sábado, 20 de setembro de 2008

ÉTICA SELETIVA


Destaques contra a impunidade

Jornalistas apontam os parlamentares que mais se destacam no combate à corrupção e na promoção da Justiça no Congresso
Fábio Góis

Três deputados e dois senadores são, na opinião de jornalistas que cobrem as atividades da Câmara e do Senado, os parlamentares que mais se destacam no combate à corrupção no Congresso. São eles, em ordem alfabética: Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ, deputado), Demóstenes Torres (DEM-GO, senador), Flávio Dino (PCdoB-MA, deputado), Gustavo Fruet (PSDB-PR, deputado) e Pedro Simon (PMDB-RS, senador).

Os cinco são os grandes finalistas da nova categoria da edição deste ano do Prêmio Congresso em Foco 2008, Promoção de Justiça e Combate à Corrupção, que teve 32 congressistas (veja quem foram os votados) mencionados por repórteres, editores, colunistas, produtores de TV e congêneres, de 53 dos principais veículos de comunicação do país, em três dias de votação.

De terça (16) a quinta-feira (18), a urna itinerante do site percorreu as dependências do Congresso e de redações da capital em busca da opinião dos profissionais da notícia. Além de apontar os parlamentares que mais se destacam na defesa do combate à corrupção, a consulta também resultou na indicação dos congressistas que, na avaliação dos jornalistas, têm exercido da melhor maneira o seu mandato neste ano.

A partir da próxima segunda-feira (22) será iniciada a segunda etapa de votações, na qual o leitor poderá escolher os parlamentares de sua preferência, a partir da pré-seleção de 26 deputados e 16 senadores feita por 204 profissionais de imprensa credenciados nas duas casas legislativas. Na votação eletrônica, que se estenderá até 20 de novembro, o internauta também poderá eleger, entre os cinco finalistas, o congressista que atua de forma mais eficaz no combate à corrupção. Os vencedores em cada categoria serão premiados em 1º de dezembro, em Brasília. Conforme noticiou ontem (19) este site (leia mais), o deputado Gustavo Fruet e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) também serão homenageados por terem sido os mais votados pelos jornalistas.

Todo o processo de votação e apuração dessa primeira fase foi acompanhado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF), que apóia a iniciativa, assim como a Ordem dos Advogados do Brasil. O Prêmio Congresso em Foco 2008 tem o patrocínio da Petrobras e da Brasil Telecom. Desafio Os parlamentares que receberam dos profissionais de imprensa a chancela de combate à corrupção falaram ao Congresso em Foco sobre a indicação de seus nomes na nova categoria. Os cinco mais votados foram procurados para comentar o resultado da consulta. Apenas o senador Pedro Simon, por motivos pessoais, não pôde atender à reportagem. Demóstenes Torres atribuiu a indicação de seu nome entre os finalistas ao seu esforço para tentar endurecer a punição dos criminosos.

“Fico muito feliz, isso me envaidece muito. Meu foco é melhorar mesmo a legislação sobre o assunto, alcançar um patamar de civilidade decente, o cumprimento da lei”, disse o senador, ex-procurador-geral de Justiça de Goiás. “Os jornalistas são pessoas extremamente politizadas, ficam atentas à nossa atuação. Fico magnificamente honrado, no sentido de dar continuidade a esse trabalho.” Demóstenes acha que falta “esforço” dos parlamentares para que proposições contra a corrupção sejam aprovadas no Congresso. “Nós temos projetos interessantes”, declarou. Mas, para ele, o trabalho poderia ser mais frutífero se fosse feita uma compilação dessas matérias e houvesse um direcionamento para que essas proposições avançassem com celeridade. “O que falta é um esforço para que essas matérias sejam votadas”, observou.
Questão de foco

Um dos idealizadores da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, o deputado Antonio Carlos Biscaia disse que a indicação para o prêmio serve de estímulo para continuar sua linha de atuação parlamentar contra a corrupção. Ex-secretário nacional de Justiça, Biscaia também acredita que falta ao Congresso direcionar o foco para a aprovação de matérias anticorrupção. “Algumas medidas são tomadas muitas vezes com caráter para certo fato, e acabam não avançando. As propostas não têm atingido os reais objetivos, algumas são usadas como forma de promoção pessoal, acabam ficando fora da realidade”, disse Biscaia, lembrando a “indignação” da sociedade em relação aos corruptos. Para o petista, as iniciativas contra a corrupção deveriam incidir na origem do problema. “Acho que a medida mais importante, a que precede a todas, é a que combate a corrupção do processo eleitoral. Todas recorrem dessa”, destacou.

