O Jobim pode ser arrogante. O Jobim pode ser oportunista. O Jobim pode ser uma espécie de Fouché brasileiro, na sua capacidade de servir a tucanos e petistas ao sabor das conveniências. O Jobim, além de tudo, maltrata um dos nobres sobrenomes brasileiros. Jobim é nome de maestro, nome de poeta. Não deveria ser nome de minsitro fanfarrão.
Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador
Jobim pode ser tudo isso: arrogante, oportunista e fanfarrão. E muito mais. Mas uma coisa ele não é: bobo. Ninguém acredita que um homem experiente, que já passou pelos 3 poderes da República, teria sido “infeliz” em seguidas declarações “desastradas”.
O que move Jobim?
Augusto da Fonseca, no “Festival de Besteiras da Imprensa”, testa uma hipótese: Jobim quer comandar a oposição. Por isso, Dilma teria tolerado tantas bobagens ditas pelo fanfarrão. Tudo o que ele quer é ser demitido, pra sair como vítima de uma presidenta que “maltrata” aliados (?!). A hipótese de Augusto é que Jobim esteja preparando o terreno para voltar ao leito original: um peemedebista a serviço do demo-tucanismo, a serviço de Serra.
Pode ser... Mas, pergunto eu ao Augusto, por que Jobim teria resolvido agir agora? A eleição de 2014 não está longe demais? Parece cedo para fazer o papel do melindrado que salta para o barco do tucanismo.
Vou testar outra hipótese: Jobim era o principal articulador da concorrência para compra dos aviões da FAB. No governo Lula, tudo apontava para os “Rafalle” – aviões franceses. Jobim era o fiador dessa escolha, a maior concorrência para compra de aviões militares no mundo. Não era pouca coisa. Não era pouco dinheiro em jogo.
No governo Dilma, os concorrentes do Rafalle (suecos e norte-americanos) parecem ter voltado ao páreo. Jobim teria sido colocado de escanteio na negociação? A súbita verborragia do (ex) ministro — que (com um não de atraso) resolveu declarar voto em Serra, além de atacar o núcleo da coordenação política do governo Dilma — parece indicar que há algo no ar além dos aviões franceses…
Seja como for, a saída de Jobim deixa uma gostosa avenida aberta para o verdadeiro partido de oposição, a velha mídia brasileira. Sem Jobim, o “caosaéreo” já pode voltar às manchetes. Também surge uma chance de prolongar a tal “crise entre os aliados do governo”. Jobim fora do governo, fora de um ministério poderoso, é chance para muita fofoca, para muita intriga a mostrar que a aliança com o PMDB “não vai bem”.
A velha mídia vai deitar e rolar. E daí? E daí, nada.
Na minha modestíssima opinião, Dilma ganha muito ao se livrar de Palocci e Jobim. Os dois eram parte da face mais “atucanada” desse governo — que começou titubeante em muitas áreas. Ainda mais porque já se confirma: Celso Amorim será o novo ministro da Defesa. Sai o Jobim que se apequena diante de embaixadores estrangeiros, entra o Amorim que comandou a política externa independente sob Lula.
Além dessa ótima notícia, surgem aos poucos outros sinais positivos no governo:
– Dilma mostra que vai defender a economia brasileira da guerra cambial; não se renderá à lógica idiota dos comentaristas liberais; o governo vai intervir (e já começou a intervir) para defender indústrias e empregos;
– Dilma faz a autocrítica por se afastar de sua base original; mostrou isso ao se unir de surpresa a sindicalistas que estavam no Palácio — Dilma pediu desculpas por não ter incluído as centrais no debate sobre a nova política industrial.
Livre dos atucanados, firme na defesa da indústria (e dos empregos), e caindo na real sobre quem são os verdadeiros aliados: essa é a Dilma de agosto. O que parece “crise” (nas manchetes da velha mídia e nas “reportagens” do JN de Ali Kamel) pode ser o começo de nova fase de governo. Dilma se fortalece — na opinião pública — ao se livrar de “aliados” como Jobim, Palocci e “a turma do PR”. E vai-se fortalecer mais se fizer movimentos para reorganizar sua base de apoio original (na sociedade).
Dilma precisará dessa força para enfrentar as “crises fabricadas”, os ataques da velha mídia e as turbulências da economia mundial. Forte, e com a economia em ordem apesar dos sacolejos no mundo, Dilma poderá olhar para Jobim e tirar a conclusão lógica: essa é uma ausência que preenche uma lacuna!
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