17 DE JUNHO DE 2009
O padrão geral de respostas dos assessores de comunicação do governo Serra ás matérias da mídia adquiriu um grau de agressividade inédito. Toda resposta tem sido de tal nível, a ponto de, dia desses, um jornal ter se recusado a publicar uma carta por considerar seus termos ofensivos.
Por Luis Nassif, em seu blog
Não se trata do estilo de um ou outro assessor, mas de ordem emanada do próprio Serra — que, segundo me contou outro dia um seu secretário, cisma que a grande imprensa é contra ele (imagine se fosse a favor). Segundo Serra, os sucessivos erros de Otavio Frias Filho — ditabranda, ficha falsa de Dilma — marcaram a Folha. Para tentar tirar a pecha de “serrista”, o jornal passou a veicular críticas contra o governador.
Em vez de compreender as limitações editoriais do aliado — que lhe deve muito —, Serra parte para o pau. Só aceita apoios incondicionais. Substituiu alianças baseadas em convicções no padrão “pau-mandado”.
Confira essa carta enviada ao “Painel do Leitor” por Roger Ferreira, da assessoria de imprensa da Secretaria de Educação de São Paulo. Os argumentos procedem; o estilo é de uma agressividade incompatível com a função.
Analfabetismo
Impressionante a má-fé em relação a São Paulo no texto “Analfabetismo zero é inviável, diz secretário” (Cotidiano, 14/6). É incrível que tenha sido estruturada sem considerar que São Paulo é o estado mais populoso, com 23% da população, e que a região metropolitana de São Paulo é muito mais populosa do que todas as outras.
A Folha reproduz, por exemplo, informação do Ministério da Educação de que São Paulo tem um décimo dos analfabetos do Brasil e que a região metropolitana de São Paulo tem o maior número da analfabetos das metrópoles brasileiras.
O próprio MEC já fez o presidente Lula cair numa esparrela ao citar números sem compará-los ao tamanho da população e ao não dizer que o índice de analfabetismo do estado é metade da média brasileira -está entre os quatro menores.
É óbvio ululante que, quanto menor o índice, mais lenta é a queda.
Mas a reportagem só registra essas obviedades como “interpretação” do secretário Paulo Renato Souza, como se fosse questão de “achismo”.
Diz ainda que, “nos últimos anos” (sem especificar quantos), o programa federal contribuiu para fazer recuar entre 0,2 e 0,4 ponto percentual o analfabetismo no país, proporção muito abaixo da observada em São Paulo, de 0,67 ponto percentual, ou 15% em quatro anos.
Se a Folha fizesse mesmo uma reportagem isenta sobre a questão nacional, teria dito que o ritmo da queda da taxa de analfabetismo no governo Lula tem sido de 0,35 ponto percentual ao ano. Entre 1992 e 2002 foi de 0,54.”
Roger Ferreira, assessoria de imprensa da Secretaria da Educação (São Paulo, SP)
Resposta da jornalista Marta Salomon - As ponderações estão registradas na reportagem.
O padrão geral de respostas dos assessores de comunicação do governo Serra ás matérias da mídia adquiriu um grau de agressividade inédito. Toda resposta tem sido de tal nível, a ponto de, dia desses, um jornal ter se recusado a publicar uma carta por considerar seus termos ofensivos.
Por Luis Nassif, em seu blog
Não se trata do estilo de um ou outro assessor, mas de ordem emanada do próprio Serra — que, segundo me contou outro dia um seu secretário, cisma que a grande imprensa é contra ele (imagine se fosse a favor). Segundo Serra, os sucessivos erros de Otavio Frias Filho — ditabranda, ficha falsa de Dilma — marcaram a Folha. Para tentar tirar a pecha de “serrista”, o jornal passou a veicular críticas contra o governador.
Em vez de compreender as limitações editoriais do aliado — que lhe deve muito —, Serra parte para o pau. Só aceita apoios incondicionais. Substituiu alianças baseadas em convicções no padrão “pau-mandado”.
Confira essa carta enviada ao “Painel do Leitor” por Roger Ferreira, da assessoria de imprensa da Secretaria de Educação de São Paulo. Os argumentos procedem; o estilo é de uma agressividade incompatível com a função.
Analfabetismo
Impressionante a má-fé em relação a São Paulo no texto “Analfabetismo zero é inviável, diz secretário” (Cotidiano, 14/6). É incrível que tenha sido estruturada sem considerar que São Paulo é o estado mais populoso, com 23% da população, e que a região metropolitana de São Paulo é muito mais populosa do que todas as outras.
A Folha reproduz, por exemplo, informação do Ministério da Educação de que São Paulo tem um décimo dos analfabetos do Brasil e que a região metropolitana de São Paulo tem o maior número da analfabetos das metrópoles brasileiras.
O próprio MEC já fez o presidente Lula cair numa esparrela ao citar números sem compará-los ao tamanho da população e ao não dizer que o índice de analfabetismo do estado é metade da média brasileira -está entre os quatro menores.
É óbvio ululante que, quanto menor o índice, mais lenta é a queda.
Mas a reportagem só registra essas obviedades como “interpretação” do secretário Paulo Renato Souza, como se fosse questão de “achismo”.
Diz ainda que, “nos últimos anos” (sem especificar quantos), o programa federal contribuiu para fazer recuar entre 0,2 e 0,4 ponto percentual o analfabetismo no país, proporção muito abaixo da observada em São Paulo, de 0,67 ponto percentual, ou 15% em quatro anos.
Se a Folha fizesse mesmo uma reportagem isenta sobre a questão nacional, teria dito que o ritmo da queda da taxa de analfabetismo no governo Lula tem sido de 0,35 ponto percentual ao ano. Entre 1992 e 2002 foi de 0,54.”
Roger Ferreira, assessoria de imprensa da Secretaria da Educação (São Paulo, SP)
Resposta da jornalista Marta Salomon - As ponderações estão registradas na reportagem.
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