Autor(es): David Fischel e Ricardo Ribeiro Pessôa
Jornal do Brasil - 12/06/2009
Para a engenharia brasileira, O Engenheiro Que Virou Suco é o símbolo de uma época que se quer esquecer. A modesta lanchonete, aberta na Avenida Paulista, em São Paulo, por um engenheiro que aposentou o diploma após tentativas infrutíferas de encontrar emprego na profissão, foi um dos retratos da decadência da engenharia brasileira do fim dos anos 70 e início dos anos 80. A falência do Estado e a crise internacional de crédito, que paralisaram as encomendas e as grandes obras no país, levaram a engenharia nacional a nocaute. Ao mesmo tempo, o país mergulhou em um período de marasmo econômico que seria conhecido como a "década perdida".
Às vésperas da instalação de uma CPI com o objetivo de investigar a Petrobras, os fantasmas dessa época têm assombrado a engenharia brasileira. O temor do segmento é o de que essa CPI termine por dar fim a um ciclo virtuoso de investimentos e crescimento, que tem a Petrobras como carro-chefe. Os engenheiros bem sabem que os fatores que paralisam as obras, engavetam os projetos e transformam os diplomas de engenharia em peças inúteis são os mesmos que travam a economia, alavancam o desemprego e lançam o país à inércia.
A preocupação é exagerada? Os riscos ainda proporcionados pela crise econômica internacional e a esperada participação dos aportes da Petrobras como antídoto para seus efeitos mostram que não. Não há quem arrisque previsões sobre a duração das investigações da CPI. Mas existe a certeza de que os trabalhos da comissão poderão paralisar a empresa.
Nos últimos anos, a Petrobras vem ampliando, de forma significativa, os seus investimentos. Após investir, em média, cerca de 0,8% do PIB brasileiro entre 2003 e 2006, a estatal elevou essa participação para 1,3% em 2008. No ano passado, a empresa investiu R$ 53,4 bilhões, 18% a mais que em 2007. Para 2009, a expectativa é a de que a Petrobras tenha uma missão mais importante. A crise econômica, que reduziu significativamente o ritmo da economia brasileira, impactou profundamente os investimentos privados.
Essa situação levou a Petrobras, carro-chefe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a assumir uma responsabilidade maior: em 2009, os seus investimentos deverão somar o equivalente a 1,7% do PIB. O esforço conjunto da Petrobras e da União deverá resultar na indução de um crescimento do PIB da ordem de 0,7 ponto percentual. Ter um instrumento tão poderoso à mão é um dos fatores que diferenciam o Brasil do restante do mundo nesse momento de crise, quando os países estão empreendendo esforços fiscais históricos para manter a atividade de suas economias.
Além disso, a Petrobras lidera programas que resultam em uma profunda qualificação da mão-de-obra brasileira, com projetos em curso que demandam 120 mil trabalhadores especializados. A empresa é reconhecida pela sua excelência em frentes como a exploração em águas ultraprofundas, para onde se desloca a fronteira da exploração de petróleo.
Estas características fazem da Petrobras um dos principais redutos de excelência da engenharia nacional. Não é demais lembrar que outros centros de referência – como a Eletrobrás, com notório reconhecimento na construção de barragens e no planejamento energético – foram afetados por questões políticas ou estratégicas, perdendo-se muito da reserva de conhecimento estratificada ao longo de anos.
Como toda empresa controlada pelo poder público, a Petrobras deve necessariamente estar sujeita à fiscalização. O que preocupa nesta CPI é o provável desconhecimento técnico e uma indesejável dose de contaminação das investigações por interesses políticos. No segmento de engenharia, são bastante conhecidas as rigorosas instâncias de precificação de serviços e equipamentos e a dureza das equipes de negociação da Petrobras, que adotam padrões internacionais mirando, obviamente, a competitividade diante da concorrência. Com ações listadas na BM&F Bovespa e na Bolsa de Nova York, a empresa segue rigorosos instrumentos de controle que garantem transparência e correção aos seus procedimentos. O mercado de capitais, que é o mais frio e neutro dos juízes, reconhece e aprova, precificando adequadamente as ações da companhia.
Diante do exposto, não resta outra recomendação que não seja a de que a CPI da Petrobras seja encarada com muita prudência. Ao mirar na Petrobras, pode-se atingir em cheio o processo de retomada do crescimento econômico que livrará o Brasil da crise internacional. Se isso ocorrer, a esperança do povo brasileiro virará suco.
