Ex-primeira-dama de MT é presa por suspeita de desviar R$ 8 milhões
Ela e outras 32 pessoas foram denunciadas por suspeita de fraude.
Mulher de Silval Barbosa, Roseli Barbosa era secretária de Assistência Social.
A ex-primeira-dama do estado e ex-secretária de Assistência Social de
Mato Grosso, Roseli Barbosa, mulher do ex-governador Silval Barbosa
(PMDB), foi presa nesta quinta-feira (20) em São Paulo pelo Grupo de
Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), durante a operação 'Ouro
de Tolo'. Ela é suspeita de liderar um esquema que teria desviado R$ 8
milhões dos cofres públicos, entre 2011 e 2014, período em que ficou à
frente da pasta.
Por meio de nota, o ex-governador Silval Barbosa informou que
encontrava-se em Cuiabá no momento da prisão e que embarcou para São
Paulo assim que soube da prisão. “O que posso dizer é que confiamos na
Justiça, mas vamos combater os excessos, pois acredito que a prisão é
desnecessária, uma vez que a Roseli não participou de nenhum esquema na
secretaria”, finalizou.
Roseli e outras 32 pessoas foram denunciadas em dezembro do ano passado
por suspeita de integrarem um esquema na Secretaria de Assistência
Social de Mato Grosso (Setas) responsável por fraudes na ordem de R$ 8
milhões, segundo o Ministério Público Estadual (MPE). O esquema foi
investigado pelo MPE na operação "Arqueiro" e tinha a participação de
servidores públicos e empresários, segundo o MPE.
O mandado de prisão preventiva foi cumprido na tarde de hoje, segundo o
Gaeco. Além dela, também foram presos o ex-chefe de gabinete do
ex-governador Silval Barbosa, Silvio Cesar Corrêa Araújo, que também foi
preso durante a Operação Jurupari, em 2010, e outras duas pessoas.
Segundo o MPE, Roseli Barbosa ainda deverá ser encaminhada de São Paulo
para a capital mato-grossense em um voo comercial. A previsão é que ela
desembarque em Cuiabá na madrugada desta sexta-feira (21). Ela deve ser
conduzida para a Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, na
capital, segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos
(Sejudh).
Os outros três foram presos em Cuiabá. Silvio e um empresário já foram
conduzidos ao Centro de Custódia de Cuiabá. Já o servidor preso foi
encaminhado para o Centro de Ressocialização de Cuiabá.
Na primeira fase da fraude, de acordo com o MPE, foram criadas
instituições sem fins lucrativos de fachada para firmar convênios com a
Secretaria de Assistência Social. Após o recebimento do valor do
convênio, a empresa ficava com 36% do valor total do contrato e
repassava 40% do valor desviado à secretária Roseli Barbosa em dinheiro e
24% para o então chefe de gabinete de Silval Barbosa e para outro
servidor da Setas. Esse percentual era dividido entre os dois. A propina
recebida também era usada para pagamento de dívidas de campanhas
eleitorais.
Operação Arqueiro
As investigações começaram após divulgação de apostilas com erros grotescos que estavam sendo utilizadas nos cursos de capacitação em hotelaria e turismo promovidos pelo governo do estado.
Roseli Barbosa é casada com o ex-governador
Silval Barbosa (PMDB) (Foto: Jana Pessôa/Setas-MT)
Silval Barbosa (PMDB) (Foto: Jana Pessôa/Setas-MT)
Segundo o Ministério Público, servidores públicas da Secretaria de
Assistência Social e organizações sem fins lucrativos teriam formado um
conluio para fraudar licitações e convênios do governo. Os suspeitos
foram denunciados por constituição de organização criminosa, corrupção,
peculato, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e outros crimes.
O líder da quadrilha seria um empresário que atua no ramo de cursos
profissionalizantes e que é dono de três instituições sem fins
lucrativos que estariam sendo usadas na prática de crimes contra a
administração pública. Duas dessas instituições, além de uma terceria
empresa, teriam recebido quase R$ 20 milhões nos últimos dois anos para
oferecer cursos em programas sociais do estado.
De acordo com o MPE, os suspeitos usavam os nomes de "laranjas" para
conseguir as contratações. A qualidade dos cursos também é alvo de
questionamento por parte do Ministério Público. Em um dos casos,
revelou-se que a pessoa contratada para elaborar o conteúdo das
apostilas tem apenas o ensino médio completo. Esta mesma pessoa
confessou em depoimento que copiou todo o material pela internet e
recebeu R$ 6 mil pelo serviço.
Com base nas investigações, mandados de busca e apreensão da operação
Arqueiro foram cumpridos em abril do ano passado no prédio da Setas,
tendo como alvos documentos contábeis, licitatórios, de liquidação e de
prestação de contas referentes a convênios firmados entre o estado e
institutos de fachada para a realização de cursos profissionalizantes.
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