terça-feira, 23 de junho de 2009

Gabeira usou verba oficial em empresa da namorada. Ética em relação a ele, às favas


Terça-Feira, 23 de Junho de 2009


O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) usou R$ 20 mil da verba indenizatória a que cada parlamentar tem direito para pagar serviços prestados pela empresa Lavorare Produções Artísticas Ltda., que pertence a sua mulher, Neila Tavares. O contrato foi feito em 2004, quando Neila era namorada de Gabeira, para montagem do portal de internet Cidade Sustentável, até hoje em funcionamento. Segundo Gabeira, neste caso, o uso do recurso público "se justifica".

O portal é voltado para prefeitos, vereadores e outros gestores públicos e discute soluções sustentáveis para problemas urbanos. "O site funciona há cinco anos", afirmou o deputado. "Tenho orgulho de ter feito esse trabalho. A Lavorare era a empresa que podia fazer melhor o site e em melhores condições (de pagamento)".

Gabeira informou que encerrou o contrato de seu gabinete com a Lavorare depois que passou a viver com Neila, em 2005. "No momento em que passei a morar com ela e a dividir as despesas domésticas, deixei de contratar a empresa", afirmou.

Com os R$ 20 mil recebidos da cota de verba indenizatória do parlamentar, a Lavorare, de acordo com Gabeira, contratou designers de sites de internet e fez pesquisas qualitativas, entre outras tarefas.

Até março deste ano, as prestações de contas dos deputados dos gastos com verba indenizatória eram mantidas sob sigilo. A contratação da Lavorare foi divulgada no fim de semana pela revista Veja.

CAMPANHAS

A produtora deixou de ser contratada com a verba indenizatória, mas continuou a prestar serviços para as campanhas de Gabeira. Em 2006, a Lavorare recebeu R$ 112 mil para "criação e inclusão de páginas na internet". Na campanha de Gabeira para a Prefeitura do Rio, em 2008, a Lavorare recebeu R$ 38 mil em serviços não especificados na prestação de contas entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em abril deste ano, Gabeira reconheceu ter usado parte de sua cota de passagens áreas para emitir bilhetes para a filha Tami viajar aos Estados Unidos. O deputado devolveu à Câmara R$ 6.500 referentes a esses gastos, além de R$ 82 mil em créditos de passagens acumulados em anos anteriores.

Abusos nos gastos com a verba indenizatória e com a cota de passagens aéreas fragilizaram a Câmara no início do ano. Além de baixar normas mais rigorosas para os dois benefícios, a Mesa Diretora determinou a divulgação dos gastos da verba indenizatória e a abertura de uma sindicância para investigar um mercado paralelo de venda de créditos de passagens que estava em funcionamento na Câmara, com conivência de servidores de gabinetes de deputados. Entre outros pontos, a comissão de servidores investiga possível participação de parlamentares nas fraudes das passagens aéreas. AE.

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