sexta-feira, 12 de junho de 2009

USP:Violência com a cara de José Serra

A velha tática do confronto
12/06/2009

Redação CartaCapital

Menos de 24 horas após o confronto ocorrido entre a PM, estudantes e grevistas na USP, no fim da tarde da terça-feira 9, era possível encontrar no YouTube diversos vídeos, a registrar a praça de guerra na qual o campus Butantã, na zona oeste da capital paulista, se transformou. Gritos, ofensas aos policiais, bombas e correria para fugir dos gases lançados contra alunos e funcionários grevistas.

Um dos vídeos registra o episódio que, segundo alegaria o tenente-coronel da PM Cláudio Longo, motivou o envio de reforços para dentro da universidade: aos gritos de “Fora PM! Fora PM!”, dezenas de manifestantes cercam cinco soldados, que ficam inertes até decidirem deixar o local (perto da entrada do campus). Além de ofensas, pedras foram atiradas na direção dos soldados. “Começaram a agredir os policiais, a tropa teve de ir em socorro”, argumentou Longo. Neste e nos outros vídeos, à afronta segue-se o revide. Força pública versus multidão, numa sequência de imagens que faz lembrar outros tempos, quando estudantes enfrentavam a polícia para protestar contra a ditadura.

Desta vez, porém, o estopim foi uma greve na USP – mais uma. Tão mal gerenciada pela reitora Suely Vilela que resultou numa escalada da tensão, até o desfecho à base de gás lacrimogêneo e rasantes de helicóptero. Ainda que muitos abominem a ideia, funcionários públicos têm o direito de fazer greve e piquetes. À reitora caberia a difícil tarefa de dialogar. Até a quinta-feira 11, Vilela não se pronunciou. Coube ao governador José Serra defender a truculência que, num passado distante, combateu. “A polícia não cometeu nenhum exagero e obedeceu a uma ordem judicial”, disse.

No dia seguinte à confusão, uma assembleia com cerca de 400 professores (dentre mais de 5 mil) aprovou por unanimidade o pedido de renúncia da reitora e a retirada da Polícia Militar da USP. O repúdio à ação policial aumentou a adesão à greve, iniciada em 5 de maio. Desde 1º de junho, a PM está, excepcionalmente, graças a um pedido de reintegração de posse na Justiça, no campus para “garantir o livre ingresso e saída da universidade” a quem não aderir à paralisação.

Ficou marcada para a terça-feira 16 uma passeata de estudantes e grevistas, em direção à avenida Paulista. Fora do campus, a PM não precisa de liminar para agir.


O confronto na USP deixou dez feridos e três presos, um aluno e dois funcionários – um deles, o sindicalista Claudionor Brandão, demitido em dezembro – que ficaram detidos por menos de três horas. Na quarta-feira 10, professores e funcionários da Unicamp decidiram entrar em greve em solidariedade aos acontecimentos da USP. O campus da Unesp em Assis (427 quiômetros de SP) vai parar até a terça-feira 16, quando deverá ocorrer um ato de repúdio ao confronto na capital. Por sua vez, os grevistas da USP optaram por manter a paralisação até a retirada da PM do campus, a renúncia da reitora e a reabertura das negociações salariais. Eles reivindicam 16% de aumento, mais 200 reais fixos, e o fim dos processos administrativos contra os que participaram de movimentos anteriores.



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