segunda-feira, 22 de junho de 2009

DIPLOMA E CONTROLE DA INFORMAÇÃO

Publicada em:21/06/2009



Com ou sem diploma, a mídia conservadora vai continuar fazendo o que bem entende em matéria de jornalismo chapa branca, não em favor do governo, mas de seus ínteresses. Jornalistas que passaram ou não por uma escola de comunicação vão continuar escrevendo (ou omitindo) o que o patrão mandar, porque eles precisam do emprego.

Esse é o primeiro ponto, talvez o mais importante, da discussão em torno da exigência do diploma: a questão do mercado de trabalho do jornalista, injusto e cruel. Escolas de comunicação são abertas a torto e a direito. Não sei quantas são hoje no Rio, mas imagino que devam ser mais de uma dúzia, quando na década de 60, só havia uma, na verdade o curso de jornalismo na antiga FNFi, como era conhecida a Faculdade Nacional de Filosofia. Hoje abre-se uma escola de comunicação como se fosse um negócio qualquer, nada se exige em matéria de qualificação acadêmica. Milhares de bacharéis são ejetados todos os anos sem que o mercado tenha capacidade de absorver a grande maioria.

Na verdade, apesar da obrigatoriedade do diploma, imposta por um decreto-lei de 1969, ela nunca foi respeitada. Quem não se lembra, por exemplo, do SBT quando criou o apelidado jornal das pernas, quando duas apresentadoras sentavam-se numa bancada aberta em que suas pernas eram mais importantes que a nóticia. Se eram ou não bacharelandas em jornalismo, isso não tinha a menor importância.

O tal jornal não foi uma exceção. A desobediência ao dispositivo legal vinha acontecendo há muito tempo em todas as mídias brasileiras. Só pra ficar no exemplo maior, no sistema Globo de comunicação, em seus vários veículos, estão empregados professores, humoristas, cientistas políticos, cineastas, sociólogos, economistas, etc, todos trabalhando sem diploma e, pior, fazendo a cabeça de incautos consumidores de notícias que acreditam piamente no que eles dizem.

Felizmente, o brasileiro tem hoje outras fontes de informação que não dependem exclusivamente da vontade e dos interesses dos donos de radios, jornais, revistas e TVs. A internet está aí mesmo, roubando a cada dia mais consumidores. Ela tem sido hoje a grande caixa de ressonância da sociedade brasileira. Sites e portais de todas as tendências estão à disposição do internauta, que tem a oportunidade de formar uma consciência crítica a partir de opiniões contraditórias.

A verdade é que democratização da informação, salvo a exceção acima, é algo impensável no Brasil enquanto existirem os grandes oligopólios que dominam o mercado. O sistema de distribuição de canais de radio e TV no Brasil é uma aberração. Em quase todos os estados, as principais emissoras de radio e TV estão nas mãos de políticos. No Congresso Nacional, parlamentares membros da Comissão de Comunicação votam a renovação de suas concessões. Enfim, uma promiscuidade entre mídia e política que não chega ao conhecimento do grande público, sobretudo porque esse é um assunto que não interessa a nenhuma das partes.

Com o controle da informação nas mãos de poucos grupos midiáticos, e o fim da obrigatoriedade do diploma, os patrões estão agora com a faca e o queijo na mão, contratam quem quiserem desde que os candidatos aceitem as regras do jogo: salário aviltado e/ou obediência editorial.
Eliakim Araujo.


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