidores. No site Suba.me, um dos mais conhecidos no mercado, o preço varia entre 1600 reais (10 mil fãs) e 16 mil (100 mil fãs).
O Suba.me conta quem já os contratou: “Entre diversos clientes, podemos destacar as seguintes categorias de perfis: políticos, bandas de todos os gêneros, comediantes, lojas online, jogadores de futebol, atores, cantores evangélicos, pastores etc”.
É uma furada. Na verdade, a repercussão é vazia, é fácil detectar a fraude e não tem mais bobo no futebol.
O que não faz sentido é o seguinte: se é coisa dos inimigos de Campos, por que os robôs estavam tentando dar mais repercussão ao candidato, e não o contrário?
Em março, a Justiça mandou tirar do ar páginas do Facebook em apoio a sua candidatura. Num comunicado oficial, Eduardo Campos afirmou que “perfis falsos não tornarão este debate mais rico. Afinal, não estamos pensando em eleições; estamos pensando no Brasil.”
O jogo é pesado nas mídias sociais e sobram tiros para todos os lados. Publicitários ligados a Aécio já reclamaram que hackers são responsáveis pelo fato de pesquisas no Google relacionarem o nome do senador a “desvio” e “drogas”. No ano passado, foi revelado um esquema de espionagem ligado ao governador de Goiás Marconi Perillo. Hackers teriam grampeado telefones, invadido emails de adversários e criado seguidores falsos no Twitter para inflar o número e incomodar os críticos.
Se for comprovado que houve esse tipo de expediente, é crime previsto na legislação eleitoral. Mas vai ficar por isso mesmo. Essa é uma prática amplamente disseminada, não houve um único caso de indiciamento — e pode ser um tiro no pé. É mais fácil falar no Brasil novo, na velha política e blablablá.
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