24 de julho de 2009
Mino Carta
E noutro dia, como costumava escrever Mário de Andrade, aquele que decifrou o Brasil ao criar Macunaíma, e noutro dia verifiquei, graças a uma chamada da primeira página da Folha de S.Paulo, qual foi o erro imperdoável do presidente Lula. Se bem entendi, fatal para ele próprio e para o País que governa.
Trata-se da pretensão de inventar um candidato à sucessão desde o início do segundo mandato. Uma candidata, aliás, o que, vai ver, é pior ainda. Arrependido, contrito, fiquei presa do remorso. Pois três meses depois da posse de ex-metalúrgico para o seu segundo mandato vaticinei, no blog que mantinha então, e felizmente encerrei, a escolha de Dilma Rousseff para a candidatura petista nas eleições de 2010.
Não foi palpite feliz, adivinhação de parque de diversões, resultado de alguma conversa nos altos escalões. Cuidei de executar, apenas e tão somente, uma análise do quadro político e das alternativas oferecidas pela composição ministerial. Primeiro, comuniquei aos meus botões: eis aí dona Dilma, ela se destaca pela atuação, pelo passado, pela fidelidade, pela determinação. Em seguida, decidi ampliar o raio da minha audiência.
Não me detive. Meses após, fins de outubro de 2007, na festa do aniversário de CartaCapital, destinada, inclusive, a premiar as Empresas Mais Admiradas no Brasil, ao dar as boas-vindas aos convidados disse, impavidamente, que, no meu entendimento, Lula já tinha candidato, ou melhor, candidata. O deputado Arlindo Chinaglia, bem situado entre os presentes na qualidade de presidente da Câmara, chegou-se ao pé do meu ouvido e perguntou: “É a Dilma?” Anui, com a devida gravidade.
Vejam só do que sou capaz. Que hão de pensar de mim os colunistas da Folha? Teríamos de colocar um basta a este enredo tradicional da história do Brasil e, por que não, do mundo? Mal toma posse, o novo presidente, em qualquer canto do planeta, cogita fazer seu sucessor. Há exceções grandiosas, está claro. Fernando Henrique Cardoso pensou imediatamente em si mesmo e armou o plano para alcançar seu intento. Passava pela compra dos votos dos parlamentares vulneráveis, digamos assim. E se fez a emenda constitucional.
Ao tomar posse em janeiro de 2003, Lula tinha várias flechas em seu embornal. Na linha de frente, Zé Dirceu e Palocci. Valia a pena esperar, contudo, mesmo porque havia a válida perspectiva do segundo mandato a deitar adiante uma pradaria de oportunidades. Veio foi a tempestade do chamado mensalão, que, entre parênteses, nunca foi provado, embora provasse Lula, seus eventuais candidatos, seu governo e seu partido.
A campanha midiática contra o operário nordestino que ousou ser presidente da República mais uma vez fracassou clamorosamente e o homem foi reeleito. Sumiram, porém, tragados pelos eventos, os ungidos de outrora. Foi preciso enveredar por outra escolha. Quem seria? Tratei então de dar tratos à bola, com a inestimável contribuição dos meus botões.
E não é que Dilma Rousseff se transforma em uma candidata viável? Pesquisas encomendadas no momento pelo Planalto e pelo tucanato mostram que ela sobe vigorosamente na preferência dos eleitores. Cria-se, em consequência, uma onda de rumores, que chegam a propalar a perplexidade, quando não a incerteza, de outro candidato in pectore, o governador de São Paulo, José Serra.
Diga-se que este foi o sucessor designado desde logo quando da segunda posse de Fernando Henrique Cardoso, para ser o derrotado em 2002. De todo modo, é cedo para prognósticos, e Serra, determinado não menos que Dilma Rousseff, não é de entregar os pontos de graça. Talvez não o agrade saber, e talvez seja um motivo a mais para insistir na candidatura, que o Planalto apreciaria sobremaneira tê-lo como adversário da atual ministra-chefe da Casa Civil.
Não é de se excluir que Serra faça sua principal aposta no desfecho da CPI da Petrobras. Por trás da maior empresa brasileira está Dilma Rousseff, presidente do Conselho da companhia. CartaCapital percebe que a CPI é a enésima tentativa de turvar as águas, quem sabe a derradeira. Engendrada por uma oposição que conta com a mídia mas já viveu a triste experiência de não contar com a maioria do eleitorado.
2 comentários:
A CPI está nas mãos do Renan e do Jucá, que são amigos do peito e homens-fortes do desgoverno do "Cel." Lulla da Silva. O que poderia acontecer de ruim para o "Coronel" e seus caudatários (a candidata-botox entre eles)? Há alguém que ache, em são consciência, que essa CPI natimorta vai abrir a imensa caixa preta da PeTebrás?
Enquanto a "ditalula" não cair, as águas em que o "Coronel" navega jamais serão turvadas.
De mais a mais, não há oposição no país. Se houvesse, essa pantomima teria terminado por ocasião do "Golpe do Mensalão".
Quanto às adivinhações de Mino Carta acerca do que se passa na cabeçorra do "Cel." Lulla da Silva, ele não tem do que se vangloriar. Como fiel lambe-botas que é do "Coronel", que dificuldade teria em interpretar os recônditos desejos do seu amo e senhor?
Assim, se alguém quiser saber o que o "Coronel" quer, é só consultar o Mino Carta.
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