Para a engenharia brasileira, O Engenheiro Que Virou Suco é o símbolo de uma época que se quer esquecer. A modesta lanchonete, aberta na Avenida Paulista, em São Paulo, por um engenheiro que aposentou o diploma após tentativas infrutíferas de encontrar emprego na profissão, foi um dos retratos da decadência da engenharia brasileira do fim dos anos 70 e início dos anos 80. A falência do Estado e a crise internacional de crédito, que paralisaram as encomendas e as grandes obras no país, levaram a engenharia nacional a nocaute. Ao mesmo tempo, o país mergulhou em um período de marasmo econômico que seria conhecido como a "década perdida".
Às vésperas da instalação de uma CPI com o objetivo de investigar a Petrobras, os fantasmas dessa época têm assombrado a engenharia brasileira. O temor do segmento é o de que essa CPI termine por dar fim a um ciclo virtuoso de investimentos e crescimento, que tem a Petrobras como carro-chefe. Os engenheiros bem sabem que os fatores que paralisam as obras, engavetam os projetos e transformam os diplomas de engenharia em peças inúteis são os mesmos que travam a economia, alavancam o desemprego e lançam o país à inércia.
A preocupação é exagerada? Os riscos ainda proporcionados pela crise econômica internacional e a esperada participação dos aportes da Petrobras como antídoto para seus efeitos mostram que não. Não há quem arrisque previsões sobre a duração das investigações da CPI. Mas existe a certeza de que os trabalhos da comissão poderão paralisar a empresa.
Nos últimos anos, a Petrobras vem ampliando, de forma significativa, os seus investimentos. Após investir, em média, cerca de 0,8% do PIB brasileiro entre 2003 e 2006, a estatal elevou essa participação para 1,3% em 2008. No ano passado, a empresa investiu R$ 53,4 bilhões, 18% a mais que em 2007. Para 2009, a expectativa é a de que a Petrobras tenha uma missão mais importante. A crise econômica, que reduziu significativamente o ritmo da economia brasileira, impactou profundamente os investimentos privados.
Essa situação levou a Petrobras, carro-chefe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a assumir uma responsabilidade maior: em 2009, os seus investimentos deverão somar o equivalente a 1,7% do PIB. O esforço conjunto da Petrobras e da União deverá resultar na indução de um crescimento do PIB da ordem de 0,7 ponto percentual. Ter um instrumento tão poderoso à mão é um dos fatores que diferenciam o Brasil do restante do mundo nesse momento de crise, quando os países estão empreendendo esforços fiscais históricos para manter a atividade de suas economias.
Além disso, a Petrobras lidera programas que resultam em uma profunda qualificação da mão-de-obra brasileira, com projetos em curso que demandam 120 mil trabalhadores especializados. A empresa é reconhecida pela sua excelência em frentes como a exploração em águas ultraprofundas, para onde se desloca a fronteira da exploração de petróleo.
Estas características fazem da Petrobras um dos principais redutos de excelência da engenharia nacional. Não é demais lembrar que outros centros de referência – como a Eletrobrás, com notório reconhecimento na construção de barragens e no planejamento energético – foram afetados por questões políticas ou estratégicas, perdendo-se muito da reserva de conhecimento estratificada ao longo de anos.
Como toda empresa controlada pelo poder público, a Petrobras deve necessariamente estar sujeita à fiscalização. O que preocupa nesta CPI é o provável desconhecimento técnico e uma indesejável dose de contaminação das investigações por interesses políticos. No segmento de engenharia, são bastante conhecidas as rigorosas instâncias de precificação de serviços e equipamentos e a dureza das equipes de negociação da Petrobras, que adotam padrões internacionais mirando, obviamente, a competitividade diante da concorrência. Com ações listadas na BM&F Bovespa e na Bolsa de Nova York, a empresa segue rigorosos instrumentos de controle que garantem transparência e correção aos seus procedimentos. O mercado de capitais, que é o mais frio e neutro dos juízes, reconhece e aprova, precificando adequadamente as ações da companhia.
Diante do exposto, não resta outra recomendação que não seja a de que a CPI da Petrobras seja encarada com muita prudência. Ao mirar na Petrobras, pode-se atingir em cheio o processo de retomada do crescimento econômico que livrará o Brasil da crise internacional. Se isso ocorrer, a esperança do povo brasileiro virará suco.
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