Cristian Klein | De São Paulo |
Valor Econômico |
No dia 9 de fevereiro, a presidente Dilma Rousseff recebia no Planalto a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM), que era ciceroneada em Brasília pelo conterrâneo e líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves. Naquele momento, o deputado era a pedra no sapato de Dilma. Exigia cargos, dava declarações ameaçadoras e testava a autoridade da nova mandatária. Alves era o mesmo líder que em abril de 2009 havia presenteado a então ministra-chefe da Casa Civil de Lula com um bambolê. O brinquedo indicava que Dilma seria muito intransigente e deveria ter mais jogo de cintura. Na saída do encontro com a governadora potiguar no Planalto, o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci - que conduzia as negociações com o PMDB -, sugeriu, em tom de brincadeira, que Dilma amansasse o líder e pedisse a Alves que não fosse tão duro com ele. A presidente, sem pestanejar, mandou o recado, em tom de ironia, despertando risos entre os que acompanhavam a visita: "Vou mandar um bambolê de presente para o líder". Dos cem primeiros dias de governo Dilma Rousseff, que se completam no domingo, esse talvez seja um dos episódios que mais refletem a imagem da presidente no início de sua administração. Tida como um trator quando ministra, Dilma não mudou a essência de seu estilo, mas a dura campanha presidencial e a vitória nas urnas, com a formação de uma base aliada ainda maior que a de Lula, lhe deram uma combinação de traquejo e segurança política que poucos imaginavam que ela seria capaz de demonstrar pelo menos tão cedo - embora a área econômica apareça como seu principal calcanhar de Aquiles. Esse é o balanço feito por políticos e especialistas consultados pelo Valor. "Ela usou e me devolveu [o bambolê]!", reconhece Henrique Alves, numa demonstração de que foi dobrado pelo estilo da presidente. O deputado, que está na Câmara há 40 anos, afirma que Dilma, no curto período, "se mostrou líder". "Ela estabelece critérios, sabe dizer não. Não empurra com a barriga e não finge que não escutou. Tem a marca da verdade e da transparência", diz. O defeito de Dilma, para Alves, é que a presidente ainda precisa melhorar sua relação com a classe política, conversar mais, "estar mais presente" - no que ela estaria sendo ajudada, afirma o deputado, por Antonio Palocci, o qual considera a "Dilma ontem". "Ele está suprindo essa parte. O próprio Palocci era um ministro da Fazenda muito fechado, o que mudou quando ele foi para o Parlamento. Ele é o grande aliado. Ninguém chega direto à presidente. Palocci é o filtro. Mas Dilma já começa a ter capacidade de ouvir, até pelos conselhos que recebe dele", afirma Henrique Alves. O recato, o estilo reservado, por outro lado, são citados pelo líder do PMDB como qualidade de Dilma em relação a Lula. O ex-presidente, compara, gostava de falar, de se expor ao público e "vendia bem o peixe". A retração de Dilma poderia ser negativa, vista como falta de comunicação, mas tem sido entendida como discrição. "Ela está com muita paciência. Na primeira reunião do Conselho Político, fez algo que Lula não fez. Ouviu durante duas horas e meia a exposição de cada líder de partido, alguns até com falas impertinentes. Já Lula cortava, interrompia". Presidente interino do PT, que conhece Dilma desde os anos 70, o deputado estadual paulista Rui Falcão, considera, contudo, que o estilo da presidente Dilma é fruto muito mais da nova correlação de forças políticas do que dos atributos pessoais de Dilma. A conjuntura mudou. A base aliada se ampliou após as eleições e a oposição está cada vez mais enfraquecida. A posição de um aliado, como o PMDB, também não é a mesma. Dilma estaria sendo beneficiada por uma herança bendita, enquanto Lula pegou, no início do primeiro mandato, uma economia desarrumada, com inflação e dólar em alta, e chegou, ao segundo mandato, amarrado a apoios que o sustentaram durante a crise do mensalão. Exemplos de mudanças decorrentes da nova conjuntura seriam a indicação de petistas para pastas importantes como a da Saúde e das Comunicações; o corte da influência do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre uma área técnica como a de Minas e Energia; e a intervenção na política da Vale. Rui Falcão ressalta que durante o governo Lula "não havia correlação de forças para mudanças na Vale ", mesmo com o grande descontentamento com o presidente da empresa, Roger Agnelli. O petista cita duas decisões que fizeram o executivo cair em desgraça no governo: a demissão de 1.300 funcionários, "no coração da categoria que Lula representava", a dos metalúrgicos, num momento em que o Executivo criava medidas antirrecessivas para enfrentar a crise mundial e a compra de 12 navios da China, quando a política do governo era de reerguer a marinha mercante e naval do país. "A empresa não vai a ser reestatizada, mas terá outra orientação", afirma Falcão. O deputado considera que a mudança no governo Dilma é tênue, mas existe. Segue uma linha de continuidade com alterações de rota, do mesmo modo que o segundo mandato de Lula não foi igual ao primeiro. Depois da expansão do Bolsa