Gurgel tenta se recuperar do caso Palocci

Se a denúncia do  mensalão oferecida por  Antônio de Souza, antigo Procurador Geral da República, é  frágil, uma vez que não aponta nenhum indício que Lula comprou 19 deputados, de um universo de 513 da Câmara dos Deputados, para votar matéria de interesse do governo, a peça das alegações finais de Roberto Gurgel, atual Procurador Geral, é mais que frágil:é ridícula.

 

Veja, em síntese, algumas das fragilidades das alegações finais:

 

Roberto Gurgel não disse o modus operandi que Lula comprou a Câmara, pelo menos Souza afirmou que a votação da Reforma da Previdência e a Tributária são exemplos claros de que os deputados citados na denúncia foram comprados.Gurgel não disse porra nenhuma, nem sequer pediu para ratificar, no seu requerimento final, os termos da denúncia.E Gurgel não repetiu o que Souza afirmou porque não há nenhuma lógica para aceitar o que Souza afirmou na sua denúncia.Não é crível, expressão que Gurgel usou e abusou nas alegações finais, que o governo compre 11 deputados do PT e uma pequena parte da base aliada.

Gurgel diz que os empréstimos feito pelo PT ao Banco Rural somam R$ 75 milhões, mas não explica como chegou ao valor. Apenas diz que foram "pseudo" empréstimos que, segundo ele, abasteceram o esquema.

Gurgel, ao se referir aos crimes cometidos por João Paulo Cunha, apenas citou os contratos feitos pelo mencionado deputado, quando presidiu a Câmara dos Deputados, com a DNA e SmP&B de Marco Valério.Não disse nada em relação às votações na Câmara dos Deputados.

Gurgel, assim como Souza, insiste nessa tese maluca, exdrúxula, chula que Duda Mendonça recebeu R$ 10 milhões para votar nos projetos de interesse do governo Lula.

Gurgel também insiste em dizer que Dirceu era o chefe da quadrilha.Só que não aponta nem sequer um indício da participação de Dirceu no esquema.Curioso é que, em relação aos demais denunciados, Gurgel transcreve totalmente os depoimentos obtidos na instrução do processo, já em relação a Dirceu, ele não cita uma linha dos depoimentos de Dirceu, na  CPI da Compra de Votos, nem na instrução do processo.Assim, como Antônio Souza, Gurgel fala apenas de um emprego e um empréstimo obtidos pela ex-mulher de Dirceu e que este teve uns três encontros com Marcos Valério, só que, neste caso, não prova nada, não prova que há agenda oficial que prova os encontros, tudo é apenas na base da ilação.Ah! Gurgel faz questão de transcrever integralmente o depoimento de Roberto Jeferson acusando Dirceu.

 

Gurgel, enrolou, enrolou e não provou o uso de recurso público no esquema.Fez um enorme esforço para provar que o Visanet tem natureza jurídica de ente público, mas não conseguiu provar nada.Em relação à Visanet, Roberto Gurgel disse uma verdade:as antecipações dos pagamentos à agências de Marco Valério  vinham ocorrendo desde 2001.Não foi algo criado pelo Banco do Brasil na era Lula, quem criou o hábito de antecipação foi FHC.

Gurgel entende que professor Luizinho participou do esquema, por isso requereu fosse o mesmo condenado por crime de lavagem de dinheiro, só porque recebeu a dinheirama de R$ 20 mil reais do esquema.

 

Na verdade, Gurgel tenta se recuperar do caso Palocci, processo no qual pediu o arquivamento, mesmo tendo indício de enriquecimento ilícito do mencionado político.E nada melhor que pedir a condenação dos réus do mensalão.

 

Por derradeiro, se o STF não for pressionado pelo PiG, assim como foi na fase anterior ao oferecimento da denúncia, que sonha com a condenação dos envolvidos no escândalo, certamente vai absolver todos os denunciados ou então remeterá os autos à Justiça Eleitoral para apurar possível caixa dois.Aí, então, o PT vai sair com  mácula de ter sido o único partido que usou tais expedientes.