segunda-feira, 11 de julho de 2011

José Serra, o conselheiro


Em um gesto inusitado (mas não imprevisível), o ex-governador José Serra, na qualidade de presidente do conselho político do PSDB, divulgou um documento que deixou embaraçada a direção de seu partido. “Nossa Missão” tem um título que sugere que o autor ao menos tentava olhar o Brasil de uma perspectiva partidária e coletiva, mas não o fazia.


A publicação aconteceu no blog do ex-candidato, talvez para lhe permitir, se necessário, justificá-la como privada. Como não consultou seus colegas ou procurou saber se estavam de acordo com o que queria dizer, melhor ter esse recurso.


Isso não diminuiu o constrangimento dos líderes tucanos. O texto tinha todas as características de um documento oficial do partido, não somente pelo cargo do responsável, mas pela natureza: uma conclamação aos filiados, a proposta de uma agenda, a fixação de um calendário de ações para seus órgãos nacionais e estaduais. Só que era apenas uma manifestação pessoal.


Ao externá-la da forma que fez, Serra extrapolou o papel que lhe havia sido delegado pela convenção peessedebista de junho. Aquela, em que seu grupo foi derrotado pelo de Aécio Neves, em que tentou, sem sucesso, emplacar a direção do Instituto Teotônio Vilela e na qual foi obrigado a se contentar com a presidência do então criado conselho.


Parece que o ex-senador queria dar uma resposta a seus adversários de dentro do partido. Se achavam que ficaria quieto em seu canto, satisfeito com o cargo honorífico a ele destinado, se enganavam. Na primeira oportunidade, veriam do que era capaz.


Escolheu uma hora inconveniente. Veio com um texto agressivo, cheio de acusações e ressentimentos, justo quando a convivência entre o PSDB e o PT começava a perder a beligerância do período eleitoral, quando o clima (por obra sua) ficara mais tenso que o normal para nossos costumes políticos.
Partiu de Dilma Rousseff o primeiro movimento de desanuviamento dos espíritos, na carta de homenagem a Fernando Henrique pelos seus 80 anos. Até contrariando os sentimentos de parte do PT, havia sido bem mais que protocolar no reconhecimento de sua contribuição para o Brasil de hoje.


FHC respondeu acenando com uma proposta de entendimento mínimo entre governo e oposição para enfrentar as dificuldades externas. Embora velhas desavenças permanecessem, o ex-presidente sinalizava que um diálogo mais produtivo entre os dois lados era possível.


Para Serra, não. De seu ponto de vista, tucanos e petistas são inimigos irreconciliáveis e suas visões do Brasil, antagônicas. Uns estão totalmente certos, outros inteiramente errados. No seu partido só há gente notável, no outro só incapazes, oportunistas e bandidos. Lula tinha apenas “talento de animador”, Dilma faz um governo “autoritário e incompetente-”.


O mais extraordinário no texto de Serra é entender porque não aproveitou a última campanha presidencial para defender ideias como essas, deixando para fazê-lo agora, de forma tão mais limitada. Como comparar um blog à enorme mídia de que dispunha?


Entre agosto e o fim de outubro de 2010, Serra teve mais tempo de televisão e rádio que qualquer anunciante privado. Se quisesse, poderia ter lançado uma marca, uma moda, uma ideia.


Imaginando que a visão de Brasil que transparece em seu texto não foi inventada de repente, que não foi agora que ficou sabendo do que se passa no País que queria governar, a pergunta é por que se calou quando teve a oportunidade de falar. Por que subtraiu do cidadão verdades tão graves?


Hoje diz, por exemplo, que o governo FHC não é devidamente “reconhecido”. Como se não fosse ele quem nunca falou em Fernando Henrique nas suas campanhas. Quem sempre pretendeu não ter vínculos com o governo que integrou por oito anos.


Quando pôde se dirigir ao País sem qualquer embaraço, o que fez foi se apresentar como “o candidato mais preparado para prosseguir a obra de Lula”. Nem uma palavra se ouviu para criticá-lo. Seu discurso era ser “o Zé que vai continuar o trabalho do Lula da Silva”.


É, realmente, um percurso peculiar: do mais lulista ao mais radical dos oposicionistas, em questão de meses. Outro dia mesmo, brigava com Dilma pelo posto de campeão da continuidade. Agora, é o tucano incendiário, para quem nada presta no governo.

O texto termina de forma patética: depois de instar “nossas direções em todos os níveis” à “combatividade”, Serra pede a seus companheiros (até com humildade) que “não antecipem as decisões sobre alianças e candidaturas em 2014”. Ou seja, que não o descartem de vez.
O que não quer é reconhecer que seu sonho de ser presidente da República acabou.

4 comentários:

Zé disse...

Esse demente é tão humilhado no Brasil que já perdeu há muito tempo a noção de ridículo.

Ele não sabe mais o que fala. Avisem a família que o gagá está senil.

Contínuo do PIG, só serve pra isso!

H.Pires disse...

Se um texto é escrito e "elaborado" por um PATETA, qual seria o teor desse "texto"? Evidentemente que ao fim, tem-se um TEXTO PATÉTICO e LOTADO DE "TRECHOS", onde a INSANIDADE(do "elaborador" deste texto) fica ESCANCARADA.

PERNAMBUCANO FALANDO PARA E COM O MUNDO disse...

Para até que ele se esqueceu quando, quase chorando e implorando ao Aécio, disse:
"VOCÊ NÃO PERCEBE QUE É A MINHA ÚLTIMA CHANCE?"

VERA disse...

Não satisfeito em apelar aos meios mais rasteiros para tentar vencer as eleições, esse ser ABJETO agora se HUMILHA perante seus pares, para não ser atirado na caverna do ostracismo!!!

A cada dia, sinto mais ASCO desse IDIOTA!!!