sábado, 20 de setembro de 2008

O PROER DE BUSH


Bush pede aprovação para pacote de até US$ 700 bi para conter crise

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, defendeu neste sábado o valor da intervenção que seu governo vai realizar para combater a crise financeira, que pode chegar a até US$ 700 bilhões, segundo a rede americana de TV CNN. O presidente disse que "é um pacote grande porque se trata de um problema grande".

Bush afirmou, em um pronunciamento no qual esteve presente o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, que não quis ser "tímido" na ação contra a crise e se mostrou confiante em que o Congresso, que negocia o pacote de medidas com o governo, o aprovará "em breve". "O risco de não fazer nada supera em muito o risco do pacote", afirmou.

O presidente americano também insistiu na necessidade de se deixar de lado as motivações partidárias para que este plano seja aplicado. O plano e as diversas medidas tomadas pelo governo frente à crise financeira "exigem que injetemos uma soma importante procedente do dinheiro dos contribuintes", afirmou.

"Porém, estou convencido de que esse plano audacioso custará bem menos às famílias americanas que a alternativa", disse, mencionando ameaças de supressões "em massa" de empregos, de agravamento da situação do mercado imobiliário e do fim dos empréstimos ao consumidor.

Para devolver a estabilidade aos mercados, o governo quer comprar dos bancos e das instituições financeiras ativos "sem liquidez" que ninguém quer mais e que provocaram uma das piores crises em Wall Street.

Tal plano exige uma lei, e o secretário ao Tesouro, Henry Paulson, deve trabalhar nisso com os parlamentares neste fim de semana. "Não é a hora dos confrontos partidários", destacou Bush. "Vou trabalhar com democratas e republicanos para retirar nossa economia desta situação difícil e trazê-la de volta ao caminho de um crescimento de longo prazo."

"Nesse período complicado, sei que muitos americanos que me ouvem estão preocupados com a segurança de seu dinheiro", prosseguiu.
"Ajuda justificada"

Ontem, Bush disse que a intervenção pública nos mercados "não só é justificada, é essencial", para evitar um dano maior na economia. "Devemos agir agora para proteger a saúde econômica de nossa nação", afirmou.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, por sua vez, disse que o governo americano gastará "centenas de bilhões de dólares" para responder à crise financeira. Paulson disse que o governo aumentará a intervenção no mercado imobiliário, que considera a raiz dos problemas financeiros dos Estados Unidos, além de outras medidas. O Departamento do Tesouro, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) e o Congresso dos EUA decidiram lançar o pacote na quinta-feira (18).

"A proteção máxima ao contribuinte será a estabilidade que esse programa de ajuda oferecerá ao nosso sistema financeiro, mesmo com o envolvimento de um investimento significativo de dólares dos americanos", disse o secretário. "Estou convencido de que essa abordagem ousada vai custar às famílias americanas muito menos que a alternativa --uma série contínua de quebras de instituições financeiras e mercados de crédito congelados incapazes de financiar a expansão econômica."

O presidente do Comitê de Bancos do Senado, Christopher Dodd, disse que o Congresso responderá na próxima semana sobre a proposta de medidas levantada pela Casa Branca para enfrentar a crise financeira. Mais cedo, foi divulgado na mídia americana que entre as medidas podia figurar a criação de uma agência federal que adquirisse os ativos "podres" dos bancos. Fontes que participam das conversas, iniciadas na quinta-feira, disseram que está sob análise o estabelecimento de um fundo de US$ 800 bilhões.

A SEC (Securities and Exchange Commission, o órgão regulador dos mercados nos Estados Unidos) também tomou iniciativa contra a crise e proibiu temporariamente as vendas a descoberto sobre os valores financeiros, seguindo uma decisão similar da FSA (Autoridade de Serviços Financeiros, na sigla em inglês) britânica.

A venda a descoberto consiste em tomar emprestado um título mediante o pagamento de uma comissão, e vendê-lo esperando que sua cotação caia. Se isso acontece, o especulador pode recomprar o papel mais barato para devolvê-lo a seu proprietário, embolsando a diferença entre o preço de compra e de venda. A técnica precipita com freqüência a queda das cotações.

Outra medida do Tesouro foi anunciar hoje garantias temporárias para o mercado dos fundos monetários, com uma injeção de US$ 50 bilhões. Fundos monetários são instrumentos financeiros geralmente considerados seguros e que, segundo o Tesouro, desempenham um papel fundamental no financiamento dos mercados de capitais das instituições financeiras.
Crise

Na segunda-feira (15), a crise vista nesta semana teve início com a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers; a instituição pediu concordata, devido à falta de crédito junto a outras instituições bancárias e à recusa do governo em destinar recursos para reforçar seu caixa. Além disso, o Merrill Lynch foi vendido ao Bank of America e a seguradora AIG recebeu ajuda de US$ 85 bilhões do Fed. Tal seqüência de eventos deixou os investidores assustados durante toda a semana.

O banco de poupança e investimentos ("savings & loans") Washington Mutual também foi alvo de atenção dos investidores: o banco estaria sendo objeto de consultas da parte do governo a outras instituições financeiras sobre uma eventual aquisição. O Morgan Stanley também pode ser o próximo a ser absorvido --Wachovia (quarto maior banco dos EUA), Citigroup e HSBC já teria mostrado algum interesse na fusão.

Seis dos principais bancos centrais do mundo anunciaram nesta semana uma ação coordenada para enfrentar a crise; o Banco do Japão, o Fed, o BCE (Banco Central Europeu), o Banco da Inglaterra (BC do Reino Unido), o SNB (Suíça) e o Banco do Canadá injetaram na economia mais de US$ 200 bilhões.

No início deste mês já havia sido anunciado um pacote de US$ 200 bilhões do Tesouro em ajuda à Fannie Mae e à Freddie Mac, que corriam o risco de quebrar.
Com informações da agência de notícias Efe.
Comentário.
Socialismo só é bom quando socorre banqueiro falido.

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