Uma denúncia do delegado Everardo Tanganelli Jr., ex-diretor do Denarc (Departamento de Narcóticos), ilumina a lama em que os governos do PSDB transformaram a Segurança Púbica em São Paulo. Segundo a acusação, o secretário de Segurança, Antonio Ferreira Pinto, e o delegado-geral, Domingos de Paulo Neto, sabiam que a Polícia Civil fazia pagamentos com caixa dois.
Ferreira Pinto assumiu a secretaria em março de 2009, quando foi nomeado pelo ex-governador e atual candidato tucano à Presidência, José Serra. Ele substituiu Ronaldo Marzagão, que deixou o cargo em meio a vários escândalos de corrupção e tráfico de influência.
Agora, o novo secretário se vê às voltas com a denúncia de que a Polícia Civil pagou R$ 40 mil, em notas, a um empreiteiro que reformara um prédio do Denarc no ano passado, sem exigir recibo ou nota fiscal. O caixa dois foi revelado no domingo pelo jornal Folha de S.Paulo.
"O Domingos me falou que o secretário tinha autorizado o pagamento. O Domingos é medroso e não pagaria sem autorização do secretário", declarou Tanganelli. O pagamento foi feito por um órgão chamado Apafo (Assistência Policial para Assuntos Financeiros e Orçamentários), a diretoria financeira da Delegacia-Geral.
Segundo Tanganelli, foi o atual delegado-geral que lhe indicou quem faria o pagamento. O ex-diretor do Denarc, afastado no início de 2009 devido a suspeitas de que policiais de sua equipe recebiam propina, diz que a conversa dele com o delegado-geral ocorreu por volta de 25 de março do ano passado. O secretário estava no cargo havia uma semana.
Tanganelli foi até o delegado-geral para buscar uma solução para o empreiteiro Wandir Falsetti, que havia reformado o prédio do Denarc sem licitação em fevereiro de 2009. O pagamento em dinheiro não é o único episódio heterodoxo. Orçada em R$ 200 mil, a obra foi paga parcialmente pelos policiais. Tanganelli deu R$ 20 mil, policiais contribuíram com R$ 33 mil e o chefe dos investigadores entregou um carro de R$ 28 mil.
Todos os policiais que deram dinheiro para a reforma estão sob investigação da Corregedoria. O secretário diz suspeitar que, em casos como esse, policiais tentem recuperar o que gastaram por meio de expedientes ilícitos.
O ex-diretor do Denarc diz que a investigação contra os policiais é absurda porque não foi iniciativa deles mudar a delegacia. Segundo ele, foi decisão do ex-delegado-geral Maurício Lemos e do ex-secretário Marzagão, que diz não ter sabido do caso. Tanganelli afirma que teve reuniões no gabinete de Marzagão sobre a reforma. "É uma piada culpar policiais."
Da Redação Vermelho
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