por Mauricio Dias
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publicado
06/12/2014
Qual seria o pesadelo do juiz que aprovou as candidaturas de José Roberto Arruda e Paulo Maluf: Chávez ou Bolívar?
O ministro do STF, Gilmar Mendes
Federal (STF), pode gabar-se de ser
sincero. Se assim for, não poderá deixar de admitir que,
inelutavelmente, é parcial. No caso dele, a transparência de suas
observações mostra que ele é uma toga a serviço de objetivos políticos,
preferencialmente sintonizados com a oposição. Prioritariamente, o PSDB.
Faz sentido o amor partidário que bate no peito de Gilmar. Projetou-se
para a vida pública no governo Fernando Henrique Cardoso, no qual foi
também integrante da AGU. Por indicação de FHC, em junho de 2002, fez a
travessia para o STF.
Homem frio. Muito recentemente, não se
constrangeu em mandar reiterados pedidos ao Palácio do Planalto para
reconduzir o advogado Henrique Neves, para mais um biênio no cargo de
ministro titular do Tribunal Superior Eleitoral, do qual, atualmente,
ele, Gilmar é vice-presidente. O mandato de Neves expirou dia 13 de
novembro.
Nesse sentido, dois telefonemas de
Gilmar tilintaram nos gabinetes do ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, e de Luís Adams, ministro-chefe da Advocacia-Geral da União
(AGU). Consta que, em meio a argumentos variados, teria usado certo tom
de exigência.
Na continuidade dessa história, expressão da politização
da Justiça, surgiu uma surpreendente aliança entre o presidente do TSE,
ministro Dias Toffoli, e Gilmar, o vice.
O Natal é o mesmo, mas, tudo indica, o cristão mudou. Logo
após sentar-se na cadeira do STF, identificaram no jovem Toffoli,
ex-funcionário da Casa Civil, um representante do chamado
“bolivarianismo”. Era ele, então, um ex-subordinado do ministro José
Dirceu, homem forte do governo Lula por um tempo.
Por ironia da história, foi Gilmar o autor do batismo dado
às indicações dos governos petistas enviadas para o STF. Não se sabe se
a referência alude a Bolívar ou a Chávez. Ou o pesadelo de Gilmar será
com os dois?
Por decisão do suposto “bolivariano”
Toffoli, Gilmar Mendes tornou-se relator das contas de campanha de 2014
da presidenta Dilma Rousseff, em razão do fim do mandato de Henrique
Neves no TSE em meados de novembro.
Dilma tem a prerrogativa constitucional
de escolher livremente qualquer dos três nomes indicados em lista
tríplice que está em suas mãos.
Para o governo, a pressão de Mendes se explicaria por
conta do grau de independência dos outros dois nomes da lista: Admar
Gonzaga e Tarcisio Vieira. Ambos duelaram com Gilmar em casos relevantes
na Corte eleitoral.
Exemplos: derrotaram Gilmar Mendes,
naquele momento, porta-voz da aprovação das candidaturas de José Roberto
Arruda e Paulo Maluf, identificados como fichas-sujas. Contra os
argumentos de Gilmar, bloquearam também vários direitos de resposta
contra Dilma, encaminhados pelo PSDB no decorrer da campanha eleitoral.
Gilmar Mendes não precisou tirar a toga.
Ele foi além dos limites. Transitou de uma posição política para um
engajamento partidário. Nessa direção já disse que o direito de resposta
concedido por Gonzaga contra a revista Veja, na véspera da
eleição, fez “muito mal ao Brasil”. Houve quem pensasse o contrário. Ele
foi derrotado pela maioria. Simples regra democrática.
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