Valentemente, assim que os donos determinaram, os jornalistas da Globo pararam de falar no impeachment de Dilma.
Um
deles, Erick Bretas, tratou até de trocar a foto de perfil de seu
Facebook. Ele tinha colocado a inscrição “gave over” (fim de jogo), por
ocasião de uma manifestação anti-Dilma, para a qual conclamara seus
seguidores.
Trocou-a, com a nova orientação patronal, por uma bandeira do Brasil.
Agora, com a mesma valentia com que recuaram instantaneamente, os
editores, colunistas e comentaristas da Globo avançam, novamente sob
ordens patronais, contra Lula.
Todas as mídias da Globo vêm sendo usadas para investir contra Lula, por conta, naturalmente, de 2018.
Tevê, jornal, rádio, internet – são os Marinhos e seus porta-vozes contra Lula.
A novidade aí parece ser a substituição da Veja pela Época na repercussão dos sábados à noite do Jornal Nacional.
Nem para isso mais a Veja serve. Nem para servir de alavanca para o
Jornal Nacional. É uma agonia miserável e solitária a da revista dos
Civitas.
Lula, em seus anos no Planalto, nada fe para enfrentar a concentração
de mídia da Globo, algo que é um câncer para a sociedade pelo potencial
de manipulação da opinião pública.
E agora paga o preço por isso.
Verdade que, acertadamente, ele decidiu não ficar “parado”. Pássaro parado, disse Lula, é mais fácil de ser abatido.
E então Lula decidiu reagir.
Pelo site do Instituto Lula, ele tem rebatido as agressões dos Marinhos, minuciosamente.
E tem anunciado processos quando se sente injustiçado – um passo
fundamental para colocar alguma pressão nos caluniadores e, também, nos
juízes complacentes.
Há um tributo involuntário no movimento anti-Lula da Globo. É um reconhecimento, oblíquo que seja, de sua força.
É assim que o quadro deve ser entendido.
Quem pode ser o anti-Lula em 2018? Aécio, Alckmin e Serra, os nomes
do PSDB, seriam provavelmente destruídos ainda no primeiro turno.
Imagine Lula debatendo com cada um deles.
Fora do PSDB, é um deserto ainda maior. De Marina a Bolsonaro, os
potenciais adversários de Lula equivalem ao Vasco da Gama no
Brasileirão.
Neste sentido, o boneco de Lula, o Lulão, surge mais como desespero
da oposição do que como uma gesto criativo dos analfabetos políticos de
movimentos como o Brasil Livre de Kim Kataguiri.
A Globo vem dando um destaque de superstar ao Lulão, como parte de sua operação de guerra.
E Lula tem respondido como jamais fez. No desmentido da capa da
edição do final de semana da Época, ele citou um aporte milionário de
361 milhões de reais do BNDES na Globo, em 2001, no governo FHC.
Ali se revelou outra face dos sistemáticos assaltos da Globo ao
dinheiro público: o caminho do BNDES. Não são apenas os 500 milhões de
reais em média, ao ano, de propaganda federal. São também outros canais,
como o BNDES.
Não é exagero dizer que a Globo, como a conhecemos (não como o
jornaleco de província a que se resumiu por décadas) é fruto do dinheiro
público.
Como Lula, caso volte à presidência em 2018, tratará a Globo?
É essa pergunta que atormenta os Marinhos, já suficientemente
atordoados com o florescimento da internet em oposição à decadência da
tevê.
E é isso que explica a heroica valentia patronal dos jornalistas da Globo.
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