terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Quando os ricos sobem o morro



Quem diria que um dia viraria moda entre os ricos e famosos exaltarem as vantagens das classes C e D, mesmo que de modo condescendente, como se estivessem descobrindo agora que não ter nascido em berço de ouro pode até ser divertido.

A socialite, Narcisa Tamborindeguy, uma das “estrelas” do programa “Mulheres ricas” da Band foi manchete de revista posando em plena laje de um barraco na favela com direito a piscininha de plástico e tudo (foto). Narcisa disse que gostou tanto da novidade que já está até pensando em comprar uma laje também, para fazer dela um centro cultural. Sei!

Queria vê-la morando de verdade na comunidade, tendo que enfrentar chuva e sol subindo o morro e tendo que conviver com todas as dificuldades que os menos favorecidos têm que enfrentar em seu dia a dia.

Fácil quando se mora em meio ao luxo, aparecer de vez em quando em lugares mais pobres e posar de moça simples, alegre e descontraída, aparentando uma grande “felicidade” por estar ali, apenas para sair bem na foto fazendo média “com o povo” e a mídia.

Mas pelo visto não é só Narcisa que descobriu o caminho das favelas, outros riquinhos e artistas estão abrindo mão de festas em boites para se esbaldar nos bailes funk. Eles dizem que lá o ambiente é mais sincero e relaxado do que nas casas de luxo que sempre frequentaram. Estão todos extremamanete excitados com a possibilidade de conseguirem entrar pacificamente num mundo que só conheciam pelas imagens de tiroteio nos noticiários da TV.

Até mesmo as emissoras estão voltando os olhos para as classes menos privilegiadas, anunciando que vão dedicar novos programas a elas em suas manhãs. Mas como seriam esses programas? O que trariam de novo, já que sempre foram essas camadas da população que deram audiência e fizeram a diferença nos números do Ibope assistindo aos programas daTV aberta?

Engraçado como as coisas mudam. Quem começou a preocupar-se com os mais pobres e sem maiores oportunidades na vida, lá atras nos anos 80, foi o ex-governador Leonel Brizola quando criou linhas de ônibus entre o subúrbio e as praias e construiu os famosos CIEPs, para dar educação em horário integral às crianças e adolescentes, além de merenda decente , atividades esportivas e estudo profissionalizante.

Foi combatido ferrenhamente pela oposição. Muitos desses ricos que estão hoje festejando as favelas e seus moradores são os mesmos que os discriminaram na praia protestando com a facilidade com que tinham passado a frequentá-la junto com “a turma da zona sul”, principalmente moradores das sofisticadas orlas cariocas.

Depois Lula foi acusado por essa mesma elite de ter priorizado os carentes em seu governo dando a eles bolsas e acesso a moradia decente, em seus planos habitacionais. Foi odiado por isso pela classe A que se recusava a aceitar a C e D como gente que também é gente.

Bem, mas diante de tantas mudanças positivas de comportamento da chamada elite brasileira, a gente tem mais é que torcer para que tudo não passe apenas de mais um modismo e que os mais privilegiados estejam mesmo querendo se preocupar com quem não teve muitas chances na vida. Tomara que seja uma união de classes, na qual ricos e pobres possam se dar as mãos exatamente como são, seres humanos iguais, independente da conta no banco e do berço onde nasceram.

Que seja o início de uma justiça social no Brasil, que recentemente, foi classificado, como o segundo país do G20 com maior desigualdade social, ficando atrás apenas da África do Sul. Vida longa às Narcisas!!!!!

 

Leila Cordeiro-Direto da Redação

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