domingo, 7 de junho de 2009

Paulo Vanucchi:"É muito provável que Dilma seja presidente"




O secretário especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vanucchi, não só acredita na viabilidade da candidatura presidencial da ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, como a considera favorita às eleições do próximo ano. Em entrevista ao Diario, Vannuchi afirmou que conta a favor da ministra o desejo de continuidade dos eleitores em relação aos projetos executados pelo governo federal e a popularidade do presidente Lula. Outro ponto favorável a Dilma, segundo ele, seria a experiência da ministra, presa e torturada pela ditadura militar. E que, agora, luta para vencer um câncer. "Isso vai terminar de forjar a imagem da ministra", disse. Vannuchi, que criticou o PSDB e o DEM por insistirem na CPI da Petrobras, aredita que a tese do terceiro mandato para Lula não é viável. Essa proposta, entende, fere as regras da democracia. Mas acredita que Lula tem condições de voltar à presidência em 2014 ou 2018.

O senhor considera viável a candidadura da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República?

Viável e favorita. Acho que, muito provavelmente, ela será presidente. O Brasil tem a consciência, e o estado de Pernambuco, talvez mais do que São Paulo, tem consciência de que o país chegou finalmente a uma chance histórica de resolver um grande problema, denunciado há décadas por Josué de Castro, que é a fome. A fome é o problema central dos direitos humanos no Brasil e está sendo equacionada. Se não acabou agora, está à vista. Há, ainda, o PAC, um conjunto de obras de infra-estrutura de um país que segue sendo emergente, mas que é voz importante do G-20. A popularidade do presidente Lula é outro fator para a candidatura, que só poderia ser impedida se a crise econômica impactasse o Brasil da forma mais negativa possível. Não é o que está acontecendo. O Brasil sente a crise e há problemas, mas há sinais otimistas de superação. E os países que sairem antes da crise, como nas guerras, sairão em vantagens comparativas. O Brasil pode sair dessa crise num outro patamar internacional. A mensagem de prosseguir o trabalho do governo é muito forte, e a ministra Dilma é uma pessoa "mandatada" por sua experiência de vida. E na condição de militante que dedicou-se à causa da liberdade e da justiça desde os 18 anos, enfrentando duras provações, inclusive torturas bestiais que nunca revelou - eu sei um pouco do que a Dilma passou.

A doença da ministra não prejudica os planos da candidatura?

Tenho conversado com ela sobre isso. O otimismo dela é tão grande que ela chegou expressar a frase de que não se sente doente e que vai ao médico por obrigação. Há 90% de chance de cura. Eu tenho amigos que tiveram vários dessas doenças. (Luiz) Gushiken teve quatro. Ricardo Kotscho teve dois. O câncer não é mais aquele mal de tempos atrás. E, por último, o câncer da Dilma foi detectado numa etapa em que praticamente ainda não era câncer. Tanto que o laboratório brasileiro se recusava a diagnosticar como câncer. Então houve um double check nos Estados Unidos. Para os norte-americanos, quando a célula apresenta aquela configuração, há 99,9% de chance de evoluir para câncer e já se diagnostica como câncer. O tratamento de Dilma não poderia ter começado numa etapa mais inicial do que foi, então as chances de cura são muito grandes. Acho, então, que isso vai terminar de forjar a imagem da ministra como personalidade talhada e acrescentar esse apelo da mulher brasileira, da mulher lutadora, capaz de enfrentar e vencer a doença.

Essa força de Dilma sepulta a tese do terceiro mandato para Lula?

A tese está sepultada há bastante tempo. O presidente nunca teve qualquer hesitação sobre isso. Essa tese é um fantasma que dois ou três lulistas defendem, e o fantasma vai sendo multiplicado cada vez que se tem a menor das dificuldades na base do governo.

O terceiro mandato seria bom para o país?

Acho que não. Bom para o país é o fortalecimento da regra democrática. É a ideia de que o povo deve ser chamado a votar a cada quatro anos para renovar os postos. Esse povo conhece as regras de antemão. E o Lula sai, na minha convicção, como o estadista que o Brasil nunca teve. Às vezes aparece na imprensa a palavra condestável. Isso é que o Mandela é na Àfrica do Sul. Mandela é a pessoa que está fora, mas o país sabe que, numa hora de dificuldade, pode procurá-lo. Ele será uma pessoa disposta a somar forças, a estender a mão para adversários antigos, porém sempre firme no compromisso social com os pobres.

Com essa imagem, Lula seria estimulado a disputar a Presidência outra vez?

Lula terá, como estadista que é, grandes chances de voltar a ser presidente pelas vias normais. Para que introduzir um ruído no processo democrático? Não faz sentido criar a impressão de que estão alterando as regras democráticas, como Fernando Henrique Cardoso fez para aprovar o segundo mandato, com toda aquela irregularidade. Na época, foi flagrada em gravação a compra de votos por R$ 200 mil. Foi um fato que ficou impune, mas a imprensa conseguiu revelar cabalmente.

A CPI da Petrobras, no entendimento do senhor, é legítima? Ou o propósito seria apenas chamuscar a imagem do governo?

É um gesto desesperado. Tão desesperado que acredito que os autores da proposta vão pensar em alguma forma de recuo. Em primeiro lugar, a manifestação contra a CPI que aconteceu no Rio de Janeiro vai se repetir no Brasil inteiro. É preciso lembrar que as pessoas que estão pedindo a comissão já agiram contra a empresa. Lembro particulamente de um episódio, em 2002, quando o presidente da Petrobras, Francisco Gros, declarou, segundo jornais do Canadá, que se Lula ganhasse a eleição a Petrobras teria enormes complicações. Na hora em que ele dá essa declaração, as ações da empresa caem. Bancos privados compram. Gros, antes e depois, tem relações funcionais com esse tipo de banco. Davi Zilberstein, na época genro de Fernando Henrique, falava o tempo todo contra o gigantismo da Petrobras, o que caracteriza claramente a ideia de que queriam entregar a Petrobras à iniciativa privada, para depois que sairem do governo e serem diretores e presidentes dessas empresas. O Brasil sabe disso, e vai enfrentar. O DEM e o PSDB, há anos em aliança completa, nisso já não estão. O DEM é mais cauteloso. Reconhece que a CPI tem uma alta dose de irresponsabilidade. Tem o grande risco de fragilizar uma empresa que está se tornando uma glória nacional.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vanucchi tem razão: a sua "companheira de armas" é favorita, mesmo porque já se encontra em franca campanha política presidencial, com o beneplácito da Justiça Eleitoral e a conivência de todos, além de contar, como se sabe, com o poderio de u'a máquina pública aparelhada como "nunca se viu antes na história deste país". Pelo que se vê até agora, o desgoverno Lula da Silva, que é "pai dos pobres" e "mãe dos ricos", terá um terceiro turno, com ou sem o emplacamento do golpe do terceiro mandato. Será a cara do "Cara", sob a plástica da Dilma!