Convidado a analisar o filme sobre a vida de Lula, em matéria especial para o jornal Folha de São Paulo, César Benjamin exorbitou.
O texto já foi levado, ou à execração pública, ou ao regozijo da direita. Vide os blogs de ambos os lados. Dialogo aqui com o subtexto ali impresso. Subtexto, porque talvez inconsciente.
Nele há um personagem (o autor) procurando disputar – milimetricamente - com outro (Lula). Mas, disputando o quê? O Grande Outro (um lugar onde não cabem os dois). Note-se o estilo da narração: parece argumento e roteiro para um filme. O do próprio autor. Nele teremos três planos.
Primeiro: 1971. Ditadura militar, prisões, tortura. O menino encarcerado, anos a fio, enfrentando longos períodos em solitárias, que estuda (inclusive aprendendo línguas), respeitado pelos presos comuns, a quem ensina, no martírio. CORTA!
Segundo: 1994. Eleições presidenciais. Lula fala de seus trinta dias de prisão em 1980. César participa da conversa e tem de traduzir para o americano um palavrão cabeludo dito por Lula, em meio a uma história (ou estória) de tentativa de subjugar outro preso; o sindicalista não conseguia controlar seus impulsos libidinais. CORTA!
Terceiro: o amálgama. É o ultimate fhihting entre ele (o autor), o outro (Lula), em busca da posse do Grande Outro (repito: um lugar desejado).
César é o menino precocemente preso, apenado sem julgamento, invisível à cobertura da imprensa e das classes sociais pelas quais foi parar na cadeia. Lula, que tirou uma cana leve (trinta dias apenas), era observado nacional e internacionalmente (ou seja, era reconhecido e estava seguro). César foi respeitado e não sofreu nenhuma tentativa de curra, dos que ele chama de autênticos filhos do Brasil. Lula tentou subjugar o tal menino do MEP. Atenção para o duplo: o menininho (apelido carinhoso dado a César) e o menino do MEP (suposta vítima de assédio). Mas César também tinha desejos sexuais; no primeiro plano ele toca nos dedos de uma mulher na fresta da divisória do camburão que o transportava para outro presídio e exulta. Só que ele lida com o tesão de forma elegante, cavalheiresca, superior à de Lula.
César, não tinha segundo grau, estudou na prisão, aprendeu línguas. Lula: estudou pouco e fala, mal-mal, o português. É monolíngue. Placar moral: César 10 X 0 Lula. CORTA!.
Lula adquiriu, assim, um estatuto inferior aos dos presos comuns com os quais César conviveu. Lição final do filme a ser realizado: Saia já daí, Lula! Desse lugar que não lhe pertence e dê a César o que é de César. Pelo menos o que ele pensa que é seu.
Ao final, ele diz que não pretende acusar, rotular e julgar. Apenas refletir sobre a complexidade da condição humana. A esposa de Lula, filhos e netos agradecem. Sem dúvida, a disputa pelo Grande Outro levou Benjamin ao fundo do poço.
Argumento e roteiro prontos, agora só falta a Rede Globo produzir a minissérie do César Benjamin: o menininho da ALN. Dá para ver a pré-estréia, com a presença da Hebe, da Ana Maria Braga, do Caetano e similares. Com destaque na Veja e na FSP. Ele merece o pagamento. Que final apoteótico.
DETALHES INTRIGANTES
1. Ele escreveu uma “análise” especialmente para o jornal. O pretexto era um filme que ele não viu e nem verá. Ele analisou o Lula e não o filme.
2. Desconfio que o americano só entrou na estória para César exibir o atributo de intérprete, em desfavor do Lula-monoglota.
3. Ele diz que depois do episódio em 1994, afastou-se de Lula. Coerentemente, penso que deveria ter se afastado de todos os seres humanos que têm desejos sexuais e que os manifestam – eventualmente – de forma vulgar: operários, camponeses, pequeno-burgueses ou burgueses. Principalmente, proletários e camponeses, sujeitos históricos da revolução comunista que ele, eu e muitos outros pretendemos. Um noviço na clausura é que lhe resta de lugar.
4. Nas referências sobre o autor, nunca tinha visto o jornal FSP apresentar um resumo tão generoso da trajetória de outros articulistas, como fez para ele. Só faltou o título de doutor Honoris Causa da Universidade Bicentenária de Aragua (Venezuela), cedido por Hugo Chaves. Aí a FSP se revela: isso não! Nada de positivo de Chaves no jornal. Apenas César, para o deleite da direita.
Luis Carlos da Silva (um dos 190 milhões de filhos do Brasil).








Era para ser uma festa para 500 pessoas, mas menos da metade dos convidados apareceu. Ao custo estimado de R$ 2 milhões, foi comemorado ontem o aniversário de 5 anos da filha de Durval Barbosa, o delator do suposto esquema de corrupção envolvendo o governador José Roberto Arruda. A menina, que sonha ser bailarina, teve direito a apresentação de uma das maiores companhias de dança do DF, a Norma Lilia. O espetáculo foi o Quebra Nozes.