Na avaliação do deputado Gustavo Fruet, ser lembrado por jornalistas quando o assunto é a luta contra a corrupção representa, ao mesmo tempo, uma honra e um desafio. “A grande importância disso [o resultado da votação] é que não tem vinculação partidária ou regional, os jornalistas têm uma visão crítica do que eles cobrem.”

Fruet acredita que a população brasileira está cada vez mais “antenada” em relação à política nacional, e que o Prêmio está em consonância com essa tendência. “O que percebo é que cada vez mais as pessoas não se iludem, está vindo um público cada vez mais crítico e bem informado.”
Momento propício

O deputado Flávio Dino vê no atual cenário econômico do país uma boa oportunidade para que o Congresso inclua o combate à corrupção entre suas prioridades. “Com a retomada da economia, é importante focar outras questões da política nacional, que também influem na qualidade de vida do povo”, disse o parlamentar maranhense.

Ex-juiz federal, Dino ressaltou a importância do Prêmio. “É relevante a criação dessa categoria especial. Quanto mais corrupção, menos serviços prestados”, resumiu. “Avançamos muito na questão do combate à corrupção. A menção ao meu nome, que compõe a base do governo, é prova disso”, declarou, fazendo referência a iniciativas do Executivo na área. Mais deputadosNo quesito combate à corrupção, o número de deputados mencionados foi superior ao dos senadores lembrados pelos jornalistas. Entre os cinco finalistas, três deputados e dois senadores. Já no outro grupo de parlamentares mencionados (26 ao todo), com menos votos, 14 são deputados e 12 são senadores.

Para o senador Demóstenes Torres, isso não quer dizer que os deputados combatam mais a corrupção do que os senadores. “Não acho que as duas Casas tenham pêndulos diferentes, até porque o número de deputados é muito maior do que o de senadores”, ponderou, dizendo que, como muitos projetos anticorrupção chegam às suas mãos na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, da qual é membro, outros senadores podem ter sido “esquecidos”.
O Prêmio

Todos os pré-selecionados receberão o Prêmio Congresso em Foco 2008, em cerimônia a ser realizada no dia 1º de dezembro em Brasília. Os três primeiros colocados na Câmara e no Senado receberão um troféu. Os classificados entre a quarta e a décima posição em cada casa legislativa (Câmara ou Senado) receberão placas de homenagem. Pela primeira vez, a mesma honraria será entregue ao vencedor da consulta feita entre os jornalistas e ao parlamentar que mais se destacar na promoção da Justiça e no combate à corrupção, na avaliação do internauta. Os demais receberão diplomas.

Em sua terceira edição, o Prêmio Congresso em Foco pretende reconhecer o trabalho dos deputados federais e senadores que se destacam no cumprimento de suas obrigações ao longo do ano de 2008, valorizar os bons exemplos, estimular a população a analisar o desempenho individual dos representantes eleitos e contribuir para formar eleitores mais conscientes. A cada internauta será permitido votar somente uma vez, escolhendo até cinco senadores e no máximo dez deputados. Já para a eleição do parlamentar que mais se destacou no combate à corrupção, será autorizado apenas um voto. Os votos terão de ser confirmados por meio de link encaminhado automaticamente ao endereço eletrônico informado pelo leitor.
Congresso em Foco, 19/09/2008.

Comentário.

Uma pena que Pedro Simon só combate a corrupção no Congresso, enquanto isso Yeda Crusius está enrolada até a medula em corrupção no Rio Grande do Sul e ele não dá um pio, ao contrário, critica quem a condena.

Uma pena que Gustavo Fruet, que foi acusado de fazer, quando vereador no PR, caixinha com dinheiro de assessores seus, aui http://www.parana-online.com.br/editoria/politica/news/221925/, não combata a corrupção no ninho tucano, como, por exemplo, a propina da ALSTOM a tucanos de São Paulo.Até hoje Fruet não deu um pio sobre o caso. Sem contar com o silêncio em relação à roubalheira ocorrida no governo FHC, e às 69 CPis barradas por Alckmin quando governador de Sampa.

Uma pena que DEMóstenes Torres, um dos líderes da bancada do Orelhudo no Senado, aliado fiel de Gilmar Mendes Dantas, não cobre honestidade do DEM que, segundo levantamento da Transparência Brasil, é o partido mais corrupto do Brasil.
É a tal da ética seletiva.

Um comentário:

O TERROR DO NORDESTE disse...

Leia-se, antes do link de Fruet. AQUI.