segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Oposição pede em relatório da CPI da Corrupção indiciamento de Yeda no RS


A presidente da CPI da Corrupção do Rio Grande do Sul, deputada Stela Farias (PT), apresentou nesta segunda-feira (21) um relatório paralelo assinado pelos quatro parlamentares de oposição em que pede o indiciamento do relator Coffy Rodrigues (PSDB) e de mais 31 pessoas, entre elas, a governadora tucana Yeda Crusius e os deputados Eliseu Padilha e Alceu Moreira - ambos do PMDB.

No voto em separado, que não irá à votação, os oposicionistas listam sete episódios que caracterizam "ingerências indevidas" de membros do governo em negócios de interesse público. Segundo o documento, houve ingerência política no Detran (Departamento de Trânsito), em licitações para a construção de duas barragens pelo governo estadual, e em obras de saneamento da prefeitura de Porto Alegre, administrada pelo PMDB.

Além disso, o relatório identifica quebra dos deveres de honestidade e de lealdade dos 32 citados e aponta indícios de enriquecimento ilícito. Os deputados da oposição decidiram indiciar também o secretário de Irrigação do governo, Rogério Porto, e a secretária-geral Ana Pellini. O secretário da Fazenda de Porto Alegre, Cristiano Tasch, também foi citado no relatório paralelo.

A deputada Stela Farias disse que incluiu o nome do relator Coffy Rodrigues porque há indícios de que ele direcionou licitações para a construção das barragens de Taquarembó e Jaguari, em 2008. "Ele não adotou as medidas necessárias para a preservação dos recursos públicos e ainda permitiu que a licitação fosse modificada quando era secretário", disse a parlamentar.

As duas obras juntas representam investimentos de R$ 165 milhões pelo governo estadual - um recorde na área do combate à seca no Estado. O documento produzido pela oposição será remetido ao Ministério Público e à Justiça.

Coffy Rodrigues, que foi secretário de Obras do governo Yeda até o ano passado, desdenhou do seu indiciamento pela oposição na CPI da Corrupção. "Sempre alertei para o palanque político que era a criação dessa CPI. Agora, tenho que rir para não chorar", criticou.

A Comissão, que realiza nesta tarde a sua última sessão, investigou denúncias de corrupção envolvendo integrantes do governo de Yeda Crusius (PSDB). A Comissão, criada no final de agosto, não conseguiu avançar porque os oito parlamentares ligados ao governo não deram quórum para as investigações mais importantes.

Rodrigues protocolou seu relatório na última quarta-feira (16) e sustentou que não há provas ou sequer indícios da participação de autoridades públicas do Estado em possíveis irregularidades. No que se refere a uma dívida de R$ 16 milhões que o Detran gaúcho teria com a empresa de guinchos Atento, o relator foi taxativo. "Ficou bem claro, de forma cristalina, que não houve pressão para pagar a suposta dívida, que nunca existiu", diz em seu relatório.

O tucano também reclama das dificuldades encontradas no funcionamento da CPI, principalmente pelo fato de a presidente não ter submetido à apreciação do colegiado o plano de trabalho apresentado por ele. "A presidente Stela Farias cerceou o nosso direito de parlamentar, inviabilizando os trabalhos da comissão", criticou. Uol.

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