sexta-feira, 19 de setembro de 2008

VEJA QUEM É O JORNALISTA QUE ACUSA LACERDA E A ABIN

De Att para DD

19/09/2008

Em texto publicado recentemente na revista IstoÉ, o colunista Leonardo Attuch se refere ao diretor afastado da Agência Brasileira de Informações, Paulo Lacerda, como 'Paulo J. Hoover Lacerda'. Descreve Lacerda assim: 'Até ontem, ele era herói da Polícia Federal 'republicana'. Hoje, é suspeito de usar o Estado para intimidar'.
As suspeitas se baseiam, até agora, em meras suposições. A primeira é de que realmente houve um grampo para captar uma conversa entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). A suspeita ganhou espaço em reportagens da revista Veja e da própria IstoÉ, repercutidas em seguida por vários órgãos de imprensa. A segunda suposição é de que, confirmado o grampo, teria sido resultado da ação da ABIN. Uma teoria que perdeu força com o laudo divulgado pela Polícia Federal segundo o qual as maletas da ABIN não fazem interceptações telefônicas. A terceira suposição, que depende da confirmação das duas anteriores, é de que Lacerda teria dado a ordem que originou o grampo. Frise-se, aliás, que até agora ninguém teve acesso ao áudio da conversa entre Mendes e Demóstenes. Se existe, ninguém ouviu.
Em sua coluna na IstoÉ, Leonardo Attuch compara Paulo Lacerda a J. Edgar Hoover, o controverso fundador do FBI, a Polícia Federal dos Estados Unidos, acusado de cometer toda sorte de abuso de autoridade nos mais de 35 anos em que esteve à frente do órgão.
A comparação feita pelo colunista carece de provas factuais. Baseia-se tão somente em mais uma suposição. Diz: 'Ao chegar à agência, [Paulo Lacerda] pediu autorização para grampear telefones, mas sua pretensão foi rechaçada. Insatisfeito, ele coordenou à distância a Operação Satiagraha, que se aproximou perigosamente do Palácio do Planalto. Diante disso, restou ao presidente uma única alternativa - a de afastá-lo. Caso contrário, em vez de chefe, Lula seria refém da Abin.'
Essa crença não combina com a opinião que o próprio presidente Lula tem de Lacerda:
TV Brasil: O senhor desmente então a informação de que teria tomado a decisão de afastá-lo definitivamente? Lula: É lógico que desminto. Porque eu tenho que tomar [uma decisão, para que ele seja afastado definitivamente] e eu não tomei. Como é que alguém supõe que eu tomei se não tomei? E quero dizer, é importante dizer: Paulo Lacerda é uma pessoa que eu respeito como profissional como poucos neste país. Agora todo mundo pode cometer erros também. (veja o vídeo com a entrevista).
Trava-se, nos bastidores, uma batalha pelo afastamento definitivo de Paulo Lacerda da ABIN. A quem interessa forçar o presidente Lula a tomar essa decisão? Com certeza ao banqueiro Daniel Dantas. Em episódio anterior, o dono do Opportunity vazou para a revista Veja um dossiê falso que atribuía a Paulo Lacerda a titularidade de uma conta bancária com mais de um milhão e cem mil euros. A disseminação do dossiê rendeu ao banqueiro um dos processos a que ele responde na Justiça.
Leonardo Attuch é um velho conhecido de quem acompanha as relações do banqueiro Daniel Dantas com a mídia nativa. A edição 348 de CartaCapital, publicada em 29 de junho de 2005, traz uma troca de e-mails entre o então jornalista de IstoÉ Dinheiro e o dono do Opportunity. Como pode ser lido na reportagem O orelhudo tá nessa, de Sergio Lirio: "Boa parte das mensagens mostra um cidadão que se identifica como Leonardo Attuch, acertando com um certo Daniel Dantas reportagens a serem publicadas na IstoÉ Dinheiro."
Comentário.
É esse tipo de jornalista que deve ser calado. Para sempre.

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