terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Eduardo Suplicy desafia Gilmar Mendes a mostrar onde é que existe lei que proíba doação a pessoas condenadas




André Richter, repórter da Agência 

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) criticou hoje (4) as suspeitas levantadas pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a origem do dinheiro doado por apoiadores do PT para pagar multas dos integrantes do partido condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão.
O senador disse que não há nenhuma irregularidade nas doações feitas aos condenados e que fez doações para ajudar a pagar as multas do ex-deputado federal José Genoino e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Ele não quis revelar o valor das doações. "Eu fui uma das pessoas que contribuiu. É mais do que legítimo que os cidadãos possam contribuir para algo que consideram adequado. Eu desafio o ministro Gilmar Mendes a mostrar onde é que existe lei que proíba isso. Acho que ele não conhece a lei brasileira".
Em entrevista no início da sessão da Segunda Turma do STF, Mendes considerou "muito esquisito" o fato de os condenados terem conseguido arrecadar rapidamente os valores. "Essa dinheirama, será que esse dinheiro que está voltando é de fato de militantes? Ou estão distribuindo dinheiro para fazer esse tipo de doação? Será que não há um processo de lavagem de dinheiro aqui? São coisas que nós precisamos examinar", questionou o ministro.
Para Mendes, o Ministério Público deve investigar também a origem dos recursos que foram doados. "Agora, vem essa massa de dinheiro. Será que vão também fazer uma arrecadação para devolver todo o dinheiro que foi desviado? Tudo estranho. Agora, é interessante que todos nós estamos noticiando isso como se fosse só um fato corriqueiro. Não, não é um fato corriqueiro, há algo de grave nisso. E precisa ser investigado", disse.
Para pagar as multas, o ex-deputado federal José Genoino (SP) e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares fizeram campanhas na internet e criaram sites próprios para receber doações de amigos e apoiadores do partido para conseguir arrecadar os valores.
Genoíno quitou a dívida de R$ 667,5 mil e Delúbio pagou R$ R$ 466,8 mil. Ambos arrecadaram mais do que o valor que tinham de pagar. O excedente será repassado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, cuja multa foi calculada em R$ 971 mil. O prazo para o pagamento ainda será definido.
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