domingo, 14 de junho de 2009

Crescimento de Dilma inquieta a oposição



Adriana Vasconcelos
O Globo - 14/06/2009




Aliados cobram definição rápida de candidatura tucana



BRASÍLIA. O crescimento da candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff, registrado nas últimas pesquisas, já tira o sono da oposição. Primeiro, porque o PSDB não conseguiu fechar consenso entre seus dois pré-candidatos, o mineiro Aécio Neves e o paulista José Serra.

Segundo, porque percebeu que a intenção do presidente Lula é transformar a próxima disputa presidencial numa espécie de plebiscito sobre seu governo, estimulando os quase 80% dos brasileiros que aprovam sua gestão a votarem em Dilma.

A despeito da pressão de DEM e PPS para que os tucanos antecipem a escolha do candidato, o PSDB dificilmente conseguirá ter uma definição antes do fim do ano. Aécio comunicou à direção do partido que continuará sua pré-campanha até outubro, quando promete avaliar a viabilidade de seu nome. Se considerar que tem chance, insistirá na realização de prévias.

Mesmo liderando com folga pesquisas, Serra resiste a assumir a candidatura e mais ainda à hipótese de se submeter a uma disputa no partido para garantir a vaga. Ele tem evitado participar dos seminários promovidos pelo PSDB para discutir a plataforma de governo que apresentará ao país em 2010.

— A oposição não pode ficar imobilizada. Precisa estruturar a campanha, ainda mais quando vemos Lula defendendo abertamente a candidatura de Dilma — advertiu o líder do DEM, senador José Agripino (RN).

Diferentemente do que imaginava a oposição, o câncer linfático enfrentado pela ministra, em vez de abalar, teria ajudado a consolidar sua candidatura, até porque colocou seu nome no noticiário nacional e de forma mais humana.

Sem consenso, PSDB cuida dos palanques regionais

Enquanto Serra e Aécio não chegam a um consenso, os tucanos planejam reforçar os palanques estaduais de seu futuro candidato. Serra tem trabalhado com afinco. Ele teria tido participação decisiva, por exemplo, no fechamento de um acordo entre PSDB e DEM na Bahia, o que deverá ser decisivo para o lançamento da candidatura de Paulo Souto, do DEM, ao governo baiano no próximo ano.

A avaliação da oposição é que essas coligações regionais poderão ser decisivas em 2010, até porque Dilma não tem o carisma de Lula e o PT tem mais dificuldade de fechar alianças.

Já Aécio tenta mostrar trânsito com legendas da base aliada do governo Lula. Nas últimas semanas, recebeu declarações públicas de apoio do presidente licenciado do PDT, o ministro Carlos Lupi, e do presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson.

Sua habilidade agrada a parte da cúpula tucana, que admite que Aécio teria potencial para a disputa nacional, por seu perfil de articulador político e seu enorme jogo de cintura.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nem o "crescimento" da Dilma inquieta, nem há oposição no país.
Pela superexposição que ela teve até agora - a tiracolo daquele que, quando não está no palanque fazendo campanha antecipada, está fazendo turismo internacional às nossas custas -, pode-se afirmar que o seu "crescimento" tem sido pífio.
Por outro lado, não há mesmo oposição no país, pois, se eleito, Serra vai simplesmente dar continuidade à política econômica neoliberal que o desgoverno Lula da Silva, sem projeto de governo, clonou do seu antecessor. O mesmo ocorrerá, infelizmente, com o "Bolsa-Votos" e as outras "bolsas" - uma herança perversa, do tipo clientelista-assistencialista, que ainda vai pautar e contaminar muitos governos, depois do pior de todos.