Jandira Feghali
O bêbado com chapéu coco/ fazia irreverências mil/pra noite do Brasil, meu Brasil/Que sonha com a volta do irmão do Henfil/Com tanta gente que partiu/ num rabo de foguete... (João Bosco e Aldir Blanc) .
O bêbado com chapéu coco/ fazia irreverências mil/pra noite do Brasil, meu Brasil/Que sonha com a volta do irmão do Henfil/Com tanta gente que partiu/ num rabo de foguete... (João Bosco e Aldir Blanc) .
O Brasil se emocionou com “O bêbado e a equilibrista”, que se tornou o hino da luta pela anistia, que completou 30 anos este ano. A ditadura liquidou as liberdades políticas e baixou uma sombra de terror, prisões, tortura, mortes, desaparecimentos e obrigou uma multidão de brasileiros a deixar o Brasil, “num rabo de foguete”.
A grande luta nos anos 70 foi a da anistia ampla, geral e irrestrita. Cresceu até tornar-se um irresistível movimento de massas. A cultura liderou a luta contra a censura e pela liberdade. Mobilizou artistas, intelectuais, estudantes, jornalistas, religiosos e políticos que levaram o regime à distensão “lenta, gradual e segura” sob Geisel e à anistia sob Figueiredo — vitória parcial, mas que removeu os últimos obstáculos à volta da democracia, com a campanha das “diretas já” nos anos 80.
O povo brasileiro lutou politicamente com resistência e resiliência próprias dos conscientes e senhores de seu destino.
Desde então vivemos momentos de exaltação, frustração e mobilizações como a dos caras-pintadas e a que resultou na eleição de Lula. Ao longo desse processo, a democracia avançou e se consolidou, apesar da má imagem de muitos políticos e da sensação de impunidade gerada por sucessivos escândalos.
A corrupção não é filha de democracia. Pelo contrário, nela fica exposta à luz e ao julgamento do povo que não está apático, como muitos apregoam, mas vigilante e consciente, como vimos há pouco em Brasília.
O povo não está adormecido, ele age e se organiza e a cultura tem um papel central. É preciso documentar o passado, impedir que os jovens que não viveram o arbítrio ignorem a História para não repeti-la, mesmo como farsa. É a cultura que consolida a educação do povo e forma cidadãos.
A luta pela cultura é essencial à democracia.
O papel e a responsabilidade dos intelectuais não podem ser adiados nem minorados. Nossa missão é trabalhar para que a cultura esteja ao alcance de todos; sem exclusões de qualquer natureza.
As lutas pela anistia e contra a censura devem nos guiar na direção de um país onde a expressão “do povo, pelo povo e para o povo” não seja apenas uma expressão vazia, mas pedra angular de uma república justa, forte, livre e próspera, uma verdadeira (e culta) “mãe gentil”.
JANDIRA FEGHALI é secretária de Cultura da Prefeitura do Rio.
A grande luta nos anos 70 foi a da anistia ampla, geral e irrestrita. Cresceu até tornar-se um irresistível movimento de massas. A cultura liderou a luta contra a censura e pela liberdade. Mobilizou artistas, intelectuais, estudantes, jornalistas, religiosos e políticos que levaram o regime à distensão “lenta, gradual e segura” sob Geisel e à anistia sob Figueiredo — vitória parcial, mas que removeu os últimos obstáculos à volta da democracia, com a campanha das “diretas já” nos anos 80.
O povo brasileiro lutou politicamente com resistência e resiliência próprias dos conscientes e senhores de seu destino.
Desde então vivemos momentos de exaltação, frustração e mobilizações como a dos caras-pintadas e a que resultou na eleição de Lula. Ao longo desse processo, a democracia avançou e se consolidou, apesar da má imagem de muitos políticos e da sensação de impunidade gerada por sucessivos escândalos.
A corrupção não é filha de democracia. Pelo contrário, nela fica exposta à luz e ao julgamento do povo que não está apático, como muitos apregoam, mas vigilante e consciente, como vimos há pouco em Brasília.
O povo não está adormecido, ele age e se organiza e a cultura tem um papel central. É preciso documentar o passado, impedir que os jovens que não viveram o arbítrio ignorem a História para não repeti-la, mesmo como farsa. É a cultura que consolida a educação do povo e forma cidadãos.
A luta pela cultura é essencial à democracia.
O papel e a responsabilidade dos intelectuais não podem ser adiados nem minorados. Nossa missão é trabalhar para que a cultura esteja ao alcance de todos; sem exclusões de qualquer natureza.
As lutas pela anistia e contra a censura devem nos guiar na direção de um país onde a expressão “do povo, pelo povo e para o povo” não seja apenas uma expressão vazia, mas pedra angular de uma república justa, forte, livre e próspera, uma verdadeira (e culta) “mãe gentil”.
JANDIRA FEGHALI é secretária de Cultura da Prefeitura do Rio.
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