Se as eleições presidenciais argentinas fossem hoje, a presidente Cristina Kirchner seria reeleita no primeiro turno, com o apoio de metade do eleitorado. Ela teria mais votos que todos os partidos da oposição juntos, indicam os resultados oficiais das primeiras primárias. Ontem, 22 milhões de argentinos foram às urnas para decidir quem disputará as eleições presidenciais de 23 de outubro.
Em um distante segundo lugar ficou o deputado social-democrata Ricardo Alfonsín e o opositor peronista e ex-presidente Eduardo Duhalde, com 12,1% dos votos cada, segundo uma lenta apuração que na manhã de segunda-feira computou 96,8% dos votos.
O bom resultado obtido pela presidente, junto com o fragmentado voto opositor, abre caminho para que o partido governista peronista — que prometeu aprofundar suas políticas intervencionistas — vença um novo mandato de quatro anos nas eleições de outubro sem a necessidade de um segundo turno, segundo analistas.
"Com quase 50% dos votos (Kirchner) caminha para vencer o primeiro turno. Além disso, o cenário da oposição é muito complexo. Parece difícil, com tanta paridade, que algum dirigente da oposição possa concentrar o voto anti-Kirchner (anti-governo)", disse Mariel Fornoni, diretora da consultora Management & Fit.
As eleições primárias funcionam como uma espécie de termômetro para as eleições de outubro. Para vencer no primeiro turno, o candidato deve receber mais de 40% dos votos e 10% de diferença para o segundo colocado. O segundo turno ocorrerá em 10 de dezembro.
Cenário
Kirchner, de 58 anos, venceu a votação em 23 das 24 unidades federativas da Argentina, obtendo vantagem tanto nas grandes cidades como nos distritos com muitos eleitores rurais. Este resultado mostra "a recuperação dos votos de setores médios e de pequenos e médios produtores agropecuários", disse o sociólogo Artemio López, da consultora Equis.
Grande parte da classe média do país havia dado as costas para Kirchner nas eleições de 2009. E o poderoso setor agrícola, pilar da economia local, havia se rebelado contra seu governo em 2008, quando resistiu com greves e mobilizações à alta dos impostos.
Dos dez candidatos que participaram das primárias para a Presidência, três não conseguiram a votação mínima exigida de 1,5% e não disputarão o primeiro turno da eleição presidencial.
O ex-presidente Eduardo Duhalde (que elegeu Néstor Kirchner seu sucessor e é inimigo político de Cristina Kirchner) e Ricardo Alfonsin (filho do ex-presidente Raul Alfonsin) praticamente empataram, cada um com 12% dos votos. Em terceiro lugar ficou o socialista Hermes Binner, com 10%. Pela legislação eleitoral, mesmo que quisessem, os três não podem se unir e formar uma nova aliança. A oposição só pode formar uma frente comum se alguns candidatos renunciarem em favor de um nome.
Paralelamente, cerca de 29 milhões de eleitores foram às urnas para escolher candidatos a governador, senador e deputado.
Para os analistas políticos, os resultados mostraram a debilidade da oposição - fragmentada - no cenário político argentino. "Ou a oposição se reorganiza e apresenta uma proposta mais atraente ou repetirá a derrota na eleição presidencial", disse Rosendo Fraga, do Instituto Poliarquía.
Foi a primeira vez que a Argentina votou em eleições primárias que definirão os candidatos para as eleições presidenciais de outubro. Os eleitores votaram em listas de pré-candidatos à Presidência e vice, deputados de províncias e na capital, Buenos Aires, e senadores em Buenos Aires, Formosa, Jujuy, La Rioja, Misiones, San Juan, San Luis e Santa Cruz.
Emocionada, Cristina Kircher compartilhou o palco com a filha, Florência, e com seu candidato a vice, o ministro da Economia, Amado Boudou. Os seguidores da presidente ergueram bandeiras, bateram tambores e cantaram a tradicional marcha peronista – ligada ao movimento político fundado pelo ex-presidente Juan Domingo Perón, nos anos 40.
Da Redação, com informações de agências
Um comentário:
O povo argentino aprendeu a votar.
Agora é só partir pro abraço.
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