sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A mídia empresarial e o discurso patético de José Serra


Atordoado pelos resultados das pesquisas eleitorais, que apontam e reforçam a possibilidade de uma vitória definitiva de Dilma Rousseff já em 3 de outubro, o candidato da coligação demo/tucana à Presidência, José Serra, perdeu as estribeiras e decidiu partir para um ataque desesperado e reacionário contra a candidata e o governo Lula. O homem agora atira para todos os lados e adota um discurso ao modo e ao gosto da velha direita brasileira.

Por Umberto Martins

No 8º Congresso Brasileiro de Jornais, da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), realizado quinta-feira no Rio de Janeiro, o ex-governador paulista acusou o governo de tentar manipular e censurar a imprensa. A ANJ representa os interesses dos barões da mídia nacional, o que inclui as famílias Marinho, Frias, Mesquita e Civita.

Serra também criticou as conferências de comunicação, de direitos humanos e de cultura, além da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), gestora da TV Brasil, insinuando que conspiram contra a democracia e a liberdade da mídia.

Faltando com a verdade

Nada do que disse é novidade. Ele apenas vomitou opiniões recorrentes nos editoriais da mídia empresarial. Esta não só apoia como está em franca campanha para o candidato tucano, embora aparente indiferença e imparcialidade frente às eleições para ludibriar o distinto público.

Nada do que Serra disse é verdade. A imprensa, ou melhor, a mídia goza de absoluta liberdade no Brasil, conforme lembrou o ministro da Secretaria e Comunicação Social, Franklin Martins. Até mesmo para manipular informações, promover sensacionalismos e silenciar sobre fatos que contrariam os interesses das classes dominantes. “Serra falta com a verdade”, sentenciou o ministro.

Foi uma intervenção patética, de quem ainda não encontrou um rumo, conforme observou sua oponente, Dilma Rousseff, que refutou as falsas acusações do tucano e defendeu as conferências realizadas pelo governo Lula durante o mesmo congresso. “Eu acho estranho”, disse Dilma. “Ao mesmo tempo, o candidato tenta, de uma forma muitas vezes patética, ligar-se ao nome do presidente Lula. Fez oposição o tempo todo ao governo do presidente Lula, o partido dele e o que ele representa. Tem dia em que ele faz crítica, tem dia que tenta ligar o nome ao governo Lula.”

Na contramão da sociedade

As conferências que ele espinafrou reuniram dezenas de milhares de pessoas, mobilizadas por diferentes entidades da sociedade civil, incluindo representantes do empresariado. Seus resultados refletem um amplo processo de debate social e têm uma orientação claramente democrática.

O mote da Conferência Nacional de Comunicação (Confecon) foi a democratização dos meios de comunicação no Brasil. Suas resoluções, subscritas inclusive por empresários que não rezam pela cartilha da Globo, apontam nesta direção. Mas o evento foi boicotado pela ANJ e violentamente criticado pela mídia hegemônica, que farejou restrições ao monopólio inconteste e absoluto que os patrões exercem sobre os grandes meios de comunicação.

Serra defende a liberdade de empresa travestida de liberdade de imprensa e se coloca, uma vez mais, em flagrante oposição aos movimentos sociais e às forças progressistas. Com esta conduta, ditada pelo desespero diante da derrota anunciada pelos institutos de pesquisa, o candidato tucano tira a pele de cordeiro e mostra a cara de um lobo ferido, radicalizado, a serviço da direita. Conta com a cumplicidade descarada dos grandes meios de comunicação, que vão tombar ao seu lado em 3 de outubro, pois como em 2002 e 2006 os barões da mídia, que se julgam donos da verdade e do mundo, devem amargar a humilhação de uma nova derrota no pleito presidencial deste ano. POrtal Vermelho

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