Nubia Silveira *
Numa noite brasiliense de maio de 2007, quatro jornalistas gaúchos se reuniram numa casa do Lago Norte para fazer duas das coisas de que mais gostam: falar sobre jornalismo e saborear uma boa carne. O maître anfitrião, Luiz Claudio Cunha, e os amigos convidados, Geraldo Hasse, Luiz Lanzetta e Osmar Trindade, tinham muita coisa em comum. Além de terem trabalhado em vários jornais do Brasil, participaram de uma experiência marcante do jornalismo, na época da ditadura: o nascimento da Cooperativa dos Jornalistas e do Coojornal, um jornal alternativo. Tanto uma quanto o outro incomodaram o regime militar e fizeram história.
Como seria o esperado, no vaivém de assuntos, naquele fim de semana, em Brasília, as lembranças da Cooperativa e do Coojornal dominaram a reunião. Ali surgiu a ideia de preservar a memória desta experiência inédita. Osmar Trindade, associado de primeira hora e um dos três presidentes da Cooperativa, ao longo de sua existência, ficou encarregado de capitanear o projeto. Missão que ele topou na hora.
Passados quatro anos dessa reunião na casa de Jandyra, a Janda, e Luiz Cláudio Cunha, e dois da morte de Osmar Trindade, a editora Libretos lança na quinta-feira (9), na Assembleia Legislativa, um livro com 33 das melhores reportagens e entrevistas publicadas pelo Coojornal e um documentário de uma hora com depoimentos de muitos dos associados. Também será aberta uma exposição com as 82 capas do jornal, sendo quatro de edições especiais. No dia seguinte (10), o documentário voltará a ser apresentado e será realizado um debate com ex-coojornalistas.
O projeto da Libretos contempla em parte o idealizado por Trindade, que previa contar a história da Cooperativa e do seu principal jornal, digitalizando todas as edições do Coojornal. A falta de recursos levou à decisão de, neste momento, focar apenas no jornal, com a edição do livro e do documentário. A digitalização ocorrerá numa segunda etapa, quando forem obtidos mais recursos.
Histórias inseparáveis
Luiz Claudio lembra ter dito, no encontro em torno de um bom churrasco, “como manda a praxe gaudéria”, que a memória da Cooperativa estava centrada 90% nos jornalistas Osmar Trindade, Elmar Bones da Costa, José Antônio Vieira da Cunha, Jorge Polydoro e Rosvita Saueressig Laux, “cinco figuras fundamentais” na vida da Cooperativa. Para Elmar, Vieira, Polydoro e Rosvita, é impossível falar do Coojornal sem falar da Cooperativa. Eles são irmãos siameses. Nasceram, sobreviveram e morreram juntos.Continue lendo
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