27 de Dezembro de 2009
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), cuja administração é dominada administrativamente pelo PSDB de José Serra, termina 2009 com uma nova queda no índice de aprovação de seu governo. Foi um ano em que enfrentou desgastes com crises na merenda, na limpeza das ruas, enchentes e aumento do IPTU. Datafolha mostra que índice de ótimo/bom caiu de 45%, em maio, para 39%; queda de aprovação foi maior entre mais ricos.
Chega a 27% os que classificam o governo Kassab como ruim/péssimo, um salto de oito pontos percentuais em sete meses. Para 33%, sua gestão é regular.
A pesquisa foi realizada com 1.088 moradores da capital com mais de 16 anos. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
O resultado é um declínio de 22 pontos percentuais em relação à pesquisa de outubro de 2008, quando Kassab obteve seu pico de popularidade, com 61% de aprovação.
O detalhamento da pesquisa por sexo, idade, renda e escolaridade revela ainda que o prefeito paulistano perde apoio em todas as camadas, principalmente entre os mais ricos.
A curva de tendência de perda de apoio começou a dar sinais já no final de novembro de 2008, logo após as eleições, mês em que a aprovação ao prefeito já havia caído cinco pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. Desde então, o índice só vem sofrendo quedas.
O novo cenário para Kassab retrata um ano em que a crise econômica mundial obrigou o prefeito a cortar o Orçamento e a suspender grandes projetos.
Em razão de desgastes políticos, o prefeito também teve de mudar o governo, com a saída do secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, um crítico na diminuição dos gastos com limpeza pública.
O democrata ainda enfrentou críticas em razão dos enormes congestionamentos e também por medidas que adotou para tentar melhorar a fluidez no trânsito, como a restrição aos ônibus fretados.
Em maio, também começaram a surgir os problemas com a sujeira que tomou conta das ruas após os cortes nas verbas para varrição. Depois, o problema se agravou ainda mais, principalmente no centro.
No segundo semestre, uma nova crise, quando a Secretaria da Educação decidiu cortar ao menos uma das cinco refeições diárias na merenda servidas nas creches municipais.
Nos três casos -restrição aos fretados, verba de varrição e merenda das creches-, Kassab decidiu tentar evitar mais desgastes e recuou ao menos em parte das medidas.
Porém, desde setembro a cidade vem sofrendo com as enchentes, outro problema normalmente atribuído ao prefeito. A pior ocorreu há duas semanas, com o fechamento das marginais Tietê e Pinheiros e o alagamento do Jardim Pantanal, na zona leste.
A nota média dada à gestão foi de 5,4 -um novo indicador negativo, já que ele havia alcançado 5,8 em março e 6,4, obtida em novembro do ano passado.
Ainda assim, Kassab se mantém como quinto colocado em um ranking de nove prefeitos de capitais. A lista inclui ainda Rio, Salvador, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis.
Renda
Kassab perdeu pontos entre todas as camadas da população nos estratos por idade, renda, escolaridade e sexo.
O maior estrago para a imagem do prefeito ocorre entre os eleitores com renda acima de dez salários mínimos.
Nessa faixa, ele chegou a obter 76% de ótimo/bom em outubro de 2008 -agora conseguiu 35%.
Já entre a população mais carente, na faixa de renda de até dois salários mínimos, a queda foi muito menor, de seis pontos percentuais, e o índice de aprovação ao prefeito é de 39%.
Outro sinal de desgaste entre os chamados formadores de opinião aparece quando o critério é por escolaridade. Entre os pesquisados com ensino superior, a aprovação é de 37%, uma queda de 12 pontos.
É exatamente a população mais rica de São Paulo, segundo avaliação de vereadores, que será mais afetada com o aumento do IPTU, aprovado pela Câmara Municipal neste mês. Pessoas com ensino fundamental avaliam o prefeito um pouco melhor -41% de ótimo/bom, mas ainda assim são seis pontos abaixo do resultado da pesquisa Datafolha de maio.
Quando o critério é a idade do entrevistado, o maior estrago para Kassab ocorreu entre pessoas de 25 a 35 anos (11 pontos percentuais a menos do que em maio deste ano) e de 45 a 59 anos (dez pontos abaixo).
Porém, o prefeito ainda consegue ótimo/bom entre 44% dos eleitores com mais de 60 anos de idade e 43% na faixa etária dos 35 a 44 anos. Na opinião dos mais jovens, de 16 a 24 anos, Kassab merece 35% de ótimo/bom e 28% de ruim/péssimo.
Fonte: Folha de S. Paulo
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