Família como "vetor" de distribuição de renda e de aquecimento do mercado interno, o passo adiante agora é o da erradicação da pobreza extrema, anunciada por Dilma em seu discurso de posse; de um programa de "água para todos" (saneamento básico) ao estilo do Luz para Todos, e da redução das desigualdades de gênero, com políticas públicas voltadas para as mulheres, após a primazia do combate às desigualdades regionais e sociais na era Lula. O economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no entanto, aponta uma série de contradições que, em sua opinião, marcam o início do governo Dilma. A primeira delas diz respeito ao ajuste fiscal de R$ 50 bilhões, anunciado pela presidente. Num curto artigo, o economista mostrou recentemente como o contingenciamento seria uma peça de marketing, pois o governo jamais conseguiria cortar, de um ano para o outro, volume tão grande de recursos, já que a maior parte das despesas é obrigatória. Mansueto aponta outras contradições como: a busca de um crescimento de 5%, ou mais, que seria incompatível com o contexto em que há expectativa de aumento de inflação; a política de fomento à indústria, baseada nos vultosos empréstimos do BNDES, "que passa a impressão à sociedade de que há dinheiro para tudo, o que não é verdade" - o economista cita a insistência do governo no projeto do trem-bala como um "tremendo erro" -; e a falta de uma visão de longo prazo. O pesquisador do Ipea lembra que as últimas reformas interessantes no Brasil ocorreram no início do governo Lula, entre 2003 e 2005, "como a minirreforma previdenciária, o crédito consignado, a nova lei de falências e a Lei do Bem, de incentivo à da inovação". "Dilma não está sinalizando o que vai fazer neste sentido", critica. Almeida questiona se a presidente repetirá Lula e afirma que já não é mais suficiente fazer mais do mesmo. Primeiro porque a tendência é que as políticas de transferência de renda passem a ter um impacto cada vez menor e segundo porque o custo fiscal da manutenção desse modelo é muito alto, nem tanto pelo Bolsa Família, mas pelo aumento do salário mínimo. "O outro lado da moeda desse modelo é uma carga tributária crescente, que estava em 25% do PIB, quando ele começou, e agora está em 36%. É uma economia que tem vários setores com a corda no pescoço por conta da valorização do dólar e do custo Brasil", defende Mansueto, que critica a decisão de Dilma de fatiar a reforma tributária. O presidente do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), também vê contradições na administração da presidente, como o anúncio de austeridade ao mesmo tempo em que cria mais duas secretarias com status de ministérios (Aviação Civil e Micro e Pequenas Empresas). O maior equívoco dos cem dias, para Guerra, foi a demissão de Agnelli da Vale. E os maiores acertos são as mudanças na política externa, com defesa mais enfática dos direitos humanos, e a atuação "mais discreta, reservada, que não se vulgariza, e não apela para a demagogia". Por outro lado, Guerra argumenta que esse perfil tem atrapalhado a atuação da oposição, que, em sua opinião, não está esfacelada, mas diminuída. "Agora temos que lidar com uma presidente que fala pouco. O Lula adubava nosso discurso", diz. O estilo Dilma debelou até um foco inicial de pressão que poderia se converter em fissuras numa importante base de apoio: o movimento sindical. Dirigentes de centrais temiam perder o espaço de interlocução conquistado com Lula, ex-sindicalista. Especialista no assunto, o professor e pesquisador do Iesp-Uerj, Adalberto Cardoso, considera que Dilma atuou com habilidade. "Isso foi resolvido rapidamente com uma reunião após a qual os dirigentes saíram dizendo como a presidente era muito mais afável do que pensavam. Ela teve habilidade", avalia Cardoso, para quem Dilma teria o mesmo apoio do sindicalismo, caso alguma crise política, do porte do mensalão, venha a lhe afetar. José Augusto Guilhon Albuquerque, professor de ciência política e relações internacionais da USP, discorda sobre o tamanho do capital político da presidente e cita a sinalização de mudança na política externa como exemplo. "Dilma não tem instrumentos que Lula tinha. Não pode chegar e dar um abraço no Ahmadinejad porque não tem a imagem de pessoa excepcional, que provavelmente está certa", diz. |
6 comentários:
Pois eu acho que tem de re-estatizar a Vale SIM!!! Os DEMOS-TUCANALHAS NÃO poderiam ter PRIVATIZADO uma empresa que NÃO lhes pertencia!!! A Vale era dos brasileiros, e os filhos da puta TUNGANOS NÃO podiam tê-la DOADO, sem nos pedir licença!!! Espero que a Presidenta Dilma nos DEVOLVA o que é NOSSO por direito!!!
Vera, concordo contigo.
Vá, vc, seu TUNGANOTÁRIO DEBILOIDE INVEJOSO e PERDEDOR, pois em matéria de CARALHO e LADROAGEM, vcs são EXPERTS!!!
BICHA LOUCA!!!
Múúúúúúúh!
Preciso de uma caralho.
Caralho, meu amor!
Múúúúúúúúh!
Vera, quem gosta de caralho são os demotucanos.kkkkkkkkkkkkkkk
É verdade, Sr. TERROR!!!
Quem USA, CUIDA!!!
Os TUNGANOTÁRIOS USAM tanto a palavra CARALHO, que devem ser FISSURADOS NELE!!!
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
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